Fake news

O termo Fake News está na moda. É apenas a iteracção mais recente de uma onda que grassa pela Internet pela enésima vez, e esta não será a última…

Nos meus anos iniciais da Internet, aí até 1995, assisti ao crescimento de uma rede, na altura completamente underground. Durante esse período, assisti na primeira linha à perseguição que foi feita à Internet em Portugal. A Internet era supostamente uma coisa muito má, e que já na altura ia contra os interesses de muita boa gente. Cá dentro, mas também lá fora.

A Internet continuou a ser uma coisa muito má. Para muita gente. Também para os Media. E não espanta que seja gente influente a puxar por esta questão do Fake News… Vamos então a um exemplo muito concreto de Fake News…

Ontem, ao início da manhã, tropecei numa notícia muito gira, que diz que nevou no deserto do Sahara, e que terá sido a primeira vez em quase 40 anos que as montanhas se cobriram de branco. O domínio do clima é um dos exemplos perfeitos de Fake News, mas eu sou suspeito, porque não me lembro regra geral do tempo de há mais de 24 horas…

Ora, numa altura em que o domínio é da teoria do Aquecimento Global, pareceu-me que havia gato… O link do Observador é para o Telegraph, um jornal de referência. Este, por sua vez, linka para um site de Ciência, e procurando um pouco mais na Internet vê-se como a história está fundamentada nesta que parece a fonte original.

Acontece que há um problema com todos estes Media de referência. Ninguém sequer parece ter-se importunado em entrevistar o fotógrafo que tirou as fotos. Há pelo menos uma excepção que encontrei na Internet, juro que dois minutos depois de ler a notícia original do Observador. Sabendo que não ia conseguir facilmente ver sites em Árabe, tentei a minha sorte em Espanhol, pois conheço bem as maiores afinidades dos jornalistas do país vizinho com o Norte de África.

A verdadeira notícia encontrei-a no El Pais, onde um jornalista se lembrou de entrevistar efectivamente o fotógrafo. E o que disse o fotógrafo?

  • En verano hace calor, pero en invierno pasamos muchísimo frío
  • No es la primera vez que hago fotos de mi ciudad nevada. Hace tres años también nevó
  • Dicen que hace casi cuarenta años que no nieva en el Sáhara. No nieva todos los años, pero sí sucede de vez en cuando. Es raro, pero no rarísimo

Um meteorologista entrevistado alinha pelo mesmo diapasão:

  • La nieve en el Sáhara no es normal, pero no es tan extraña. Las nevadas en esta ciudad argelina pueden deberse a la gota fría que se originó al oeste de Portugal el pasado viernes. Ese temporal ha viajado por el norte de África, pasando de Marruecos a Argelia
  • pero es falso que en 37 años no haya nevado en este desierto

O artigo termina ainda com exemplos que parecem regurgitar Fake News. Como este exemplo. E outro que se descobre depressa. Vai-se a ver e neva muito mais no deserto que em Lisboa! E se ficasse aqui mais um bocadinho, de certeza que encontrava mais…

Da próxima vez que ouvirem falar de Fake News, e culparem o Zé Povinho que anda no Facebook, entre outros, lembrem-se que hoje em dia quase todos propagamos Fake News muito rapidamente! E para que fique aqui mais uma lista de sites com Fake News, deixo aqui exemplos evidentes:

Actualização: As fake news chegaram à NASA, que não só se refere também ao hiato entre 1979 e o presente, como ainda por cima recomenda a leituras das fake news dos Media! O problema deste site da NASA é que deviam ter olhado para outros sites da NASA, como este que relata o nevão de 2005. Uma pesquisa rápida pela Internet revela caídas de neve substanciais em anos recentes, como o 2005 já referenciado, 2008 e também 2012 (já linkado acima), com fotos aqui. É mesmo possível observar vídeos no Youtube do último evento de neve de Ain Sefra em 2012, bastando procurar no Youtube pelos termos “Ain Sefra neige”. Um exemplo é o seguinte:

Mapas de dívida

Há uns dias vi um mapa deformado pelas dívidas dos respectivos países. Como é um mapa de dívidas, aparecemos bem maiores do que aquilo que somos em termos geográficos. O mapa mostra a dívida per capita e foi retirado do site howmuch.net:

Depois, acabei de descobrir mais umas representações interessantes da dívida. Um mapa semelhante mas em percentagem do PIB está disponível no mesmo site howmuch.net:

Do site Visual Capitalist retiramos uma imagem em que se vê a percentagem da dívida total do planeta por cada país:

Ainda no Visual Capitalist, temos três diferentes formas de medir as dívidas soveranas:

Prevendo terramotos com telemóvel

Os sensores de um telemóvel são coisas maravilhosas! Temos à mão de semear equipamentos muito sensíveis, sendo o acelerómetro certamente um desses sensores mais interessantes. Tão interessante que andava para fazer uma experiência sobre tremores, seja dos carros  que passam na rua, até mesmo tremores de terra.

