Tempo para sair do aeroporto da Portela

Como referimos em artigo anterior, a experiência do utilizador no aeroporto de Lisboa está cada vez pior. Num voo recente, decidi cronometrar quanto tempo demorei a sair. A motivação principal derivava do que escrevera neste artigo, e que está associada ao tempo que perdemos no aeroporto, quando vamos buscar alguém.

No meu caso, o tempo entre o avião acabar de aterrar (no final da pista), e eu sair para a parte pública do aeroporto, foram cerca de 25 minutos. Este tempo tem algumas particularidades que exporei abaixo, pois pode variar em função de vários factores.

No meu caso, o voo era da Ryanair, pelo que dirigido ao terminal 2. Como o avião aterrou no sentido sul-norte, a direcção habitual, teve que fazer o taxiway até ao terminal 2. Este tempo será necessariamente inferior se a aterragem se verificar no sentido norte-sul. Se o destino for o Terminal 1, tipicamente, para a maioria dos casos, o tempo também deverá ser inferior.

No caso específico dos voos destinados ao terminal 2, os passageiros desembarcam e são enfiados dentro dos autocarros. O mesmo acontecerá, digo eu, aos voos que estacionam na placa do aeroporto, e não utilizam as mangas. Não vale a pena ter muita pressa, e ser dos primeiros a sair do avião, porque os autocarros partem normalmente muito próximos um do outro, e quando praticamente apenas todos os passageiros tiverem saído.

No caso do terminal 1, quem sai primeiro pelas mangas, entra logo no aeroporto, e estará no caso dos voos do espaço Schengen, rapidamente no exterior do aeroporto, se apenas tiver bagagem de mão.

Depois do autocarro arrancar, é mais um trajecto até ao terminal 1, onde os passageiros são despachados na outra ponta do aeroporto. Como já referimos anteriormente, a caminhada é longa, até ao ponto onde anteriormente os passageiros eram deixados. Aí, é só percorrer mais uns metros, e já estamos cá fora…

O meu próximo objectivo vai ser detalhar os vários tempos que compoem o tempo total. Seria igualmente interessante comparar com cenários de outros aeroportos, mas sou um passageiro pouco frequente, para ter essa experiência. Não há muito que possamos fazer, mas se as autoridades olhassem para este problema como deve ser, aí os passageiros frequentes, talvez poupassem muito tempo…

Pico de Hubbert

Há umas semanas falavamos da Lei de Moore, e de como revolucionou todo um sector tecnológico. Muitas poucas são as previsões a longo prazo que tiveram tanto sucesso como ela.

Há outra que também recordo desde há muitos anos, e que está relacionada com o atingir do pico de petróleo. Uma das previsões mais espectaculares neste domínio foi feita por Marion King Hubbert, um geofísico que trabalhava na Shell, que em 1956 previu que a produção de petróleo nos Estados Unidos continuaria a subir até 1970, e depois desceria, numa função em forma de sino. A imagem seguinte, retirada do Wikipedia, evidencia como as suas previsões se concretizaram de forma muito aproximada:

Previsão de Hubbert para produção de petróleo nos Estados Unidos

Previsão de Hubbert em 1956 para produção de petróleo nos Estados Unidos vs. realidade

Esta previsão, para quem segue o problema, foi furada recentemente, mas isso será tema de um próximo artigo. Também dirão que por cada previsão bem sucedida, há uma ou várias magnitudes de previsões a mais que saem furadas. Ainda assim, servem para “encaixar” a gestão que possamos fazer a médio/longo prazo, mesmo quando se considera apenas a gestão doméstica.

Cobrar mais cedo

Há técnicas imbatíveis que algumas empresas efectuam, e que passam muitas vezes despercebidas…

No caso que tenho em mãos, de um operador de telecomunicações, deu-lhes para começar a exigir o pagamento 10 dias antes… Como podem ver na imagem abaixo, quando dantes era exigido o pagamente até o dia 15 de cada mês, passou a ser exigido 10 dias antes!

Neste caso, o que observei nas facturas é que a data limite de pagamento ainda está dentro do período em que é facturado. Mas, quem sabe, até onde eles poderão esticar a corda?

