Tamanho de bagagem de avião

Quando se discute o tamanho da bagagem de avião, tradicionalmente associamos imediatamente o tema às companhias low-cost. Essa análise foi feita há cerca de dois anos atrás, neste artigo.

Acontece que esta semana parece que se deu o tiro de partida para encolher ainda mais o tamanho das bagagens que podemos levar para dentro dos aviões. Ou pelo menos tentar. A IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) considera que o tamanho óptimo da bagagem será de 55 x 35 x 20 cm, um tamanho, pasme-se, inferior ao da Ryanair ou Easyjet!

Como se pode ver no infográfico abaixo, retirado deste artigo do Daily Mail, a dimensão é inferior em pelo menos um dos parâmetros a qualquer dos limites actuais!

tamanho bagagens

tamanho bagagens II

A medida terá impacto positivo nas companhias de aviação, mas o mesmo não se poderá dizer dos passageiros! Obviamente, os fabricantes de malas também estarão a esfregar as mãos de contentes… Felizmente, no meu caso tenho uma mala que parece ter quase as dimensões agora pretendidas, mas não sei se será um ou dois centímetros a mais… Para já, as companhias que parece que vão aderir são as seguintes:

  • Air China
  • Avianca
  • Azul
  • China Southern
  • Emirates
  • Lufthansa
  • Qatar.

Metade da Ciência é falsa?

Na passada semana, vimos no artigo sobre se o chocolate emagrece, como a Ciência está a passar por momentos difíceis. Na verdade, a Ciência também está a ter dificuldades em adaptar-se aos novos tempos da Internet, mantendo processos arcaicos, e pior, criando dúvidas sobre a quantidade de ciência que se produz não terá da passar por um processo de reciclagem qualquer. É claramente também um problema de quantidade vs. qualidade…

Quem me conhece sabe que sou bastante crítico do que se passa no domínio científico actual. Para mim é claro que o actual processo de peer-review, que se arrasta durante meses, terá que ser substituído por algo mais moderno, mais rápido, como afirmei neste artigo.

Surpreendentemente, há uns dias tropecei num artigo publicado na revista The Lancet. É uma revista científica da área médica, tendo um factor de impacto muito elevado, sendo considerado uma das revistas médicas mais prestigiadas do Mundo. O seu editor é Richard Horton, que na edição de 11 de Abril, escreveu um artigo que está disponível aqui. Dele extraí algumas frases que evidenciam como quem está dentro (e que já sofreu na pele a fraude médica provavelmente mais significativa das últimas décadas), também não tem dúvidas de que a Ciência está literalmente podre:

  • “A lot of what is published is incorrect.” I’m not allowed to say who made this remark because we were asked to observe Chatham House rules. We were also asked not to take photographs of slides.
  • Why the paranoid concern for secrecy and non-attribution? Because this symposium—on the reproducibility and reliability of biomedical research, held at the Wellcome Trust in London last week—touched on one of the most sensitive issues in science today: the idea that something has gone fundamentally wrong with one of our greatest human creations.
  • The case against science is straightforward: much of the scientific literature, perhaps half, may simply be untrue. Afflicted by studies with small sample sizes, tiny effects, invalid exploratory analyses, and flagrant conflicts of interest, together with an obsession for pursuing fashionable trends of dubious importance, science has taken a turn towards darkness. As one participant put it, “poor methods get results”.
  • The apparent endemicity of bad research behaviour is alarming. In their quest for telling a compelling story, scientists too often sculpt data to fit their preferred theory of the world. Or they retrofit hypotheses to fit their data.
  • Universities are in a perpetual struggle for money and talent, endpoints that foster reductive metrics, such as high-impact publication. National assessment procedures, such as the Research Excellence Framework, incentivise bad practices. And individual scientists, including their most senior leaders, do little to alter a research culture that occasionally veers close to misconduct.
  • Can bad scientific practices be fixed? Part of the problem is that no-one is incentivised to be right. Instead, scientists are incentivised to be productive and innovative.
  • The conclusion of the symposium was that something must be done. Indeed, all seemed to agree that it was within our power to do that something. But as to precisely what to do or how to do it, there were no firm answers. Those who have the power to act seem to think somebody else should act first.
  • The good news is that science is beginning to take some of its worst failings very seriously. The bad news is that nobody is ready to take the first step to clean up the system.

Plantas exóticas

12w12

Magníficas espécies, retirada daqui

No deambular que fazemos na Internet, descobrem-se por vezes sites abolutamente fabulosos. No âmbito de uma investigação que ando a fazer, descobri o site Atlas de Plantas Exóticas cultivadas em Portugal.

O site tem artigos absolutamente completos sobre várias espécies de plantas, com a história de determinadas espécies, uma abordagem científica, dados sobre a melhor forma de as ter, e tanta, tanta informação!

