A novela da Segunda Circular não parece ter fim. Mas os desenvolvimentos do dia de ontem não auguram nada de bom para os Munícipes, pessoas que aí trabalham como eu, e visitantes de uma forma geral. Aliás, já era previsível, mas a coisa vai ficar ainda mais preta!
Se há coisa que eu e o Álvaro gostamos é de dar ênfase a uma boa gestão de projecto. E quando se fala de gestão de projectos, há sempre um triângulo que me vem à mente:
Este triângulo diz-nos que destas três qualidades, apenas há intersecção entre duas delas. Aplicando à Segunda Circular, poderíamos ter as seguintes combinações:
- Fazer depressa a obra e com qualidade, mas não vai ficar barato…
- Fazer depressa a obra e barata, mas não vai ser de qualidade!
- Fazer uma obra com qualidade e barata, mas vai levar tempo.
Estas constatações tem várias abordagens mais tradicionais. Ocorre-se-me o ditado de que “depressa e bem, há pouco quem”. Como é que isto se traduz na Segunda Circular?
- Há dias que se sabe que a obra vai ficar substancialmente mais cara. Pelo menos 20% mais cara. Ontem subiu a fasquia para 30%. Obviamente, no final, ninguém faz a menor ideia…
- Ontem, soube-se que com uma finta, parece que o custo vais ser superior em mais 745 mil euros.
- A única parte boa da adjudicação paralela, no limite da lei, é que ela vai servir para fazer “essencialmente a pavimentação e a drenagem“, nas palavras do próprio vereador Manuel Salgado, pelo que não é torrar dinheiro em obras inúteis.
- Para tentar justificar a subida de valores, o vereador Manuel Salgado afirmou que “a obra não vai ficar em 13 milhões, vai por aí abaixo“, devido à concorrência no concurso público. Mas o mesmo não se aplicava exactamente também ao contexto anterior?
- Engane-se quem pensa que o valor a mais é para fazer mais! Não, é para fazer muito menos!!! Sai do projecto a resolução de problemas nos dois nós da CRIL (Sacavém e Buraca), a ligação em viaduto à Avenida Padre Cruz, não há radares, e sacrilégio dos sacrilégios, as árvores são reduzidas de 8000 para 1800 !!!
- A obra deixou de ser em onze meses, como prevista originalmente, passou para oito meses. Qualquer proximidade com as eleições é uma mera coincidência…
Enfim, o que todos gostaríamos é de uma obra bem feita, com qualidade, barata e rápida! Bem feita, com qualidade, esqueçam, como está demasiado claro para todos. E o pouco que tinha de bom foi retirado. Barata, esqueçam ainda mais, como fica evidente por estes dias…
Bem, rápida lá será, mas em vez de servir para nada, provavelmente só vai servir para nos infernizar a vida, durante e depois da obra feita! Mas, se voltarem a olhar para o triângulo acima, onde ficamos???
Cem comentários/Fintas
“Segundo o anúncio publicado em Diário da República nesse dia, o preço base das obras é de 745.603, 88 euros e por isso é que não precisou de ser aprovado pelos vereadores da câmara. É que, de acordo com um despacho camarário de dezembro do ano passado, o vereador das Obras Municipais tem o poder de “autorizar despesa até 748.196 euros” sem consultar os restantes eleitos. Ou seja, é por 2.592,12 euros que o assunto não precisa de ser debatido.”