Muito menos chamadas para 760s da televisão

A praga dos concursos televisivos, e não só, a incentivarem que se ligue para os 760s de lá, é provavelmente conhecida de todos. O esquema tem vindo a evoluir ao longo do tempo, sendo que os custos associados são normalmente muito significativos.

É por isso encorajador constatar que as televisões estão a lucrar muito menos com o esquema. Não é que fique feliz por as TVs terem menos receita; fico feliz é por as pessoas começarem a perceber que se trata de um esquema! Só nos primeiros nove meses deste ano, os Portugueses deixaram de dar à SIC e TVI cerca de 22 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2015.

Estes sinais são preciosos, porque indiciam que os Portugueses estão mais atentos! E obrigam os diferentes actores (não esquecer os operadores de telecomunicações) que se habituaram a contar com estas receitas, a introduzir realmente conteúdos e serviços com um valor acrescentado mais real.

Desconto mínimo garantido não serve para mim!

Os leitores sabem que faço habitualmente as compras cá de casa no Continente. Habituei-me a maximizar aí os descontos. Faço-o porque andar a comprar coisas em vários locais me faria perder demasiado tempo. E porque também é o que mais perto fica de casa.

A taxa de desconto é relativamente alta, e penso que a última vez que fiz as contas, superava claramente os 20%. Mas à medida que os anos vão passando, tenho quase a certeza que essa taxa vem diminuindo…

A partir deste mês, desparece 1% de desconto. O Continente, cada vez que se comprava 500€ de compras, oferecia 5€ no cartão. Uma oferta/desconto dos tais 1%.

A partir de agora, o Continente promete um desconto mínimo de 2% nas compras mensais com Cartão Continente, mas retira os anteriores 1%. Eles pensam que todos nós somos papalvos, e que pensamos que 2% é melhor que 1%. Eles até dão um exemplo:

Forma de abolir anterior desconto de 1%

Forma de abolir anterior desconto de 1%

Acontece que qualquer pessoa que raciocine o mínimo, e que seja utilizador do Cartão Continente, facilmente conseguirá mais de 2% de desconto no Continente. Mas, na verdade, todos nós clientes do Continente passamos a partir do início deste mês, a perder 1% de desconto!!!

Por isso, com esta decisão aparentemente bondosa, a única coisa que o Continente vai conseguir de mim, é eu olhar mais para as ofertas dos outros.

Cancro da carne

Nos dias que passam, começa a ser impossível não ouvir falar do cancro da carne. É um sintoma claro da idiotice que grassa pela Sociedade, parvoice disseminada pelos Media, e uma cretinice originada nuns quantos burocratas da OMS. É que quem confiar cegamente nestes senhores, é melhor que leia primeiro este artigo. É também mais uma a somar às muitas calinadas que a suposta Ciência nos tenta impingir

O estudo que parece ter despoletado a polémica está disponível neste link. Refere que o consumo de 100 gramas de carnes vermelhas por dia aumenta o cancro colorectal em 17%, e que o consumo de 50 gramas de carne processada aumenta em 18% esse risco. E aqui começam os problemas, pois quase todas as notícias referem os 18%, mas esquecem-se de referir a diferença nas gramas, que é apenas de 50% ou 100% consoante a perspectiva. Enfim, a estatística não é o forte da maior parte das pessoas…

Conta quem esteve nas reuniões, que dos 940 agentes analisados pela IARC, apenas um não é cancerígeno! É um químico usado em calças de ioga, pelo que podem estar porventura a salvo de um cancro, se fizerem ioga e não comerem nada durante o resto da vida. O castigo é que morrerão logo a seguir, porque não podem respirar o ar (que é cancerígeno), não se colocar ao Sol (cancerígeno), não aplicar aloe vera (cancerígeno), não beber nem comer (é tudo cancerígeno), quanto mais comer bifes ou salsichas (também cancerígenos). Quase qualquer profissão que imaginem é igualmente suscetível de ser cancerígena! Se têm dúvidas do que estou a dizer, deêm uma vista de olhos à última lista compilada pelos burocratas, e que está disponível neste link.

Por cá, o novo deputado do PAN é o mais exuberante: “Nós bem avisamos“. Mas avisaram o quê? Que não devemos comer bananas? Que a incidência de canco colorectal em vegetarianos é maior que nos carnívoros? Que a pessoa mais velha do planeta, Susannah Mushatt Jones, devora várias fatias de bacon ao pequeno almoço, um dos piores exemplos de carne processada proscrita pelos burocratas? E que não só come ao pequeno almoço, como durante o resto do dia, todos os dias???