E tem montes de imagens! Tantas, que aparentemente esgotou o limite de imagens que podia publicar, pelo que teve que continuar noutro blog. As páginas do blog são por isso grandes, e não se admire se o seu browser tiver algumas dificuldades em tratar da página. No meu caso, o Firefox estoirou, o Internet Explorer ficou-se a meio, e só o Chrome se portou bem. Também não tentem navegar nestes sites se estão a aceder a partir de mobile, pois dão conta do plafond num instante! A primeira página do segundo link tem mais de 400 objectos e mais de 200 MB…

Bicicletas partilhadas em Lisboa?

Uma bicing partilhável

Uma bicicleta partilhável (imagem retirada daqui)

A notícia que li no outro dia de que “Lisboa vai ter rede de 1.200 bicicletas partilhadas” deixou-me absolutamente perplexo! A primeiríssima ideia que me veio à cabeça é a do viaduto pedo-ciclável da segunda circular, onde passo regularmente, e no qual não vi até hoje um único ciclista! Será talvez uma forma de dinamizar tal infraestrutura, criando por exemplo um parque de bicicletas partilhadas mesmo ao lado?

Para o cidadão comum, parecerá uma boa ideia. O problema é o “custo das boas intenções”… Na verdade, abundam os exemplos pelo Mundo onde esta ideia já provou ser asneira da grande. Vou pegar em apenas dois exemplos mais conhecidos, o de Barcelona e Aveiro. Pessoalmente conheço melhor outra aberração, a de Vilamoura, onde nunca consegui encontrar uma bicicleta, apesar de ter pago para isso…

Como se pode ver neste artigo do Wikipedia, são já muitas as centenas de cidades que têm um sistema destes. Uma boa referência é esta página no Google Maps. Todavia, como se lê no artigo principal do Wikipedia sobre os sistemas de bicicletas partilhadas, até à data, nenhum destes programas tem conseguido de forma consistente operar com base em fundos próprios. Sejam geridos por entidades públicas, ou mesmo privadas em regime de PPP. Como consequência, são as entidades públicas e os contribuintes que pagam a conta…

De todos os exemplos Mundiais, o de Barcelona aqui ao lado é um excelente exemplo. Sobretudo pela orografia da cidade, não muito diferente de Lisboa. O sistema chama-se o El Bicing, custa uma taxa fixa de 47.16€ anuais, e pode-se utilizar gratuitamente uma bicicleta durante 30 minutos de cada vez. Até duas horas, cobram-se 0.74€ por cada fracção de 30 minutos, e se não se entregar a bicicleta após duas horas, paga-se uma penalização de 4.49€ por cada hora em atraso. Passadas 24 horas de não entrega, há outra penalização de 150€. A utilização pretendida portanto é de pequenas deslocaações dentro de Barcelona…

O problema logo à partida é o da falta de civismo para com algo que não é privado. Em 2009, o custo por vandalismo, roubo e genericamente falta de civismo custou a módica quantia de 3.56 milhões de euros. Mais de metade das bicicletas foram roubadas nesse ano. A leitura do artigo dos 3.56 milhões dá um manacial de informação sobre os roubos de bicicletas, as viagens fraudulentas, e os custos associados, directos e indirectos, nomeadamente o de uma fiscalização da polícia associada à procura daqueles que viajavam sem título…

Estudos de consultores de mobilidade dão-nos uma imagem mais completa dos custos. O investimento inicial terá sido de 15.9 milhões de euros (os políticos apenas referem 10 milhões), utilizados na montagem das 400 estações e restante infraestrutura, e na compra de 6000 bioicletas e nas furgonetas para recolocar as bicicletas. A isto somam-se cerca de 5 milhões de euros por ano para cerca de 250 funcionários, e cerca de 10 milhões de euros para exploração do sistema. Somando-se a amortização anual do investimento inicial, chega-se a um custo anualizado de cerca de 18 milhões de euros.

Uma forma de olhar para os custos anteriores, e ainda segundo o link do parágrafo anterior, é ver qual a parte de receitas. Como os utilizadores não pagavam em 2009 sequer 5 milhões de euros, os contribuintes tinham que entrar com os mais de 13 milhões restantes. Na verdade, parte deste valor vinha das taxas de estacionamento, mas na verdade vai dar exactamente ao mesmo… Como se fizeram cerca de 11.2 milhões de viagens anuais, o custo suportado pelos contribuintes por cada uma dessas viagens de 30 minutos foi de cerca de 1.20 euros.

Um problema que ficou evidente desde o início, e que obviamente não surpreende, é que as pessoas não gostam de pedalar uma subida. Por isso, desde o início que se verificou que as bicicletas desapareciam das zonas altas de Barcelona, e depois se concentravam na zona baixa da cidade. E quando se encontravam, a verdade é que a notícia dizia que eram tipicamente bicicletas avariadas. Nas zonas da noite e junto à praia, o mais provável era mesmo não encontrar onde estacionar, e logo pagar a multa descrita acima. Para depois voltarem, não utilizavam as bicicletas…

Uma breve pesquisa online revela dados confrangedores! 40% dos utilizadores deixam de utilizar o serviço. A segregação dos turistas. Ou o problema da utilização na área metropolitana. Num estudo completo, até o pequeno comércio não se enamora da ideia. E quando houver um evento com muita gente, pede-se então que não se vá de bicicleta???

