Na quinta-feira da semana passada li uma das notícias de poupança mais ilógicas de que tenho memória! Foi no Correio da Manhã, e a notícia, que não chegou a sair online, tinha o título “Poupam mais se gastarem água”.
A notícia descreve como em Barcelos, em determinadas circunstâncias, uma factura da água fica mais barata se se deitar fora água! O artigo apresenta o testemunho do presidente da Junta de Arcozelo, que descreve que “há pessoas que têm de cometer um atentado ambiental, gastar água sem precisar, só para pagar menos de fatura“. O artigo explica que isso acontece a todos aqueles que têm um consumo zero de água, como é por exemplo o caso dos emigrantes. Nesse caso, o presidente da Junta explica que “basta gastarmos um ou dois metros cúbicos de água para pagarmos um valor inferior ao dessa taxa”. Um outro morador, que trata justamente da casa de um emigrante, diz na primeira pessoa: “Venho cá todos os meses abrir as torneiras para assim a fatura ser mais reduzida. São menos dois ou três euros“.
Olhando para o tarifário da água disponibilizado no site das Águas de Barcelos, parece que esta poupança ilógica está baseado nas tarifas de conservação e utilização, respeitantes ao saneamento, e que são visíveis na página 3. Resumidamente, o que acontece é o seguinte:
- Um consumidor doméstico que não consome água durante um mês paga nesta alínea 6.43 € + IVA
- O mesmo consumidor doméstico, caso consuma apena 1 m3 de água, paga na mesma alínea 0.35 € + IVA
- Por cada m3 de água adicional vai pagando mais 0.35€ + IVA por cada m3
Assim, realmente para quem não consuma nenhuma água durante um mês, se abrir as torneiras e despejar 1 m3 de água pelo cano abaixo, poupa nesta alínea mais de 6 euros, mais IVA! A poupança na factura é todavia ligeiramente inferior, pois há que pagar a componente variável do consumo, neste caso correspondente a um m3 de água.