Atilhos

Uma dos aspectos que nos faz perder imenso tempo é a procura das coisas, quando nos fazem falta. Quando nos fazem falta, parece que nunca mais as encontramos, mesmo com a percepção de que as acabamos de ver algures.

A melhor forma de combater este problema é organizarmos as nossas coisas, de forma a que quando precisarmos delas, sabemos onde elas estão. Neste exemplo, vou falar de uma combinação de reutilização, envolvendo caixas de chocolates e atilhos, como podem ver na imagem abaixo. E o que aqui referencio para atilhos, aplica-se a outros domínios, como os elásticos.

Os atilhos aparecem hoje em várias circunstâncias, quando por exemplo compramos um telemóvel. Neste caso, tendem a fixar os cabos USB ou os do transformador. Sempre que vejo um atilho destes, vai para a caixa dos atilhos!

Os atilhos são úteis em muitas circunstâncias. Cá em casa utilizamos-os muito para fixar as plantas e flores, bem como para fixar cabos, como vimos neste exemplo. Mas, se não estivessem organizados, é garantido que andaria sempre à procura deles…

Caixinha de atilhos

Caixinha de atilhos

Sacos de plástico vs. sacos de papel

A confusão que reina na cabeça de muita gente sobre os sacos de plástico é verdadeiramente grande! Uma dessas confusões está associada às supostas vantagens da utilização de sacos de papel. Aliás, este artigo surgiu de uma discussão no blog descontos, e da dificuldade das pessoas aceitarem este facto.

Essa confusão deverá ter saído reforçada quando vários super e hipermercados substituíram os sacos de plástico pelos de papel. O Zé Povinho porventura pensa imediatamente que os sacos de papel são bons, porque alguém disse que os sacos de plástico eram maus…

Infelizmente, estas jogadas resultam de interesses financeiros. O primeiro, o do Ministro do Ambiente e do Governo foi por água abaixo. Uns da indústria favorecem o plástico, outros os de papel, mas quem realmente se ri neste momento são os vendedores de sacos de plástico de lixo! No final, a maior parte dos jovens bem pensantes provocam os mais adultos, que têm idade suficiente para saber que a reciclagem antiga era mais reciclagem que a de hoje

Mas o que realmente conta nesta discussão são os estudos que se fazem à volta do impacto dos sacos de papel, versus os sacos de plástico, e já agora versus os restantes. Um dos estudos de referência é da Agência de Ambiente do Reino Unido. É só ler as conclusões principais:

  • O impacto ambiental dos sacos de compras é dominado pelos recursos utilizados e pelos estágios de produção.
  • A chave para minimizar o impacto consiste na sua reutilização. A reutilização para enfiar o lixo é repetidamente referenciada, sendo utilizada em 40% dos sacos de plástico convencionais do Reino Unido.
  • A utilização de um saco de plástico para enfiar o lixo é mais benéfica que a reciclagem do respectivo plástico. A compostagem dos sacos em que isso é possível (eg. sacos de papel) contribuem muito pouco para a redução do potencial de Aquecimento Global.
  • Para que um saco de papel seja competitivo com um saco de plástico leve, deve ser reutilizado nas compras pelo menos quatro vezes, o que devido à sua durabilidade é altamente improvável. Adicionalmente, é muito pior quando se equacionam aspectos como a toxicidade para humanos e a ecotoxicidade terrestre, devido ao impacto da produção de papel.

Muitos mais estudos existem. Ficam aqui algumas referências para quem queira enriquecer os conhecimentos nesta área. Se o leitor encontrar mais, refira-os nos comentários, para poder actualizar a lista:

Enfim, qualquer pessoa que saiba como se faz a produção de papel, desde o crescimento/abate de árvores (e eu até adoro os eucaliptos!) até à sua produção nas papeleiras (perguntem aos vizinhos destas fábricas como é lá viver…), não teria grandes dúvidas de que susbtituir os sacos de pláctico por sacos de papel é uma autêntica aberração.