Mas, dirão os leitores que conseguiram chegar a esta frase, não há vantagens ambientais, de sustenatabilidade, ou outras que justifiquem esta solução? A parte que mais me surpreendeu é que nem sequer os ambientalistas concordam com isto! Neste artigo sui-generis, um blogger adepto das bicicletas refere que por cada descida de bicicleta, há um regresso de metro (a pessoa) e uma viagem de furgoneta (a bicicleta). Num artigo mais caústico, refere-se que esta solução só coloca dinheiro público na mão de pessoas e empresas privadas, dinheiro esse que poderia ser utilizado de forma muito mais proveitoso para facilitar uma movimentação realmente mais sustentável. E referem que o sistema não tirou automóveis de Barcelona, mas sim utilizadores dos transportes públicos, que encontraram nesta solução uma forma muito mais barata de se deslocarem! O resto do artigo é absolutamente brilhante a desmontar a suposta sustentabilidade do Bicing. Citando ainda especialistas de transporte público, “num Mundo de recursos limitados e de necessidades sociais tão grandes, não se entende a prioritização em gastos municipais em bicicletas”.

Poder-se-ía continuar a falar de Barcelona praticamente sem fim, mas em Portugal temos o exemplo antigo das BUGAs em Aveiro. Em Aveiro, uma cidade plana, uma bicicleta faz mais sentido. O sistema começou a operar em 2000 e logo se deparou com montes de problemas, como se depreende do estudo referenciado atrás. Entretanto, a fama perdeu-se, procura-se um novo modelo de gestão, coisa que obviamente não existe, embora os políticos acreditem sempre

Enfim, o caso de Lisboa será igualmente um caso perdido! Vender-se-á a sustentabilidade, os políticos darão dinheiro às empresas interessadas num bom negócio, aparecerão para fazer as inaugurações, e depois, como de costume, nós todos que paguemos as contas…

Tráfego de formigas

Num artigo que pelo menos merecerá uma menção para os prémios Ig Nobel, uns cientistas alemães andaram a estudar como as formigas se comportam em termos de tráfego e velocidade nos seus carreirinhos…

Como o artigo completo é pago, a melhor descrição que encontrei online foi este artigo do Washington Post. Parece que uma das conclusões principais do estudo é que quanto mais formigas existem num trilho, mais rapidamente elas se deslocam! O que para mim não é uma conclusão surpreendente, até porque se há muitas formigas, deve haver um interesse elevado, e como formigas que são, devem estar interessadas em maximizar o alimento transportado de volta para o formigueiro!

Outra observação interessante foi a de que nunca se verificou um congestionamento no trânsito! Por mais velocidade, e por mais formigas que houvesse (parece que chegaram às centenas de milhares), nunca observaram um congestionamento! Verificaram vários acidentes/colisões, a maior parte de frente, mas nem isso as abrandava! E se uma formiga circulava mais lentamente, as ultrapassagens eram sobretudo pela direita…

O artigo é delicioso, e eu admiro as formigas. Embora não goste que invadam o meu domínio! Na verdade, acho que a comparação com a condução não é adequada, porque o mais comparado connosco seria talvez comparar com o tráfego de peões… Ou então, incorporar estes conhecimentos nos futuros carros sem condutores? Enfim, deixo-vos um vídeo do Youtube que mostra que elas até podem circular rápido, mas que as auto-estradas delas parecem ter também curvas:

Emigração

Nestes anos de crise, o tema da emigração foi sempre recorrente. Também conheço pessoas que partiram, há busca de uma vida melhor. Todavia, sempre que ouço referências a esta matéria, tenho alguns mixed-feelings… Porque muita da informação que anda por aí é contaminada politicamente. E acabamos sem saber qual é a realidade exacta…

O artigo que vi ontem na Bloomberg, tem um título respeitante à Grécia, mas os gráficos que mostra, também nos dizem respeito. O primeiro visível abaixo diz respeito à diferença entre as pessoas que saem e aquelas que entram. Um valor negativo evidencia mais emigração que imigração. Do gráfico sobressai o enorme impacto da emigração na Grécia, mas o nosso é igualmente muito substancial, sobretudo se condierarmos a nossa dimensão. Surpreendentemente, na Alemanha o saldo entre emigração e imigração é praticamente nulo, enquanto no Reino Unido o valor é surpreendentemente muito elevado! Os valores são relativos aos anos 2009-2014:

eeee

Diferença entre trabalhadores a sair e a entrar

No outro gráfico abaixo, vemos qual a diferença na emigração antes e depois da crise. Os valores elevados da Alemanha respeitam à sua dimensão. Uma vez mais a Grécia surge mal colocada, mas nós não estamos muito diferentes, especialmente no rácio entre os que agora saem, e os que saíam antes, um domínio em que ambos os países lideram claramente!

antes e depois da crise

Emigração antes e depois da crise