Nunca aqui falamos da ideia burocrática do Governo de fixar um preço de referência nos combustíveis. Não falamos porque é uma ideia idiota e inútil, que só tem como única consequência a dos contribuintes suportarem mais um custo desnecessário. Até porque já havia alternativas, como esta da DGEG, e esta feita pela comunidade Mais Gasolina.
A ideia foi do Ministro Jorge Moreira da Silva. Na altura, há mais de um ano, ninguém duvidava da inutilidade da medida. A própria Autoridade da Concorrência não concordava com a proposta da medida. Para a APETRO, a medida não teria “qualquer vantagem para o consumidor” e inclusivamente dizia que “pode ter um efeito perverso”.
Mais de seis meses depois, a ideia estava prestes a passar à prática. Não antes sem mais um adiamento. Quando saiu, então foi a barraca total. Os valores de referência não correspondiam ao preço de venda. Deixavam de fora a parte mais interessante, que era aquilo que realmente varia, e que são os custos de distribuição. Enfim, uma medida mais típica do terceiro-mundo.
Na altura tomei nota mental de dar uma olhadela a esta aberração. A oportunidade chegou esta semana, quando vi uma notícia relacionada com os combustíveis low-cost. Ou muito me engano, ou vai ser mais um grande flop!
A primeira conclusão é que para além de tudo o que já referi, o site é impossível de utilizar. Pode ter sido azar meu, mas cheguei a estar largos minutos à espera de cada página. Diz tudo sobre a sua utilidade…
O site depois tem uma decomposição do preço de referência, do qual se retirou o gráfico abaixo, que confirma aquilo que já toda a gente sabe: que o custo dos combustíveis é essencialmente impostos:
Depois, finalmente, temos os tais preços de referência. Quer dizer, temos umas imagens. Se quisermos tratar os dados, eu não os descobri. Portanto, apenas podemos fazer figura de boi a olhar para um palácio. Isto é, umas imagens:
Da análise das duas imagens da esquerda, nada de novo nos traz, como certamente os leitores que têm acompanhado os nossos artigos e gráficos sobre os combustíveis. A imagem mais à direita, relativa ao spread entre os dados da DGEG e o preço de referência semanal, é a única interessante. Mas, mais uma vez, sem dados, não dá para explorar completamente. Por umas contas rápidas, percebe-se que há um ciclo mensal, com valores ligeiramente mais elevados. Dá também para perceber que a margem por litro se manteve, apesar da descida do preço do gasóleo, pelo que na verdade a margem percentual subiu.
Os dados anteriores confirmam que a medida não serviu para nada, especialmente para os consumidores. Os contribuintes, esses pagaram e continuarão a pagar mais este palácio… Enfim, esta inutilidade está ao nível daquela dos paineis das auto-estradas. Nada que nos espante, pois este Ministro do Ambiente não acerta uma…
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