Raspadinhas em alta

As raspadinhas é um tema que temos referenciado aqui ao longo do tempo. Referimos por exemplo como se correlacionam os prémios e probabilidades, artigos sobre as probabilidades associadas, e até nos perguntamos porque continuam as pessoas a jogar na raspadinha?

As notícias de ontem sobre o sucesso dos Jogos Santa Casa vão infelizmente num mau sentido, segundo a minha modesta opinião… Se os Portugueses jogaram mais 24% em 2016 do que em 2015, alguma coisa está muito mal! Só na raspadinha, os Portugueses apostaram uns incríveis 1.3 mil milhões de euros, um aumento de 23.3% em relação ao ano anterior…

É verdade que muito deste dinheiro regressa à Sociedade, e muito vai também para o Governoo, mas segundo a minha percepção, quem mais joga não são as classes mais favorecidas. Por isso, para além de ser uma excelente forma de perder dinheiro, funciona também como um “imposto” de taxa regressiva…

Da nossa parte, vamos tentar actualizar as estatísticas das múltiplas Raspadinhas, para verificar pelo menos como andam as probabilidades…

Marcha pela Ciência?

A Marcha pela Ciência é já amanhã, e ocorre em muitas cidades do Mundo. A Marcha nasceu nos Estados Unidos, como forma de luta política, e daí se estendeu pelas várias cidades do Mundo.

Pessoalmente, vejo a politização da Ciência e dos Cientistas de uma forma muito negativa. Todavia, é apenas mais um passo na descredibilização de muita da Ciência actual, e que aqui temos vindo a expôr.

As evidências dos problemas da Ciência moderna estão por todo o lado. E, a nós Portugueses, a morte esta semana de uma adolescente de 17 anos parece ser mais um exemplo anti-Ciência, mas que é precisamente ao contrário.

A opção de não vacinação teve um forte impulso quando em 1998 o médico Andrew Wakefield publicou na revista científica The Lancet, considerada pelos próprios the world’s leading independent general medical journal, um artigo em que associava a toma da vacina do sarampo+papeira+rubéola ao autismo.

Esta “Ciência”, aliás da melhor ciência do Mundo, por ter sido publicada no The Lancet, não foi desmascarada pelos colegas cientistas. Não, foi desmascarada por um jornalista, Brian Deer, em 2004, no jornal The Sunday Times. Numa primeira fase, a revista The Lancet ainda tentou boicotar a sua investigação, mas foi preciso esperar até 2010 para que o paper fosse completamente retratado.

Não é preciso fazer muitas contas para perceber como esta “Ciência” terá influenciado a vida de muitos, e porventura da adolescente de 17 anos que esta semana morreu em Portugal. Mesmo antes de Trump, veja-se a posição de Obama e Hillary neste domínio, que em 2008 pareciam ainda alinhar com a “Ciência” de Wakefield.

Brian Deer esteve em Portugal o ano passado, mas a única notícia que encontrei foi esta. A leitura do seu blog, e em particular deste artigo, vão no sentido de muita informação que tenho recolhido nos últimos tempos, e que nos dizem que a “Ciência” já não é o que era… Um jornalista a seguir!

A luta pela credibilização da Ciência não se faz por isso nas ruas. A melhor coisa que a “Ciência” poderia fazer era uma espécie de mea-culpa, parar para pensar, e provavelmente dedicar-se nos próximos tempos a expôr a má Ciência. Ou tudo aquilo que nos é vendido, de forma directa ou indirecta, como cientificamente credível.

Aqui no Poupar Melhor já o fizemos inúmeras vezes, e até com sacrifício nosso, com o célebre episódio do Molecoiso… E continuaremos a fazer, porque aqui não vamos pelo caminho da política, mas mais pelo Método Científico!

Rotas de aviões

Como muita gente, sinto um grande fascínio pelos aviões. Gosto de ver o Flightradar24, dou atenção a preocupações de eficiência nos aviões e aeroportos, e de uma forma geral dou bastante atenção ao sector. Nunca quis todavia ser piloto, e as poucas tentativas que fiz há muito tempo nos primeiros simuladores de voo para PCs deram para ter a certeza que não deveria ter grande jeito para a coisa.

Ainda assim, o fascínio leva-me a descobrir alguns sites muito interessantes. Como é o caso do Flight Plan Database, onde podemos fazer de conta que somos pilotos… Basta inserir o aeroporto de partida e de destino, para obtermos uns mapas giros de como seria o trajecto, neste caso de Lisboa para Genebra:

Lisboa -> Genebra no Flight Plan Database

O mapa é criado com base nas condições conhecidas do momento. Ficamos com indicação dos waypoints a seguir, o perfil do voo em altitude, e condições meteorológicas pelo caminho. Escolhi Genebra de propósito, para ver como seria com as montanhas à volta, e não me enganei no propósito, como podem ver pelo gráfico da altitude…

Para além do interesse que possa ter em diversos aspectos, utilizo-o sobretudo para ver como são os trajectos nos voos em que vou voar, sabendo que se for à janela vou ter uma ideia mais clara por onde vamos passar…

Para verificar como são as projecções, nada como ir ao FlightRadar24 e ver o que aconteceu para um voo realizado no mesmo período em que fiz a simulação, ontem:

Lisboa -> Genebra no Flight Radar24

Como é possível ver, o trajecto é similar, mas condicionado neste caso pelos ventos, com impacto na direcção das pistas de descolagem e aterragem, e um trajecto ligeiramente mais a sul, especialmente perto da origem e destino. O perfil em termos de altitude também revela uma altitude superior:

Lisboa -> Genebra altitude/velocidade no Flight Radar24

Contadores inteligentes que contam mal

Segundo um estudo de investigadores da Universidade de Twente, há contadores inteligentes com leituras quase seis vezes maior que as da energia efectivamente consumida.

