Uma das maiores discussões envolvendo o consumo de combustível em veículos tem a ver com o facto de ser ou não preferível andar em ponto morto, nomeadamente em descidas. Andar em ponto morto tem necessariamente riscos de segurança, pois em caso de necessidade, necessita de engatar para ter o motor disponível. O risco é maior em velocidades elevadas, ou de trânsito intenso, sendo igualmente problemático se o motor do seu carro se desligar.
Nos motores da última década, com injecção electrónica, o habitual é o motor ter uma função de cut-off de combustível, quando o motor se consegue mexer sem combustível. Tal é o caso de descidas, mas também quando está a desacelerar (chama-se habitualmente de função deceleration fuel cut-off). Nestes casos, quando se desce engatado, e as rotações são superiores a 1200/1300 RPM, o consumo é ZERO, conforme se pode observar em automóveis com medidor de consumo.
O problema de descer engatado, como todos sabemos, é que o carro atinge mais rapidamente uma situação em que é preciso continuar a acelerar. Se a descida é suave, pode nem sequer ser possível fazê-lo engatado, sem dar um cheirinho no acelerador. E se a velocidade é lenta, então ainda pior. Mas pouco inteligente é ir a descer a velocidade média/elevada, e ir travando; mais vale ir engatado neste caso.
Mas há mais variáveis a considerar, e uma das mais importantes é o consumo eléctrico do carro. Quanto maior ele for, mais compensa andar engatado nas descidas. Como se pode ver neste artigo, cargas eléctricas elevadas, como as do ar condicionado, consomem muito mais num carro ao ralenti.
Resumindo, compensa andar desengatado em descidas suaves, a baixa velocidade, e onde não perspectiva travar. No pára-arranca do trânsito intenso de uma descida, também compensa. Nos carros mais antigos, com carburador, andar desengatado é provável que seja mais eficiente, em muitas situações, que os carros mais recentes de injecção.
Olá, Sou assíduo ao V blogue e tenho vindo a relectir nas minhas práticas algumas coisas que aqui leio ou que aqui referenciam.
Este artigo levantou-me objeções. Não aconselho ninguém a circular com o caso desengatado. Parece-me insensato pretender equacionar a poupança de cinco euros ao fim de um ano com os elevados riscos de seguranças a que se sujeita esta prática que não oferece nenhuma medida a partir da qual, ou até onde, seja segura.
Antes de mais parabéns ao blog!
Eu não percebo quais são os riscos acrescidos do carro andar desengatado.Alguem me pode esclarece?
Ricardo,
Andar desengatado coloca claramente problemas de segurança, como refiro logo no primeiro parágrafo. E tem toda a razão quando refere que nada compensa um acidente, ou mesmo um simples toque!
Agora, há-de reparar que muitas vezes anda desengatado, mais que não seja numa descida suave, em que desliza por exemplo para um semáforo… Ou é daqueles que anda sempre com um pé na embraiagem? É que isso também coloca problemas…
João,
Há vários riscos, mas essencialmente todos se resumem ao facto de que pode necessitar, a qualquer momento, de tracção. Seja para acelerar, seja para manobrar, andar desengatado obriga-o a engrenar uma mudança, o que pode causar sérios problemas, especialmente a velocidades elevadas.
Adicionalmente, sistemas de controlo de tracção, existentes em determinados carros, deixam obviamente de funcionar. Noutros casos há mesmo relatos de motor que vão abaixo…