Se conseguiu chegar a esta frase e ainda não está a rir às gargalhadas ou a atirar-se pelas paredes, leiam análises mais aprofundadas neste artigo ou neste outro. Ou entretenham-se a meditar sobre como a tira seguinte do xkcd pode ser cancerígena:

Risco acrescido

Risco acrescido

Poupar com medo e sem medo

Hoje é o dia Mundial da Poupança. Para o comemorar, vou transcrever na íntegra o editorial de ontem do Jornal de Negócios, da Helena Garrido:

Precisamos de poupar. Porque gastámos no passado o rendimento do presente – é isso que significa ter dívida. Porque a sociedade portuguesa está a envelhecer. Porque só através da poupança podemos garantir o desenvolvimento e a autonomia em relação aos credores. Mas estamos a poupar menos. Eis uma boa oportunidade para um governo actuar: adoptar medidas para incentivar a poupança. Infelizmente estamos em risco de assistir à terapia do consumo, exactamente aquilo que a economia não precisava neste momento.

O Dia Mundial da Poupança, que se assinala a 31 de Outubro, é a data certa para se identificarem as políticas que poderiam e deveriam ser adoptadas para evitar que se regresse irresponsavelmente à euforia do consumo. Literacia financeira e medidas que incentivem a poupança deveriam ser os dois pilares fundamentais dessa política.

É verdade que há muitas famílias que não conseguem poupar. O seu rendimento quase não chega para suportar as despesas básicas. Mas também é uma realidade, levando em conta o estudo da Deco, que algumas dessas famílias têm margem para fazerem uma gestão mais racional dos seus rendimentos. Gastar mais em telecomunicações do que em alimentação indicia uma distorção na hierarquia de valores.

Porque deve o Estado preocupar-se com a hierarquia de valores revelada pelas despesas? Exactamente porque contribui para uma sociedade mais desenvolvida, com maior capacidade crítica para realizar as escolhas de consumo e entre consumo e poupança. Há muito tempo que devíamos ter programas massificados de literacia financeira. Estamos melhor do que no passado, mas ainda longe do que se possa considerar bom.

Mais importante ainda são os sinais que dão as medidas adoptadas pelos governos. Passado o medo que nos fez poupar, deviam chegar agora incentivos à poupança e desincentivos ao consumo. Se, como parece ser cada vez mais provável, tivermos a aprovar legislação um governo liderado pelo PS com apoio à esquerda, vamos ter medidas que a economia portuguesa não precisava neste momento. Quando o medo passa, num país endividado e a envelhecer, é preciso incentivar a poupança sem medo. E não deitar gasolina na fogueira consumista que já começa a arder. Pela nossa parte estamos a fazer o nosso trabalho de serviço público, oferecendo aos nossos leitores um guia para gastar menos e poupar mais.

Autarquias com IMI familiar

Há muito tempo que andava à procura de uma boa referência sobre o IMI familiar. Como muitos já saberão, as famílias com filhos poderão ver o seu IMI reduzido, caso tenham a sorte de morar num concelho que tenha aprovado essa redução. Ele será aplicado em 2016, havendo reduções até 10%, 15%, 20%, para quem tiver respectivamente 1, 2, 3 ou mais dependentes a cargo.

O site da Associação Portuguesa de famílias numerosas tem uma página muito completa sobre a redução do IMI. Aí podemos ver quais os concelhos que já confirmaram a aprovação dessa redução, e aqueles cuja Assembleia Municipal prepara essa aprovação. Está tudo muito bem documentado com links. Tem ainda outra página que explica muito bem em que circunstâncias se pode beneficiar desta redução. Note-se que esta redução se aplica apenas aos imóveis destinados a habitação própria e permanente coincidente com o domicilio fiscal do proprietário. Destaque ainda para o facto de que o contribuinte, em princípio, nada terá que fazer para que essa redução se aplique, conforme o disposto pela Circular 9/2015 da AT. Tem ainda um mapa fabuloso, que resume geograficamente a distribuição dos concelhos que entenderam apoiar as suas famílias, e que adaptamos abaixo, por questões de dimensão:

Concelhos que aderiram ao IMI familiar

Concelhos que aderiram ao IMI familiar

Passwords pagas?

Mira Modi pronta a lançar dados...

Mira Modi pronta a lançar dados…

Ele há cada uma!!! A rapariguinha ao lado, que dá pelo nome Mira Modi, lembrou-se de criar um serviço de geração de passwords seguras?! Cada password custa a módica quantia de dois dólares (quase 2 euros), sendo que as passwords são geradas manualmente pela Mira e enviadas por correio!

Francamente, há ideias mais estúpidas, mas esta não fica muito atrás! Para começar, as passwords geradas por ela, como é referido no site dela, tem por base o método Diceware, que exige várias palavras para tornar a password verdadeiramente segura. Pagar quase dois euros por qualquer coisa que pode você fazer num ápice, não é realmente inteligente…

A Mira, filha de Julia Angwin, admitiu há dias que já vendeu cerca de 30 passwords. O jornalista do artigo comprou-lhe duas. Por esta via, Mira já sabe as passwords de algumas pessoas! É que a regra número um de uma password deve ser a de que ela não seja de conhecimento de outros, e neste aspecto Mira infringe claramente as regras!

Se querem boas passwords, arrajem um dos centenas de programas que por aí há. Se quiserem passwords Diceware, podem ver aqui ou ali. Ou simplesmente inventem uma, como já aqui sugerimos há mais de três anos