Paciência

nivel xadrez

Treinando a paciência

Ter paciência é uma característica que tenho vindo a notar que cada vez menos existe. Tal resulta, em meu entender, da aceleração da vida moderna. Tudo tem que acontecer rapidamente, e se não acontece, lá se vai a paciência…

Dominar as virtudes da paciência exige muito auto-controlo, sendo que a persistência e a perseverança ajudam. Respirar fundo, manter a calma, e continuar no sentido planeado são técnicas importantes neste domínio. Dependendo da situação, esperar pelo momento certo, ouvir os outros, não ter pressa, e não provocar a ansiedade, são atitudes que também contribuem para que não sejamos impacientes.

Um dos exercícios que efectuo para treinar a paciência é jogar xadrez. Jogo apenas com o meu telemóvel (não como os profissionais), porque conheço poucas pessoas que gostem de jogar xadrez de forma paciente. A estratégia que utilizo é subir de nível quando ganho e descer quando perco. Quando subo de nível, o telemóvel pensa mais tempo e eu tenho que ter paciência para ele jogar. O que me dá também mais tempo para pensar…

O jogo que utilizo é o Chess for Android, e na última semana consegui atingir o penúltimo nível, em que o telemóvel demora 90 segundos a decidir a sua próxima jogada. Distraí-me e ganhou-me, pelo que desci de nível. Mas fiquei muito satisfeito comigo mesmo, porque noto que realmente tenho aumentado a paciência nos últimos tempos…

Lei de Moore

Amanhã, a Lei de Moore faz anos. Fará 50 anos que Gordon Moore, que fundaria em 1968 a empresa que mais tarde se chamaria Intel, escreveu um artigo chamado “Cramming more components onto integrated circuits”. Nesse artigo, Moore previa que por cada ano que passasse seria possível duplicar o número de componentes num circuito integrado. Ele fez essa previsão com base nos valores de componentes que se haviam encaixado num circuito integrado, nos anos anteriores:

Imagem do artigo de 19 de Abril de 1965

Imagem do artigo de 19 de Abril de 1965

10 anos depois, em 1975, a sua previsão não estava muito longe do alvo, dado o crescimento a que se assitira na década anterior. Corrigiu num novo artigo, “Progress in Digital Integrated Electronics” a sua previsão para uma duplicação a cada dois anos. Passados 50 anos, a sua previsão continua muito certeira, conforme se pode observar neste gráfico elaborado pelo Wikipedia:

Evolução da Lei de Moore nas últimas décadas

Evolução da Lei de Moore nas últimas décadas

Muito poderíamos mais falar sobre esta lei de Moore. Para além da página do Wikipedia linkada acima, há outros bons artigos, nomeadamente esta compilação de artigos elaborado pelo IEEE, incluindo uma entrevista ao próprio Moore. Este infográfico da Intel dá igualmente uma visão rápida da evolução.

Para mim, grandes ensinamentos se podem retirar da Lei de Moore. Em particular, ela evidencia como há sistemas deflacionários que funcionam impecavelmente. Note-se que a Lei de Moore não é só sobre cada vez mais poder de cálculo, mas também um custo cada vez menor. Enquanto os economistas gostam de debater se preferimos 1000 euros hoje, ou 1000 euros daqui a um ano, os engenheiros preferem discutir se teremos um processamento a dobrar daqui a um ano, ou se custará metade do que custa hoje… E neste sistema deflacionário não há dúvidas quando se pergunta se se quer o mesmo computador hoje, ou daqui a um ano?

A lei de Moore é igualmente um dos melhores exemplos de progressão geométrica. Reparem que qualquer coisa que começou com uma duplicação de 2 para 4, e por aí acima, já vai nos biliões. As progressões geométricas podem todavia ser igualmente assustadoras…

Finalmente, a Lei de Moore devia ser também uma fonte de inspiração para quem faz previsões. É que as previsões não têm que ser sempre a subir, e por isso chocam muitas vezes com a realidade

Preço de referência dos combustíveis

Nunca aqui falamos da ideia burocrática do Governo de fixar um preço de referência nos combustíveis. Não falamos porque é uma ideia idiota e inútil, que só tem como única consequência a dos contribuintes suportarem mais um custo desnecessário. Até porque já havia alternativas, como esta da DGEG, e esta feita pela comunidade Mais Gasolina.

