Este artigo do Expresso da semana passada suscitou-me a curiosidade por vários motivos. O principal é o motivo maior do artigo, e que refere que em Espanha vai ser possível pagar a electricidade com uma tarifa que varia ao minuto. A notícia é confirmada por vários Media espanhóis, os quais dão mais algum detalhe das novas tarifas, equiparando a evolução das tarifas a cotações de Bolsa.
Mas a notícia tem elementos ainda mais interessantes! Diz que a tarifa da madrugada em que a notícia foi publicada foi de 0€ (isso, ZERO euros) por kWh! Tal pode ser confirmado num site que descobri recentemente, e que dá os preços da electricidade em Portugal e Espanha, no mercado grossista. E se olharmos para os dias anteriores, nomeadamente o dia 9 de Fevereiro, verificamos que o preço máximo horário do Mwh foi de 3€, ou seja de 0.3 cêntimos por kWh, conforme se pode ver na imagem abaixo. Note-se que o preço do kWh que pagamos em casa, mesmo não contando o IVA, é mais de 50 vezes superior!!!
A explicação para estes absurdos já os equacionamos anteriormente. E é por estas razões que infelizmente não posso concordar com o jornalista Vitor Andrade. A sugestão sequer de que a energia possa custar ZERO é errada a diversos níveis, porque há entidades como a ERSE, REN, e outras que nos gostam de sacar dinheiro. Mas sacodem a água rapidamente do capote, pois como o artigo refere “qualquer operador já o pode fazer. Se não o faz é porque não quer“.
Mas venha esta tarifa. Nestes dias de muito frio, não dava jeito ligar os aquecedores ao máximo durante toda a noite e não pagar nada? Não pagar nada pela lavagem da roupa e da loiça? Eu, que já estou habituado à gestão do bi-horário, posso garantir-vos, que me iria divertir imenso! E o leitor concerteza também! Por isso é que eles não querem…
O mais interessante é que uma tarifa indexada aos valores do mercado grossista em Portugal iria tender a reduzir o custo público da electricidade. A electricidade quando há muito vento e chuva de noite só não tem valor grossista porque não há consumo, mas só não há consumo porque o consumidor paga praticamente o mesmo por consumir quando há muita produção de fontes intermitentes como quando há pouca… Isto vem muito ao encontro da continuação do estilo de vida moderno que é isolado da natureza. Porque é que no verão, quando só há 7 horas de noite, a maioria de nós utiliza iluminação artificial ao serão para depois estar a dormir de estores fechados ao principio da manhã?
João,
Eu sou um grande fã do bi-horário, mas o que tenho reparado é que eles têm estado a enterrar o bi-horário:
http://www.pouparmelhor.com/praticas/bi-horario-justifica-se-cada-vez-menos/
Ora, se isto está a acontecer, não tenho grandes dúvidas que é premiditado! E se assim é, não acredito nestas tarifas ao minuto tão cedo. E, se vierem, vai ser com um esquema qualquer, disso é que não tenho dúvidas nenhumas! E então um preço a ZERO como refere o Expresso, é completamente utópico!!!
Quanto à falta de sincronia com a Natureza, não há dúvidas nisso. Numa série até de outros aspectos, como por exemplo das mudanças da hora, que temos abordado no passado, e cuja justificação era a de poupança de energia. Era, acho eu…