Os investigadores puseram à prova nove contadores inteligentes utilizados na Holanda, e produzidos entre 2004 e 2014. Infelizmente, do material que está publicamente disponível, não estão indicadas as marcas/modelos.

No abstract do paper original, pode-se ler que dos nove contadores, houve dois que se desviaram no sentido contrário. Registaram desvios de -31% e -32% . Mas foram os desvios positivos que deram muito na vista. Esses desvios chegaram a ser de +475%, +566%, +569%, +581% e +582% !

As leituras incorrectas foram atribuídas ao desenho do contador inteligente, associado ao número cada vez maior de interruptores electrónicos. Muitos desses equipamentos são mesmo pensados para poupança de energia. Estes equipamentos introduzem distorções à forma senoidal das ondas de energia, distorções mal interpretadas pelos contadores inteligentes. Os investigadores conseguiram ainda correlacionar as leituras invulgarmente elevadas com aqueles contadores que utilizam um “Rogowski Coil”, enquanto os contadores com leituras abaixo do normal utilizam um “Hall Sensor”.

Pelo que li do estudo, fiquei todavia com sérias dúvidas sobre o alcance do erro. Quando estamos a falar de lâmpadas LED e interruptores, estamos a falar de consumos baixos. Também não temos a noção durante quanto tempo se manifesta o erro de leitura. A mim não me admirava que estivesse relacionado com consumos mais próximos de zero, conforme evidenciamos neste artigo

Mensagens subliminares

Há muito tempo atrás, foi-me vendida a história das mensagens subliminares, e de uma em particular, que havia sido testada nos cinemas. Contei-a há uns dias no jantar de família. A história é simples: investigadores haviam inserido num filme num cinema as frase “Eat Popcorn” e “Drink Coca-Cola“. Cada uma dessas frases foi mostrada por 1/3000 de segundo, cada cinco segundos. Os resultados do estudo foram a de que, depois da exibição dos filmes com essas mensagens subliminares, os espectadores saíam e compravam muitas mais pipocas e Coca Cola. Malditas mensagens subliminares!

Não sei onde, nem quem, me contou esta história. Mas como muitas coisas na minha vida, senti-me na obrigação de enviar os links com mais pormenores relativos às mensagens subliminares. Foi quando fazia essa pesquisa rápida que me apercebi que esta experiência havia sido afinal uma fraude! Descobri rapidamente que até há teses sobre o assunto

Enfim, para além do filme, repus a verdade no jantar seguinte. Mea culpa! Bendita Internet, que nos ajuda a descobrir a verdade até rapidamente, quando a queremos descobrir. Porque muitas vezes, limitamo-nos a propagar notícias e ideias que não são bem verdade…

Offshores e outras engenharias financeiras

Muito se fala por aí nos últimos dias sobre offshores. Numa altura em que o dinheiro é um bem escasso, não falta quem tenha ideias de ir sacá-lo onde quer que o haja… Acontece que o termo offshore não tem uma definição clara. Gosto mais do termo paraíso fiscal, embora também aqui a definição tenha que ser utilizada no sentido lato…

É engraçado que aqueles que tanto criticam as offshores em Portugal têm um problema quando têm que abordar, por exemplo, a indignação da Ministra das Finanças sueca. Que não é só sueca, porque é francesa também

Claro que como bom paraíso fiscal que somos, mas só para os reformados, e só para estrangeiros, até fazemos questão de promover esta oferta lá fora! A única excepção para já serão provavelmente os reformados dos Estados Unidos, por causa de uma coisa chamada FATCA… Que não tardará a ser alargada a outros países!

Poderíamos continuar a arranjar mais paraísos fiscais. Em Portugal, há o caso notável da Madeira. Mas, há mais, muitos mais! Por exemplo, paga-se menos IRS em determinados municípios Portugueses. Como podem ver nesta lista, são poucos aqueles onde isso se consegue, mas logo no início da lista aparece Albufeira, que oferece um desconto de 5% no total do IRS pago. Coisa pouca, que não justificará a mudança para lá… E benesses aos mais diversos níveis existem, quer para os cidadãos, quer para as empresas, como até já referimos aqui. Se eu tivesse uma família numerosa e fosse viver para Albufeira, seria uma atitude criticável?

Há também quem se insurja com o anúncio de técnicas para pagar menos impostos. Uma coisa chamada por alguns de engenharia fiscal, mas que não deixa de ser promovido por entidades como a DECO. Mas, se acham que engenharia fiscal é uma coisa complexa, os Suecos encarregaram-se de mostrar à sua Ministra das Finanças como é que se poupa e ganha dinheiro, à custa do próprio Estado. Não admira pois que ande indignada, e descarregue as suas frustações no nosso Ministro das Finanças…