Acontece que o meu planeamento foi interrompido hoje com um artigo do Slashdot sobre a app MyShake. Parece que a app já detectou umas centenas de tremores por esse Mundo fora, nalguns casos vários segundos antes deles ocorrerem.

No meu caso, já instalei. Parece um pouco limitada, mas vamos ver no que dá?

Semáforos Intermitentes

Este fim de semana dei por mim a ter que parar em vários semáforos, porque estavam naturalmente vermelhos. Acontece que ficamos todos chateados quando percebemos que aquilo é tudo uma perda de tempo, dado que mais ninguém está a usufruir do semáforo que está verde.

Este tema chateia-me solenemente. A estupidez dos semáforos devia merecer alguma atenção numa idade em que saem notícias de várias conquistas tecnológicas, e em que os Media falam dos sucessos de eventos como o Web Summit… E, entretanto, continuamos comandados pela estupidez dos semáforos… É verdade que há já alguns exemplos de inteligência, como referimos neste artigo.

Há pequenos ajustamentos que se podiam fazer a esta tecnologia datada, com grandes vantagens. Um deles é passar uma série de semáforos a intermitentes, fora do período em que servem efectivamente para alguma coisa. Conheço, por exemplo, uns que ficam em frente a umas escolas, totalmente justificados, quando há aulas. O problema é que continuam a confundir o trânsito durante a noite e madrugada, e fins de semana, quando não há qualquer criança por perto. E muitos exemplos semelhantes se encontram.

Resultaria desta simples programação uma série de benefícios. Obviamente, de tempo. Depois, numa redução dos consumos, com a consequente redução de emissões, que todos agradecemos. Noutras paragens, parece que aumenta mesmo a segurança em geral.

E, para aqueles preocupados com a segurança, é preciso dizer que também há acidentes quando os semáforos funcionam. Eu, sempre que vejo um semáforo intermitente, tenho até mais cuidado de que quando eles estão verdes…

Antepassados dos Estados Unidos

Hoje terminam as eleições nos Estados Unidos. Mas não é naturalmente disso que vamos falar aqui.

É um país fascinante, mas sem uma História longa como a nossa. Porque basicamente foi um país de emigração, e que cresceu na base da mistura de muitas raças e até línguas.

A diversidade dos antepassados dos actuais Americanos está muito bem descrita neste artigo. Foi aí que obtive o link para o mapa abaixo, retirado deste documento dos Censos Americanos. Aí se pode ver que a influência dos Portugueses até é pequena, e embora sejam mais de um milhão os Portugueses e descendentes naquele País, só representavamos 0.4% da população americana em 2000. Ainda assim, somos 8.7% da população de Rhode Island, e os de maior percentagem em dois condados, curiosamente com o mesmo nome de Bristol County, um em Rhode Island e outro em Massachusetts.

Antepassados por condado dos Estados Unidos

Antepassados por condado dos Estados Unidos

Probabilidades do Euromilhões?

Já aqui abordamos várias vezes o Euromilhões. Os leitores atentos conhecerão o artigo sobre o nosso melhor conselho sobre como ganhar no Euromilhões: não jogando! Também referimos a evolução dos pequenos prémios, e antes havíamos referenciado alguns dos impactos derivados das alterações efectuadas em Maio de 2011.

Depois das alterações de 2011, o Euromilhões voltou a sofrer alterações há cerca de um mês. As mais badaladas foram obviamente o aumento do valor da aposta para 2.50€, um aumento de 25%! Com muita publicidade ao Milhão, a maioria dos jogadores não terá percebido o que aconteceu…

Para mim, o mais relevante que aconteceu foi a introdução de mais uma estrela, a 12ª estrela. Foi enfiada à socapa, mas isso é o mais relevante! Com mais uma estrela, as probabilidades de acertar na chave completa passaram a ser de 1 em 139 838 160. Como as probabilidades anteriores eram de 116 531 800, é fácil de ver que as probabilidades de acertar no Euromilhões passaram de repente a serem 20% (exactamente 20%, o que é óbvio em termos matemáticos!) piores do que já eram, e que já eram piores que más!

Se olharmos para a versão inicial do Euromilhões, prévia a 2011, a coisa fica ainda mais preta! Na altura, a probabilidade de acertar no Euromilhões era de 1 em 76 275 360, o que significa que agora é 83.3% mais difícil acertar que há 5 anos atrás! Para mim, intuitivamente, o recente aumento de uma estrela só deverá ter um único significado: os Europeus devem estar a jogar cada vez menos, pelo que este terá sido uma forma de tentar manter as receitas neste jogo. É que isto determinará cada vez mais jackpots, a única motivação que continuará a atrair as pessoas ao jogo. Vou ter que escavar mais fundo para ver se isto será verdade…