Crise é boa?

Todos temos a noção que a crise pela qual temos passado é uma coisa má. No pior dos casos, podemos achar que serviu para algumas alterações de comportamentos ou corrigir alguns desequilíbrios.

Já aqui relatamos alguns dos indignados com as respostas à crise. Como o exemplo do Primeiro Ministro. Ou do anterior Ministro das Finanças. Ou de como quando se poupa, essa poupança se vira contra nós

Mas estes exemplos foram eclipsados por uma entrevista que vi anteontem no Correio da Manhã, na penúltima página, a Francisco Ferreira, da Quercus. Perante a pergunta “Houve alteração no comportamento dos portugueses em relação ao ambiente?”, a resposta foi:

  • Houve uma melhoria significativa do nosso comportamento em termos de poluição devido à crise económica. As pessoas cortaram no consumo. Na Europa, estamos bem colocados na redução de gases de efeito de estufa, atenuando-se a crise, não podemos voltar ao mesmo.

Tive que ler várias vezes para perceber a lógica. E a lógica parece ser a de que a crise é vantajosa. E que não podemos voltar ao que era antes. E que portanto devemos continuar em crise…

O problema neste raciocínio é que ele não transparece publicamente. E Francisco Ferreira não é propriamente (que eu saiba) político. Mas há um Partido Os Verdes, integrado na CDU. E muita gente a argumentar por uma Economia Verde! Será que a linha de raciocínio é idêntica? Ou serão em geral especuladores profissionais?

Fui aprofundar um pouco a questão. A questão surgiu esta semana por causa dum documento da Organização Mundial de Meteorologia. Que refere que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é 142% mais que em 1750. Lembrei-me de um livro sobre o aumento de emissões na China, que li este Verão. Faz-se uma rápida pesquisa no Google para ver porque está isto do CO2 a subir, e vê-se o gráfico abaixo, retirado deste documento:

Evolução emissões CO2

Evolução emissões CO2

Portanto, os Portugueses portam-se bem, porque estão em crise, e porque assim as emissões estão a diminuir. Os outros, que estão a poluir desmesuradamente, não é propriamente um problema. E ainda temos que aturar aqueles que dizem que “não podemos voltar ao mesmo”, e que portanto temos que continuar em crise? Quando se fala tanto em fuga dos cérebros Portugueses, não poderíamos exportar alguns destes para pregar na China, e assim poupar nas emissões de CO2 mundiais, e poupar-nos à crise?

Lucy e o limite cerebral dos 10%?

Filme Lucy

Filme Lucy

Durante as férias de Verão fui ver o filme Lucy. Confesso que saí um pouco desiludido com o filme, mas isso não impede que tenha sido um sucesso de bilheteira.

Não sou um especialista em neurociências, mas ficou-se-me a ideia de que a maior parte das pessoas sairá a acreditar que realmente não utilizamos mais de 10% do nosso cérebro. Mas, a ideia que eu tinha de leituras era de que isso não é bem assim!

Resolvi investigar um pouco o tema. Na página sobre o cérebro humano do Wikipedia rapidamente cheguei à página que fala sobre a falácia do limite dos 10% do cérebro humano.

A ideia parece ter tido origem há quase 200 anos, mas é uma ideia que a ciência tem rechaçado. Uma das referências mais interessantes que achei foi a de que a cérebro representa 3% do nosso peso, mas utiliza 20% da nossa energia!

Na verdade, muita gente não gostou da ciência do filme, mas talvez seja porque ele fala da inteligência? Talvez seja mesmo o pior filme sobre a nossa capacidade cerebral, mas o que interessa isso quando se entra num cinema? Será que os especialistas nos vão começar a dizer que os Marcianos não são como os do filme, ou que os maus muitas vezes ganham? Francamente! Apenas não acreditem é nos 10%! Tirem ainda mais partido dele!

Multitasking e Procrastinação

Em termos de organização pessoal e profissional, o multitasking é um dos meus temas preferidos. Mas recentemente também tenho analisado o tema da procrastinação

É curioso como estes dois temas se juntam! No passado tenho reparado como quanto mais multitasking faço, mais perigosa se torna a tentação da procrastinação… E o perigo é real!

Um estudo revelou que estudantes demoram muito mais tempo a resolver problemas matemáticos complexos, até 40% mais lentos, quando tiveram que efectuar outras tarefas. Outro estudo refere que trabalhadores distraídos por telefonemas e correio electrónico registam uma queda de de 10 pontos no seu QI, mais do dobro de quem fuma marijuana! E quando o multitasking é demasiado, pior podemos ficar!

Quando quero que o meu multitasking corra bem, pelo menos as seguintes tentações de procrastinação são as principais tarefas que evito paralelizar:

  • Consultar o correio electrónico
  • Navegar numa página web
  • Atender telefonemas

E, o leitor, que técnicas de paralelização evita, para não cair na procrastinação?

Há mais quem não leia email...

Há mais quem não leia email…

Ventoinhas de tecto

Ventoinha de tecto

Ventoinha de tecto

Para além do ar condicionado, este ano tive oportunidade de efectuar alguns testes com a variação de temperaturas, quando se utilizam ventoinhas de tecto. Já tinha experimentado com ventoinhas anteriormente, mas estas eram diferentes. Neste caso, o teste decorreu numa sala com duas destas ventoinhas, como as que se veêm na imagem ao lado.

A experiência envolveu ligar e desligar as ventoinhas durante períodos de tempo de cerca de uma hora. Nesse período de tempo, permaneci na sala, fechada, a trabalhar com um portátil. As ventoinhas estavam a funcionar no sentido descendente, pelo que estando debaixo de uma, posso garantir que a sensação de frescura era agradável…

Como se pode ver pela evolução das temperaturas no gráfico abaixo, as diferenças das temperaturas alcançadas foi inferior a 0.3 ºC. A vermelho está referenciada a temperatura a cerca de 2 metros de altura, enquanto a azul está a temperatura a cerca de 50 cm do chão. Ambos os termómetros estavam ao lado de uma parede exterior a nascente, pelo que sem exposição solar na altura da experiência, e na vertical um do outro.

De uma forma geral, desligar as ventoinhas significou uma diminuição da temperatura, enquanto o seu funcionamento significava um aumento da temperatura. O período inicial, de estabilização, bem como o da saída temporária da sala, causaram alguma instabilidade nas medições.

A forma como interpreto o aumento das temperaturas com o funcionamento das ventoinhas parece-me simples. O calor concentra-se no tecto e as ventoinhas encarregam-se de devolver esse calor para baixo. Devido à inércia térmica, e como a laje superior estava claramente mais quente, até porque a laje da sala era térrea, tal resultava num aquecimento da sala. Algo porventura agradável no Inverno, mas não no Verão…

Depois desta experiência, resolvi inverter o funcionamento das ventoinhas. Mas isso fica para um próximo artigo…

Evolução da temperatura com ventoinhas asoprar no sentido descendente

Evolução da temperatura com ventoinhas a soprar no sentido descendente

Inércia térmica

Nestas férias de verão tive oportunidade de observar a evolução das temperaturas num quarto com ar condicionado.

Num dos testes que efectuei, o objectivo foi verificar por quanto tempo se manteria o quarto fresco. Das experiências das noites anteriores, sabia que o calor voltava depressa. Tal não era surpreendente, dado que a inércia térmica das paredes seria necessariamente muito elevada.

Na imagem abaixo observa-se a evolução das temperaturas dentro do quarto, enquanto se liga o ar condicionado durante cerca de 25 minutos. A temperatura, medida no extremo oposto ao do ar condicionado, caiu rapidamente depois de ligado o ar condicionado. Todavia, depois de desligado, volta a subir quase tão rapidamente!

Não voltou a atingir os valores antes de ser ligado, mas a verdade é que a tendência durante a noite, e depois durante a madrugada, é a da descida lenta.

Assim sendo, foi-nos providenciando um alívio temporário do calor, mas como se vê, passamos um bocadinho de calor durante as noites…

Inércia térmica num quarto

Inércia térmica num quarto

A arte da procrastinação

Livro de John Perry

Livro de John Perry

Uma das leituras destas férias foi “The Art of Procastrination“. Foi um livro que li já depois de ter escrito o artigo sobre procrastinação.

Foi um livro que me deu algum gozo ler, até porque era pequeno. O autor, John Perry, é um professor emérito de Filosofia da Universidade de Stanford, e confesso procrastinador. É o Prémio Ig Nobel da Literatura de 2011, justamente pelo artigo “How to Procrastinate and Still Get Things Done

Segundo Perry, o importante não é fazer o que é importante, mas outra coisa qualquer! Não esperaria grande coisa diferente de um filósofo, mas tenho que admitir várias coisas que ele refere no livro:

  • Todos nós procrastinamos
  • A procrastinação pode ter aspectos muito positivos
  • Quando procrastinamos, podemos estar a ganhar tempo…
  • A navegação na Internet é uma grande fonte de procrastinação

Todavia, de uma forma geral, a minha opinião é a de que procrastinar é uma coisa pouco positiva. Quando damos por ela, normalmente significa que perdemos o nosso tempo, que é um recurso muito escasso, a fazer coisas sem interesse. Mesmo em tempo de férias!