A ideia foi do Ministro Jorge Moreira da Silva. Na altura, há mais de um ano, ninguém duvidava da inutilidade da medida. A própria Autoridade da Concorrência não concordava com a proposta da medida. Para a APETRO, a medida não teria “qualquer vantagem para o consumidor” e inclusivamente dizia que “pode ter um efeito perverso”.

Mais de seis meses depois, a ideia estava prestes a passar à prática. Não antes sem mais um adiamento. Quando saiu, então foi a barraca total. Os valores de referência não correspondiam ao preço de venda. Deixavam de fora a parte mais interessante, que era aquilo que realmente varia, e que são os custos de distribuição. Enfim, uma medida mais típica do terceiro-mundo.

Na altura tomei nota mental de dar uma olhadela a esta aberração. A oportunidade chegou esta semana, quando vi uma notícia relacionada com os combustíveis low-cost. Ou muito me engano, ou vai ser mais um grande flop!

A primeira conclusão é que para além de tudo o que já referi, o site é impossível de utilizar. Pode ter sido azar meu, mas cheguei a estar largos minutos à espera de cada página. Diz tudo sobre a sua utilidade…

O site depois tem uma decomposição do preço de referência, do qual se retirou o gráfico abaixo, que confirma aquilo que já toda a gente sabe: que o custo dos combustíveis é essencialmente impostos:

ABC

Decomposição do preço de referência

Depois, finalmente, temos os tais preços de referência. Quer dizer, temos umas imagens. Se quisermos tratar os dados, eu não os descobri. Portanto, apenas podemos fazer figura de boi a olhar para um palácio. Isto é, umas imagens:

Legenda

Gráficos dos Preços de Referência

Da análise das duas imagens da esquerda, nada de novo nos traz, como certamente os leitores que têm acompanhado os nossos artigos e gráficos sobre os combustíveis. A imagem mais à direita, relativa ao spread entre os dados da DGEG e o preço de referência semanal, é a única interessante. Mas, mais uma vez, sem dados, não dá para explorar completamente. Por umas contas rápidas, percebe-se que há um ciclo mensal, com valores ligeiramente mais elevados. Dá também para perceber que a margem por litro se manteve, apesar da descida do preço do gasóleo, pelo que na verdade a margem percentual subiu.

Os dados anteriores confirmam que a medida não serviu para nada, especialmente para os consumidores. Os contribuintes, esses pagaram e continuarão a pagar mais este palácio… Enfim, esta inutilidade está ao nível daquela dos paineis das auto-estradas. Nada que nos espante, pois este Ministro do Ambiente não acerta uma

Aquecimento ambiente do sótão

Este Inverno não tem sido propriamente quente, e a temperatura das nossas habitações vai refletindo isso mesmo.

Nestas alturas da Primavera, mas também do Outono, diariamente sigo as previsões meteorológicas, no sentido de verificar as previsões dos dias seguintes. O objectivo é aproveitar os dias de maior calor, para armazenar esse calor, para os dias mais frescos que se seguem. Tal foi o caso do passado fim de semana, que serviu para ventilar a casa, mas sobretudo para a aquecer. Como nos próximos dias, a temperatura ambiente vai estar mais fresca, a casa manterá algum do calor armazenado.

O gráfico abaixo diz respeito às temperaturas do sótão, que é neste período do ano a mais fria da casa, mas com dados respeitantes ao fim de semana da Páscoa. A temperatura ambiente é dada pela linha a azul, enquanto a linha a vermelho refelecte a temperatura junto da janela.

No dia 4 de Abril, abri as janelas, e verificou-se uma subida substancial da temperatura interna, a azul. A temperatura junto da janela, a vermelho, tem uma variação muito mais semelhante à exterior, como já havíamos mostrado neste artigo.

Variações temperatura sótão

O que a imagem acima reflecte é que a subida da temperatura durante esse dia 4 terá representado uma subida global de cerca de um grau. Para chegar a essa conclusão, note-se na variação dos dias subsequentes, para ver qual seria o comportamente no dia 4, se não se tivessem aberto as janelas.

Obviamente, esta gestão só é desejável, quando nos dias seguintes se aproximam dias mais frescos, que o gráfico também evidencia. Mas, não tardará muito para que a gestão passe a ser a contrária. E aí o objectivo será que o calor não entre…