Sou um felizardo: os meus níveis de colesterol sempre foram baixos, pelo que nunca me preocupei muito com a temática. Mas admito que a minha percepção é a da manada: que o colesterol é mau! E é mau porquê?
O problema é que recentemente parece que o colesterol já não é tão mau assim! Para mim, esta descoberta começou com a investigação que fiz na altura do artigo da ciência, segundo o Scott Adams. Apontava para uma inversão do posicionamento relativo às gorduras…
Há um mês, foi noticiado que o Governo americano decidiu deixar cair os alertas sobre a ingestão de comidas com colesterol. A documentação oficial está disponível neste link. Tal decisão inverte cerca de 40 anos de alertas governamentais sobre o consumo de alimentos ricos em colesterol. Parece que os ovos afinal não fazem mal, e o que dizer então da manteiga? Os alertas do passado nunca deveriam ter sido introduzidos dizem agora os especialistas!
Naquele que pode ser um dos flops mais monumentais da ciência das últimas décadas, ainda é difícil acreditar. Mas depois de ter lido muito sobre o assunto nas últimas semanas, alguma coisa parece estar realmente engatada. Parece que reina no ar uma vergonha colectiva dos cientistas… Nos próximos tempos irei publicando mais material que vim juntando, mas agora fico-me pela história do colesterol:
- 1856: Rudolf Virchow, o pai da patologia moderna, observa mudanças inflamatórias nas placas ateroscleróticas nos vasos sanguíneos, e sugere que o colesterol em excesso no sangue poderá ser a causa.
- 1912: James Herrick descreve pela primeira vez o infarto do miocárdio (ataque cardíaco).
- 1913: Nikolai Anichkov alimenta coelhos com colesterol purificado a partir de ovo, e verifica que os coelhos registam lesões vasculares inflamatórias.
- 1940s: Aumento das doenças coronárias atinge os Estados Unidos, e o interesse na temática aumenta.
- 1948: Começa o estudo de Framingham sobre as doenças coronárias. Ainda decorre hoje.
- 1949: O termo aterosclerose é adicionado ao International Classification of Diseases. Note-se imediatamente um aumento substancial das mortes associadas às doenças coronárias.
- 1955: Ancel Keys apresenta a sua hipótese de associação entre a dieta dos lípidos e as doenças coronárias numa reunião da OMS. Foi muito criticado, o que o terá estimulado a desenvolver o estudo dos sete países. Neste estudo, uma das descobertas fundamentais é a de que as doenças coronárias eram raras em algumas populações Mediterrâncias, onde as pessoas consumiam uma dieta com poucas gorduras.
- 1961: O estudo de Framingham confirma a relação entre os níveis de colesterol e as doenças coronárias.
- 1961: A American Heart Association recomenda que as pessoas reduzam o seu consumo de colesterol, definindo um limite de 300 miligramas por dia.
- 1973: Michael Brown e Joseph Goldstein descobrem o gene associado a níveis elevados de colesterol (Familial Hypercholesterolaemia). Ganharão por esta descoberta e pela regulação do mecanismo do colesterol o Prémio Nobel da Medicina em 1985.
Este artigo continuará a ser actualizado à medida que for determinando mais datas relevantes para a história associada ao colesterol. São obviamente bemvindos apontadores para complementar este artigo.
{ Comments are closed! }