Todos nós já provavelmente nos sentimos enganados por promoções que não o são, ou por outras estratégias de Marketing que visam criar a ilusão de que estamos a poupar muito dinheiro! São exemplo disso o “pague 1, leve 2”, “+25% grátis”, ou outras como a imagem ao lado documenta. Neste artigo, demos ainda outro exemplo, bem conhecido dos clientes dos hipermercados Continente, e que consiste em descontos que acumulam em cartão de cliente.
Quando o Continente publicita 50% de desconto em cartão, na verdade o desconto do cliente tenderá a ser de 33,3%. As contas são fáceis, e com um exemplo percebem-se melhor: imagine que compra um produto por 100 euros, pagando os 100 euros, mas ficando neste caso, com 50 euros em cartão; da vez seguinte, volta ao Continente, compra mais 50 euros de compras, mas não paga nada. O que acontece no final é que comprou 150 euros de produtos, mas pagou 100 euros, um desconto efectivo de 1/3.
O exemplo referido de 50% aplica-se a outros exemplos, sejam de 25%, 10% ou outro. De uma forma geral, a poupança neste caso é de:
- Poupança= valor * desconto / (valor + valor * desconto)
- Poupança= valor * desconto /valor * (1 + desconto)
- Poupança= desconto / (1 + desconto)
considerando que desconto=1/n
- Poupança= (1/n) / (1 + (1/n))
- Poupança= (1/n) / ((n + 1) / n)
- Poupança= 1 / (n + 1)
Logo, as conversões das poupanças anunciadas para as poupanças efectivas são:
- 100% (1/1) -> 50% (1/2)
- 50% (1/2) -> 33,3% (1/3)
- 33,3% (1/3) -> 25% (1/4)
- 10% (1/10) -> 9.09% (1/11)
Logo, quanto maior a poupança anunciada, maior a diferença para a poupança efectiva. Não quer isto dizer que não as deve analisar, e porventura aproveitar!
Tenho visto os seus comentários e até ao momento ninguém lhe apresentou uma perspectiva diferente daquilo que afirma.
Digo-lhe o seguinte: se gastei 100€ e tive 50% de desconto fiquei com 50€ em cartão. Então se me “saíram do bolso” 100€ e terei a possibilidade de adquirir 150€ significará também que com o mesmo dinheiro gasto consegui comprar mais 50% do que teria comprado sem desconto.
Porque razão terei de apenas considerar os 33% pelas suas contas?
Se como afirma que o mais importante é o que gasta e não aquilo que fica em cartão então a sua base de cálculo também deverá incidir sobre o que gastou.
Confesso que também não compreendo porque continua a afirmar que no caso do dentífrico a melhor opção ser o Intermarché.
Se eu compro 150 euros de um conjunto de produtos, e tenho que pagar 100 euros por eles, o desconto é de 1/3, ou seja 33.3(3)%.
“Se eu compro 150 euros de um conjunto de produtos, e tenho que pagar 100 euros por eles, o desconto é de 1/3, ou seja 33.3(3)%. ” Obviamente! O que está errado nas suas contas é que mistura promoções com produtos que não estão em promoção, logo isso não faz sentido!
Uma promoção de 50% não é uma ilusão, é real, quer seja em talão ou em cartão. No caso do Continente, eu fico com 50€ em cartão e posso continuar a gastar tudo só em promoções e a acumular dinheiro. Obviamente que a certa altura precisamos comprar produtos que não estão em promoção (quero acreditar que pessoas inteligentes não baseiam a sua alimentação pelos produtos qu estão constantemente no folheto promocional). Se não existisse dinheiro em cartão pagariamos a totalidade das compras. Se eu tiver 50€ em cartao uso-os para pagar a conta. Esses 50€ são provenientes de uma promoção de 50%, e isto é um facto!
Os descontos em cartão obrigam a gastar o que se acumula na loja (seja em que produtos for). Daí a ilusão dos descontos… O desconto só será igual ao anunciado se nós o tivermos em caixa (pingo-doce, LIDL, mini-preço…) em que de fato se desconta a promoção anunciada.
Na minha opinião, os descontos em cartão são como as roscas sem fim: temos sempre que ir às compras porque temos sempre alguma coisa no cartão para descontar.