Se lhe dissessem que algo baixou 0.4% no primeiro trimestre, subiu 1.1% no segundo trimestre, subiu 0.2% no terceiro trimestre, e que tivesse estagnado no quarto trimestre, acreditaria que essa variável teria baixado no ano, no total, cerca de 1.5%?
Eu não queria acreditar que a evolução do Produto Interno Bruto seria essa para este ano de 2013. Por isso, fui investigar. Num documento do INE, que explica como se calcula o PIB, fiquei a saber coisas que não sabia. Como a de que a “prostituição e a produção e o comércio de drogas” são abrangidas no cálculo do PIB… Fiquei também a saber que havia várias formas de calcular o PIB!
Uma primeira forma de calcular a evolução do PIB diz respeito à evolução entre trimestres. Designa-se pelo cálculo em cadeia, e mede o rácio entre o PIB do trimestre a que respeita e do trimestre imediatamente anterior.
Mas como num trimestre nem sempre todos os dados estão disponíveis, nomeadamente aquando do cálculo das Estimativas Rápidas, faz mais sentido utilizar a variação homóloga anual. Tal representa a diferença entre o valor do PIB num trimestre, e o valor quatro trimestres antes.
Mas, quando se considera a variação anual do PIB, as contas são ainda mais complexas! A variação do PIB de 2013, por exemplo, considerará o valor do PIB de 2013, em relação ao valor do PIB de 2012. Assim, são consideradas nestas contas um total de oito trimestres!
Como se pode ver na imagem seguinte, a evolução das diferentes formas de calcular o PIB são distintas:
Em particular, a evolução do valor anual (a vermelho) resulta essencialmente do deslizar da variação homóloga anual. Os quadrados a vermelho representam o valor médio da evolução de cada ano que aí termina, e será esse que em 2013 será próximo de -1.5%, segundo o Banco de Portugal, no seu Boletim Económico de Inverno. O mesmo boletim confirma que a taxa de variação homóloga do PIB será positiva no final deste ano.
Eu, pessoalmente, passarei a guiar-me pela taxa de variação homóloga, dado que a variação anual responde muito tarde à evolução da Economia. Tal é evidente nos últimos anos, em que existiram anos de sinais claramente contraditórios, como se pode constatar nos seguintes exemplos:
- 2008: a variação do PIB foi de 0%, mas já no final desse ano era evidente a queda
- 2009: o PIB caiu 2.9%, mas a Economia mostrava sinais de retoma
- 2010: o PIB cresceu 1.9%, mas a Economia já estava a afundar de forma brutal
{ 2 comments to read ... please submit one more! }