Cobrando mais cedo

Cobrando mais cedo

Exercícios a voar

Quando voamos, todos temos a noção de que deveremos exercitar-nos um pouco, sobretudo quando se trata de voos longos. Tal serve essencialmente para evitar a coagulação de sangue nas veias, e poder ser vítima de um problema de saúde a bordo, potencialmente colocando a vida em risco. Na verdade, este problema existe também quando fazemos viagens de automóvel, carro ou comboio, ou mesmo quando estamos a jogar no computador.

As companhias ligadas ao sector de aviação têm frequentemente informação sobre isso disponível. Tal é o caso da Thomas Cook, que contruiu um infográfico bastante interessante. Dêem uma vista de olhos, pois contêm dicas interessantes sobre que exercícios fazer lá em cima:

exercicio thomas cook

 

 

 

Análise económica à Powerwall em Portugal

No último podcast do Poupar Melhor falamos sobre o lançamento da Powerwall pela Tesla. Surpreendentemente, ou talvez não, ainda não vi nenhuma referência à viabilidade económica duma solução destas em Portugal.

Digo surpreendentemente, porque Portugal teria boas condições para que uma solução destas fizesse sentido. Temos uma das energias eléctricas mais caras do Mundo, ou pelo menos a mais cara da Europa em termos de poder de compra. E em termos de valor absoluto, não é a mais cara, mas uma delas. Se associarmos a isso que dominamos nas energias renováveis (o que não é necessariamente bom), seria natural que a Powerwall pudesse vir a ser um sucesso em Portugal…

Os cálculos que vou fazer a seguir são baseados nalgumas premissas, algumas como verão, bastante abonatórias para a solução. E são válidas para uma Powerwall, porque para uma casa normal, dada a limitação do consumo a 2 kWh, teria que se comprar quase certamente mais que uma… Outras premissas poderão não estar associadas à solução, mas à falta de informação concreta, terei que as introduzir.

A primeira premissa, que engata logo umas contas normais, é que o preço da Powerwall seria apenas parte do preço final. Haveria que considerar os custos de instalação, nomeadamente a de ligar este pequeno armário à instalação eléctrica de uma casa. Para além de partir paredes, instalar cabos e o trabalho de um electricista muito qualificado, muitas fontes na Internet revelaram o óbvio: que será necessário comprar também um inversor. E não me parece que a Certiel não deixasse de ter uma palavrinha a dizer… Enfim, vamos simplisticamente assumir que o custo seria de 3000 €, pela versão de 7 kWh, a que permite ciclos diários de utilização.

O primeiro cenário de utilização que vou abordar é o de utilizar a Powerwall como acumulador de energia, tirando partido da diferença de preço da electricidade na tarifa bi-horária (tri-horária não me parece que trouxesse vantagens neste caso). Recordemos que este tipo de tarifa é cada vez menos competitiva, e tem sido marginalizada pelas ofertas do mercado liberalizado. Esta espécie de arbitragem, a preços do Mercado Regulado para 2015, permitiria um ganho de aproximadamente 10.76 cêntimos por kWh (0.1076=(0.1853-0.0978)x1.23).

Neste primeiro cenário, descontando custos de capital, amortizações, custos de manutenção e tudo o resto que se possa imaginar, teríamos que consumir cerca de 27881 kWh de electricidade (27881=3000/0.1076) para a Powerwall se começar a justificar minimamente. Se considerarmos que o consumo médio de uma família portuguesa é de 2500 kWh, então a garantia de 10 anos desta solução não serve o consumidor típico…

Num segundo cenário, vamos admitir que conseguimos produzir electricidade de borla, ou a custos marginais, o que obviamente ainda não existe. Assim, deixaríamos de pagar electricidade à EDP (bem como a taxa de televisão), e neste caso assumimos, por simplicidade, a tarifa simples do Mercado Regulado, e que é neste momento de aproximadamente 0.1952 cêntimos por kWh (0.1952=0.1587×1.23). Neste cenário, o custo da Powerwall começaria a justificar-se minimamente a partir da produção de 15369 kWh de electricidade gratuita…

Em qualquer cenário, há todavia outra limitação. A Powerwall tem uma eficiência de 92%, pelo que por cada 100 kWh que lá metermos, só sacamos 92 kWh. A isto haveria que somar as perdas do inversor. Acontece também que as baterias de iões de lítio não devem ser descarregadas abaixo dos 40%, pelo que cada dia que passa só iremos realmente utilizar, na melhor das hipóteses, a bateria em 50% da sua capacidade, ou seja em 3.5 kWh por dia. Ora, na vida garantida da bateria, que é de 10 anos, teremos a capacidade de utilizar qualquer coisa como aproximadamente 12775 kWh de electricidade (12775=3.5x365x10). Um valor inferior aos anteriores, pelo que inviabilizando tecnicamente a sua utilidade.

