Na entrevista que Passos Coelho deu a semana passada, houve um excerto que passou despercebido, ou do qual não se deu muita importância. O excerto decorre a partir do minuto 36:20, sendo que a parte relevante é a seguinte:
“A poupança em Portugal cresceu significativamente ao longo deste ano. Cresceu ao longo deste ano.”
(…)
“Pode-me perguntar: bem, mas isso não era previsível o ano passado? Talvez fosse previsível, mas não nesta dimensão.”
(…)
“O que é que se passou portanto aqui? O que se passou é que há muita gente, que como dizia e muito bem, ou por receio em relação ao futuro ou por precaução, ou por qualquer outra razão, podia, tinha rendimento para poder gastar e não gastou. Em Julho nós tínhamos um desvio das receitas fiscais de cerca de 1.2 mil milhões de euros. Mais de metade deste valor decorria do facto de se terem vendido menos automóveis. Quer dizer, entre o imposto automóvel e o IVA derivado da venda dos automóveis, respectivamente 285 milhões de euros e 400 milhões de auros, quase 700 milhões de euros, era porque não se tinham vendido automóveis. Apesar de haver pessoas que os podiam ter comprado. Isto, se quiser tem um efeito positivo. Como os carros que compramos vem da Alemanha, vem da Itália, vem da França, e por aí fora. Nós pagamos menos a esses países, mas em compensação as receitas fiscais baixaram.”
Estas observações do Primeiro Ministro merecem uma reflexão.
Perante um cenário de crise os Portugueses fizeram o que era mais adequado: Pouparam!
Aliás, este comportamento da Sociedade até é benéfico, como já revelámos neste artigo.
Os Portugueses podiam ter comprado carros construídos em Portugal, mas já sabemos que são tão poucos os que produzimos, e Passos Coelho nem os referiu…
Aliás, os Portugueses fizeram o que se esperava: em vez de comprarem automóveis, que são caros e pouco económicos, viraram-se para alternativas mais baratas, como a que já descrevemos no Poupar Melhor, relativamente por exemplo à utilização de motociclos.
A venda de motos aumentou 1% em 2011 no segmento que constitui a verdadeira alternativa aos automóveis, e neste ano de 2012, é o segmento que menos cai.
O Estado e o Governo têm muito a apreender com os Portugueses. Em vez de querer mais dos nossos impostos, ou que nós compremos mais automóveis para depois receber o respectivo imposto, o Estado e o Governo têm que se habituar é a gastar menos…
O Estado e o Governo tem de apreender a Poupar Melhor… como nós, os Portugueses.
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