As chamadas 760, 761 e 762 são uma praga para quem vê televisão. Inundam os vários programas, e por uma razão específica: são uma forma de financiamento importante das televisões generalistas… As chamadas 760 não devem ser todavia confundidas com chamadas de valor acrescentado ou audiotexto, pois estas últimas foram bloqueadas, e bem, pelo legislador… Mas não são muito diferentes…
Comecemos primeiro pelo custo. O custo das chamadas 760 é o de uma tarifa única por chamada, independentemente da duração e hora da chamada. Segundo o Plano Nacional de Numeração da Anacom, os custos fixos por chamada são de:
- 760 xxx xxx 0.60€ + IVA
- 761 xxx xxx 1.00€ + IVA
- 762 xxx xxx 2.00€ + IVA
As chamadas 760 são essencialmente de três tipos:
- O chamador ouve uma mensagem do género “Obrigado pela sua participação”. É muito utilizado quando se quer utilizar estes números como mecanismo de doação.
- O chamador liga para participar numa votação, escolhendo o voto através da marcação de um número
- O chamador liga e de x em x chamadas é atribuído um prémio.
Estas chamadas interessam a várias partes. Primeiro, aos operadores, que as publicitam nos seus sites (eg. NOS, Ar Telecom, ). Depois a quem convida para que liguemos para lá. Os interesses ficam claros quando se lê as queixinhas que são feitas à Anacom. E até os casinos se queixam…
Segundo o melhor artigo que encontrei na Internet sobre o assunto, embora já datado (2008), quem publicita o número, eg. televisões, fica tipicamente com pelo menos 40 cêntimos do valor da chamada, ou seja dois terços do valor. Este artigo do DN, ainda mais antigo, revela também alguns pormenores, como a febre de chamadas durante as madrugadas! Mais recentemente, há um ano e meio, apontamos aqui para uma notícia do Correio da Manhã que dava conta dos muitos milhões de euros que as televisões embolsavam com o negócio das chamadas… Em Dezembro passado, o mesmo Correio da Manhã dava conta que a autoregulação introduzida pelas próprias televisões havia feito baixar as receitas em 40% no terceiro trimestre de 2014…
E depois há a seca que é ver TV. Eu já raramente vejo, e então estes programas já estão censurados à partida! Eu compreendo que os apresentadores têm que seguir ordens, mas eu é que não sou obrigado a ver. Depois não se queixem que as pessoas estão a deixar de ver televisão, mas é o que acontece quando se liga a TV e está sempre a passar coisas como: