Faz o que eu digo, não o que eu faço

A citação do título deste artigo aplica-se em muitas situações. No nosso caso, como referimos no Acerca do Poupar Melhor, “poupar é um acto cada vez mais de consciência“, “mas não significa, para nós, abdicar daquilo que a Sociedade conquistou“. Ou seja, somos flexíveis, não fundamentalistas.

Este artigo surge porque a semana passada li sobre duas situações que ilustram como um comportamento fundamentalista tem os seus riscos.

No primeiro caso, li no Telegraph uma notícia que refere que as pessoas mais preocupadas com as alterações climáticas são as que mais energia consomem. A conclusão surpreendente vem dum estudo académico da Universidade de Loughborough, embora os autores tenham detectado que as pessoas mais idosas, aquelas que menos se preocupam com as alterações climáticas, são também as que menos energia consomem…

No segundo caso, li uma interessante carta que circula dentro da Greenpeace na Holanda. Aparentemente, há um executivo da Greanpeace que voa umas quantas vezes por mês para o trabalho. Mas, voar não deveria ser uma opção numa organização que a considera um autêntico cancro para o planeta…

Estes são dois exemplos que nos devem dar que pensar. Se não somos flexíveis, temos que arcar com as consequências. Eu vou claramente continuar a poupar, mas também a gastar!

Técnicas para roubar turistas

Quando vamos de férias, normalmente os ladrões vão connosco, pois já lá estão. Os turistas são muitas vezes alvos fáceis num sem número de esquemas, mas todos estamos sujeitos aos contos de vigário

O site Just The Flight criou um infográfico particularmente interessante, onde alerta para 40 esquemas, dos quais os ladrões se aproveitam um pouco por todo o Mundo. A maior parte deles consiste em despertar a atenção do burlado, para que destraído, não dê pelo ataque do cúmplice. Todavia, a que mais me impressionou foi a dos taxistas de Las Vegas…

A infografia está em inglês, mas é uma referência obrigatória para este período de férias, sobretudo quando vamos lá para fora, onde as técnicas são diferentes das dos carteiristas do eléctrico 28.

Técnicas de roubo, esquemas, etc. a turistas. Previna-se!

Técnicas de roubo, esquemas, etc. a turistas. Previna-se!

Energia consumida para transmitir 1GB

No documento da IEA que referenciamos no artigo sobre o Potencial de poupança em standby, uma das secções que me chamou mais à atenção foi a da quantidade de energia necessária para transmitir 1 GB de dados na Internet.

Fui procurar imediatamente os dados subjacentes, relativos a um trabalho de Coroama, V.C. et al. Para minha grande surpresa, é um investigador do IST. No artigo intitulado “The Direct Energy Demand of Internet Data Flows“, Vlad Coroama et al., contabilizam a energia consumida num evento decorrido em 2009, em simultâneo em Davos na Suiça e Nagoya no Japão. Este evento foi escolhido porque se procurava evitar as emissões decorrentes do transporte aéreo, recorrendo à videoconferência entre os dois locais.

Os investigadores contabilizaram de seguida os consumos de energia decorrentes dessa videoconferência. A análise é muito interessante porque envolve o estudo do caminho seguido pela informação entre os dois países, visível na imagem abaixo. Os valores a que chegaram são particularmente interessantes: 0.1993 kWh por cada 1 GB transmitidos!

Sem surpresas, o consumo de energia através de videoconferência foi muito inferior ao do transporte dos conferencistas para um dos outros locais. É claro que para chegar a Davos ou Nagoya, os conferencistas também gastaram energia, pelo que deveriam era ter feito a conferência nos seus locais de trabalho… No total, a transferência de dados da videoconferencia terá consumido apenas 43 kWh, a que se somam 108 kWh dos equipamentos terminais (écrãs de plasma, câmaras e projectores).

Caminho na Internet entre Davos e Nagoya

Caminho na Internet entre Davos e Nagoya

Potencial de poupança em standby

Na sequência do artigo sobre o Mapa da subsidiação do combustível fóssil, descobri no site da IEA um documento muito interessante sobre a problemática do consumo de energia em standby.

Intitulado sugestivamente More Data, Less Energy, o documento aborda o crescente consumo de energia de biliões de equipamentos interligados!

Tal é um tema que temos aqui abordado, como o do consumo das boxes, que nos levou a uma solução radical: comandos remotos de energia. Mas o problema é transversal a muitos tipos de equipamentos

A evolução para os próximos anos parece ser preocupante: em vez do problema diminuir, vai mesmo aumentar, como se pode ver na imagem abaixo, retirada do documento da IEA. Aqui, continuaremos a dar exemplos do problema, e dicas para resolver este problema grave, que afecta as contas das nossas famílias e empresas.

Previsões da IEA dos consumos em standby

Previsões da IEA dos consumos em standby

Rendimento de um carregador de telemóvel

80% eficiência segundo nergiza.com

80% eficiência segundo nergiza.com

Os carregadores de telemóvel são muito vezes vistos como os maus da fita, no consumo de electricidade em nossas casas. Já nos encarregamos de demonstrar que o consumo de electricidade no carregamento dos telemóveis é negligente, sendo que esse valor é ligeiramente mais elevado para iPads.

Mesmo que gastem pouco, sempre me perguntei qual era todavia a sua eficiência. A resposta veio através do site Nergiza, que com umas experiências simples, chegou a valores de eficiência de carregamento de 80%. Tal é um valor bem elevado, e que nos evidencia a qualidade destes equipamentos muito simples…

As vantagens competitivas da selecção alemã de futebol

Neste artigo vou referenciar algumas pequenas notas que fui tomando, nos últimos meses, da presença da Alemanha no Mundial do Brasil. Há muito tempo que conheço a forma como os alemães se organizam, e como o planeamento bate quase sempre bastante certo…

Tudo começou quando ouvi falar pela primeira vez do Footbonaut. Nem queria acreditar! Parte dos treinos do Borussia de Dortmund são orquestados por uma máquina, e os jogadores jogam com ela! Quem viu os passes rápidos e certeiros que trocaram as vistas aos Brasileiros, ao ver o seguinte filme, pode imaginar donde vem essa afinação de passe:

Outro factor de sucesso é certamente a aposta nos jovens e nas academias. Em Portugal, quase já não há portugueses a jogar. Na Alemanha, a aposta nos jovens, na formação, já deu resultados muito antes deste Mundial…

Mas onde comecei verdadeiramente a seguir as peripécias da Alemanha no Brasil foi quando ouvi a piada do ferry. Confesso que me surpreendeu ver os Alemães a depender de um ferry:

A Alemanha de ferry no Brasil...

A Alemanha de ferry no Brasil…

Mas tinha que haver alguma razão! Na verdade, os Alemães deram muita importância a várias questões, como veremos mais à frente. Mas, a primeira, foi não encontrar um local que correspondesse aos requisitos. Por isso, construíram de raíz o Campo Bahia. Tudo na sua construção se resumiu a uma estratégia: proporcionar as condições ideais aos seus jogadores!

Campo Bahia

Campo Bahia (in Telegraph)

Segundo um responsável, Oliver Bierhof, tendo em conta as dimensões do Brasil, a Alemanha optou por um local onde as deslocações para as partidas que tinha de realizar causassem o mínimo de incómodo. Se forem ver o mapa do Brasil, vejam as deslocações efectuadas só nos primeiros três jogos, pela equipa alemã e portuguesa:

Deslocações Alemanha vs. Portugal

Deslocações Alemanha vs. Portugal

Ademais, sabiam que quem ganhasse o grupo, teria os potenciais jogos seguintes em: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. E quem ficasse em segundo, jogaria sucessivamente em Salvador, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Olhando para o mapa, percebe-se a dificuldade que a Alemanha teve com a Argélia, em Porto Alegre…

A questão das condições climatéricas foi outro grande trunfo da Alemanha. Os primeiros jogos foram realizados em locais com clima muito semelhante ao de Santa Cruz Cabrália, a localidade onde se situa o Campo Bahia. E enquanto os Alemães treinavam ao meio dia para simular as condições exactas dos jogos, Portugal passava frio em Campinas. Os dados meteorológicos relativos ao mês de Junho, de Campinas e Porto Seguro, estão representados abaixo:

Temperaturas em Junho em Campinas

Temperaturas em Junho em Campinas

Temperaturas em Junho em Porto Seguro

Temperaturas em Junho em Porto Seguro

Mas onde a Alemanha se excedeu na preparação para o Mundial foi mesmo com a tecnologia. Eles até avisaram o Brasil que estavam preparados, com informação recolhida por 50 estudantes da Universidade de Desporto de Colónia.

Para reunir tanta informação, quem melhor que a SAP AG, uma empresa alemã de referência nas tecnologias? Esta empresa criou especialmente para a selecção alemã uma ferramenta designada “Match Insights”, que junta e analisa quantidades massivas de dados sobre os jogadores. A solução permite nomeadamente a análise de vídeo, com capacidade para registar milhares de parâmetros por segundo. Tais dados permitem depois aos treinadores avaliarem as métricas de desempenho de determinados jogadores, e mesmo interagir com eles através de equipamentos móveis! E quando alguém da Alemanha perguntou como parar Cristiano Ronaldo, a resposta estava lá! O outro grande concorrente, o Messi, esse já andava esgotado desde o início

Como se tudo isto não fosse pouco, a Alemanha utilizou ainda o sistema miCoach da adidas. Tal sistema permitiu controlar completamente os parâmetros dos atletas alemães, nomeadamente velocidade, distância percorrida, aceleração, batimento cardíaco e outros parâmetros vitais dos atletas. O miCoach é assim um sistema de monitorização fisiológico avançado, que inclui um pequeno processador que o atleta transporta durante os treinos.

Como dizemos várias vezes aqui no Poupar Melhor, “you cannot manage what you cannot measure“…