Na verdade, muitos mais factores distorcem esta análise simplista. A primeira é a da subida dos preços da electricidade, porque sim. Depois, este comportamento assume que a própria solução não afecta o comportamento do sistema, conforme referimos no artigo do Powerwall. Os donos de instalações fotovoltaicas podem igualmente ter muito a perder com esta opção. Mas, para mim, a principal questão é que vivemos certamente o início de uma era em que vai haver substancial desenvolvimento nesta área. E não tem que ser baterias de iões de lítio! Estas são muito populares porque são leves e assim adequadas para portáteis, telemóveis e carros eléctricos. Mas não tem que ser assim para uma coisa que fique encostada a uma parede… E daqui a muito pouco tempo, num futuro não muito distante, esta solução será rapidamente ultrapassada, qual autêntica Lei de Moore, como podem ver pela imagem abaixo, retirada deste artigo da Nature. Por isso, outros que a comprem, e que não subsidiemos os ricos que o façam

Evolução do custo

Evolução do custo de baterias em carros eléctricos

Papel, qual papel?

Ontem, depois de muitos meses de espera, deram-me o papel! Disseram-me que agora tinha que iniciar a ronda seguinte. Para isso, tinha que pegar no papel e levá-lo a vários sitios. No primeiro sítio, teria que levar cópia do papel, e o papel (original), bem como mais papéis copiados de outros papéis originais.

Assim fiz. Na primeira paragem, tirei a senha e fui copiar os papéis. Para ganhar tempo. Quando voltei, começou a primeira espera interminável do dia. Quando fui finalmente atendido, a funcionária não foi de modos, depois de lhe explicar ao que vinha: e o papel, o papel mais importante? Expliquei-lhe que na Câmara tinham-me dito que esses eram os papéis a trazer. Tinha trazido muitos outros papéis também, mas faltava o papel deles! E o estúpido era eu, até porque o podia ter impresso na Internet.

Mas havia uma solução! Com outra senha, podia comprar o papel ao lado, pela módica quantia de quase 3 euros! Tirei a senha, e ia nos 80 e poucos. Era o cento e tal… Esperei uns minutos, mas depois comecei a perceber que as senhas não andavam. E às horas que eram, deveria estar ali entre uma hora e uma hora e meia. Como estava quase na altura de almoçar, e depois de fazer umas contas de cabeça, deu para perceber que tinha vantagem em passar ainda pela empresa, para resolver as questões mais prementes, e ir almoçar como combinara. E deu para imprimir o papel, aliás, as duas folhas…

Voltei com o papel, aliás os papéis, e fui entregar os papéis. À segunda, lá consegui entregar os papéis, e passar à fase seguinte da ronda de papéis.

Quando cheguei à ronda seguinte, mais uma senha, mais uma espera, para me dizerem que o papel que vinha da ronda anterior estava mal preenchido! Não havia volta a dar-lhe: voltar com os papéis ao início da ronda. Mais uma senha e mais uma hora de espera, tal como dezenas de outras pessoas. Para corrigirem o papel, um novo papel aliás. Vale que tinha impresso dois papéis anteriormente…

Agora que já tinha o papel como deve ser, toca a tirar mais uma senha na segunda ronda. E esperar, esperar! Sabia que ia ser atendido pela mesma funcionária, dedicada ao serviço. Estava na senha 7 e eu era o 9. Fui controlando a passagem de 7 para o 8, enquanto fazia multitasking, mas nada acontecia. Até que comecei a perceber que me estavam a passar à frente! Até o senhor “doutor” que acabara de entrar se chegou à frente, e sem qualquer senha, se pôs a tratar dos seus papéis. No meio deste filme surreal, os serviços fecharam a porta, mas até uma adolescente furiosa a bater à porta, com o olhar do pai a ajudar, conseguiu ser atendida à minha frente!!!

Enfim, o papel, qual papel, continua claramente vivo na nossa sociedade, a dar cabo da nossa paciência, qual gato de sete vidas: