Há dias tive oportunidade de monitorizar as termperaturas dentro e fora de uns estores venezianos. Uma das dúvidas que me ocorreu era a de se a orientação das ripas dos estores teria algum impacto na temperatura interna. Eles estavam numa janela orientada a nascente, sem qualquer estore exterior. Durante a noite, até cerca das 22 horas, verificou-se aquecimento do ambiente anterior, mas depois o aquecimento era desligado.
A hipótese que coloquei era que a orientação das ripas dos estores poderia influenciar a temperatura interior. Como se pode observar na imagem ao lado, em que a janela se encontra do lado esquerdo, a orientação das ripas do estore permite supor que o calor do interior da habitação, do lado direito, suba facilmente e se escape para a janela, e daí para o exterior.
Mas, primeiro, comecei as medições com a orientação inversa. O resultado dessas medições é o gráfico abaixo. A temperatura no interior dos estores, a vermelho, é naturalmente mais elevada. Na presença de temperaturas mais elevadas, a diferença para a temperatura no exterior dos estores, a azul, é de cerca de um grau centígrado, diferença que diminui ao longo da madrugada, mas que se manteve particularmente estável. Interessante é a subida de temperaturas exterior, logo após o raiar do Sol, ainda que num dia particularmente nublado.
No dia seguinte, e já com a orientação da primeira imagem acima, registei as diferenças de temperaturas. Ao contrário do que esperava, os dados não suportam a hipótese que avançara! Uma ligeira maior diferença de temperaturas até contraria essa mesma hipótese, mas outros factores podem contribuir para tal. Em particular, as temperaturas externas, embora nessas duas madrugadas, segundo os dados do IPMA, as temperaturas mínimas tenham sido idênticas na região.
Esta experiência serve por isso para demonstrar que nem sempre a teoria, as nossas teorias, estão correctas. E por isso gosto tanto de fazer estas medições! Que pelo menos confirmam a eficácia térmica da barreira dos estores venezianos, à semelhança do que já havíamos verificado, por exemplo, para as cortinas.
Olá.
Penso que para ter mais rigor, deveria ter usado um RS.
O termómetro exterior, se tiver Sol directo irá sempre mostrar temperaturas muito superiores e diferentes do “real”.
O termómetro interior, também pode estar a ser induzido em erros, pois certamente se cria uma zona de ar pouco movimentado entre a janela e o estore, colocando assim o sensor interior numa zona com uma temperatura mais elevada à noite.
No entanto não deixam de ser conclusões interessantes ;)
David,
Obrigado pelos comentários. Na verdade, a minha preocupação nestas medidas foi só com o frio da noite, porque de dia, mesmo naqueles dias chuvosos e sempre com nuvens, a temperatura durante o dia no termómetro exterior disparou para próximo dos 25ºC. Por isso os gráficos só incluíram o período essencialmente nocturno.
Quanto ao termótero interior, e nos casos em que o exterior está mais frio, como foi o caso, ele costuma registar temperaturas inferiores ao do resto do ambiente interno. Mas sim, são apenas a temperatura naquele local, àquela altura, etc… Mas, só tenho dois termómetros destes :-)
Sem crer ser pretencioso, queria só chamar à atenção que a unidade de temperatura é atualmente designada celsius e não centigrados.
Adoro o vosso blog! Bem haja!
Nuno,
Obrigado pela referência. Normalmente utilizo o centígrado em termos diferenciais, e o Celsius em termos absolutos. Mas como refere, o centígrado foi substituído pelo Celsius. Vou ver se não me esqueço daqui para a frente :-)
Que aparelho é esse que utiliza na medição da temperatura?
Uso uns dataloggers MicroLite, da Fourier Technologies. São muito interessantes, porque têm uma resolução de 0.01ºC…