Mónica Duarte, no seu blog há dias, indignou-se contra a introdução de máquinas de pagamento automáticas nos hipermercados. Segundo ela, nunca as usa, “nem que estejam vazias e uma longa fila nas outras”. E investe também nas críticas às portagens pagas de forma automática nas auto-estradas, e só as utiliza “só se não houver uma com funcionário aberta”. E as leitoras contribuíram com outras formas de geração de emprego, que incluem exemplos como deixar as coisas desarrumadas de propósito no McDonalds para que um empregado vá limpar a porcaria que fizeram! Só faltava mesmo aí a falácia da janela partida.
O argumento principal é “que isto é uma maneira de acabar com empregos essenciais nestes tempos tão difíceis”. Há 300 anos atrás, em plena Revolução Industrial, muitos países fecharam os olhos a esse grande avanço civilizacional. Não precisavam das máquinas! A mesma filosofia seguiu Salazar no Estado Novo… Que Camões ilustrara tão bem com a figura do Velho do Restelo!
Para quem não gosta tanto da História, há exemplos bem mais recentes. O Multibanco é um deles, mas muitos bancários perderam os seus empregos. Quando se vai para o aeroporto, o check-in vai feito de casa, mas as pessoas que faziam check-in nos aeroportos também perderam os seus empregos. E já alguém se lembra das pessoas que vendiam os impressos dos impostos, e que depois nos recebiam, agora que os entregamos via net? E já alguém pensou quantos portageiros seria necessário contratar se não houvesse Via Verde?
Eu pessoalmente utilizo estas opções tecnológicas sempre que posso. Todas estas opções tecnológicas, de há vários séculos para cá, libertaram o Homem do trabalho mecânico, repetitivo e pouco interessante. Com isso pudemo-nos dedicar a profissões mais interessantes. Ganhamos tempo e melhor qualidade de vida! Perdemos algumas profissões, onde grassava o desperdício da criatividade e inteligência humana. Eu por mim, prefiro continuar no avanço civilizacional, de que argumentar que devemos pegar todos numa enxada, e voltarmos aos tempos pré Revolução Industrial!
Em relação a estes automatismos, a única coisa que eu tenho a criticar é o seguinte: se as empresas optam por soluções automáticas é apenas pelas vantagens financeiras que isso tem para elas, ou seja, investem em máquinas que têm um payback em vez de manterem um custo permanente que é um trabalhador. Sendo assim faria sentido que essa benefício fosse repercutido directamente no consumidor que utiliza as máquinas. Mas não. Paga-se o mesmo pelas compras quer se passe no operador ou na máquina automática, paga-se a mesma portagem com via-verde ou no portageiro, e o mesmo para muitas outras coisas. Por isso eu só uso automatismos quando isso representa para mim algum benefício, normalmente em termos de conforto ou rapidez.
João,
O seu ponto de vista é excelente! É preciso não esquecer que essas contas deverão ser feitas pelas empresas, e podem não reflectir uma vantagem imediata (leia-se financeira) para o cliente. Há muitos aspectos a valorizar, nomeadamente o ROI, mas se há um benefício, será de esperar que a empresa o traduza para os clientes. É claro que isto é mais válido em negócios em que exista mais concorrência, como o dos hipermercados, do que nas auto-estradas. Em retrospectiva, o mesmo aconteceu com os Multibancos, que nós utilizamos por determinadas razões, mas não porque nos dê um benefício. E se um dia se lembrarem de começarem a cobrar pelo Mulibanco, nós adaptamo-nos!
Dito isto, eu utilizo as portagens automáticas (quando não utilizo Via Verde) porque são mais rápidas que os portageiros. As primeiras vezes ainda custaram um pouco, mas agora é tipo pit-stop. É preciso ter cuidado em não escolher uma que esteja lá alguém, porque já me aconteceu ficar muito tempo à espera do condutor do carro da frente… Nos hipermercados, utilizo sempre que tenha poucas compras e veja vantagem temporal nisso. Quando tenho o carrinho de compras cheio, nunca o tentei, mas realmente não me parece que seja vantajoso pelo menos nessa situação.
Não podia estar mais em desacordo consigo. Todos os trabalhos após um determinado tempo se tornam repetitivos. Para um dentista, tratar de uma cárie é sempre igual em todos os doentes, para um cantor, trata-se sempre de cantar os mesmos sucessos e até nos políticos, os discursos se repetem.
Pessoalmente eu prefiro ter um trabalho chato, repetitivo que me permita viver e quiçá, pagar tempos livres em que dê uso à minha imaginação e criatividade, do que viver na miséria, pendurada nos pais e/ou sociedade, simplemente porque uma máquina ocupou o meu lugar.
As máquinas não têm filhos. Nem precisam de trabalhar para viver. Apenas foram inventadas para darem lucro às pessoas que tem poder economico para as adquirir.
Reconheço que é maravilhoso ter uma máquina de lavar roupa, frigorífico e carro. Mas atualmente, julgo que estamos a ir longe demais no avanço teconológico. A tecnologia deve servir a sociedade e nao o contrário.