Dois dias de trânsito em Lisboa

Nos últimos dias, tenho sido uma das vítimas das obras do viaduto sobre a segunda circular. O que me levou a pensar em como poderia verificar isso no Google Traffic, que já havíamos abordado neste artigo.

Giro, giro, pensei, era ver isto numa animação. Meu dito, meu feito. O resultado é o vídeo abaixo, que mostra o trânsito na região de Lisboa, nos passados dias 23 e 24 de Janeiro.

Das entradas em Lisboa, a Ponte 25 de Abril é a primeira a registar complicações no trânsito, logo depois das 7 da manhã. Seguem-se a A5 e o IC19, com comportamentos distintos nos dois dias. As outras vias de Lisboa rapidamente também registaram congestionamentos, especialmente no dia 23, dia em que se registou durante a manhã uma greve parcial do Metro. E dá para perceber que as obras do viaduto pedo-ciclável estão realmente a influenciar muito negativamente o trânsito…

E, da visualização desta animação, vem-me logo à cabeça formas de optimizar o trânsito de Lisboa, para que as pessoas pudessem poupar muito tempo da sua vida…

Economizadores de energia são inúteis

Aparelhos testados pela DECO

Aparelhos testados pela DECO

Há já muito tempo havíamos falado sobre as falsas protecções contra sobrecargas. Mais recentemente, a DECO confirmou que o G-NER-G não só não poupa, como alerta para o perigo de choque.

Nos últimos tempos, e até em função da subida dos preços de electricidade, as promessas de poupança de alguns equipamentos similares tornaram-se surreais. Há de tudo, com promessas de poupanças até 75%, o que devia levar à imediata desconfiança de qualquer comum dos mortais.

No outro dia, o nosso leitor Leonardo Miguel alertou-nos para um estudo da DECO sobre este tipos de produtos, nomeadamente o Energy Saver Pro, Mister Plugins e Intelligent Power Saver. A DECO considera-o um caso de publicidade enganosa, tendo alertado a ASAE e denunciado o caso à Direcção Geral do Consumidor.

Há muitos mais produtos como estes na Internet, mas como não há princípios físicos que suportem tais poupanças, são repetidamente desmistificados. A regra a seguir é muito simples: nenhum aparelho deste género trará poupanças a nível doméstico!

Mercado Liberalizado da Electricidade: mais do mesmo

Com a enorme subida de preços do kWh, voltei a ver se o Mercado Liberalizado da Electricidade teria finalmente acordado. Já havíamos efectuado esse trabalho há um ano atrás. Mais valia estar quieto, mas já que fiz o exercício, aqui vão os resultados da pesquisa. Como podem comprovar, as poupanças são absolutamente negligentes, sobretudo no contexto dos recentes aumentos da ERSE.

A Endesa, que ganhou o leilão da DECO do ano anterior, para começar tem os preços desactualizados, como podem ver neste link. Ele está acessível do lado esquerdo do site, clicando-se em “Tarifa Luz Endesa para domésticos” aparecendo depois do lado direito o link “Ver condições da oferta”. Uma vez contactados, disseram-me que não dão desconto sobre o preço do kWh, mas apenas 15% no termo de potência.

Os tarifarios da GALP Energia também não têm descontos no preço do kWh. Dão apenas desconto no termo fixo, de 10%, 15% e 25%, nos Planos Base, Online e Comfort, respectivamente. Os valores do kWh são os mesmos do mercado regulado.

Na EDP, o cenário é um pouco mais complexo. Dão descontos, que aparentemente incidem sobre o termo de potência e valor do KWh. Com o Casa Click, o desconto é de 3% para os tarifários simples, mas de apenas 1% para os tarifários bi-horário, inferiores a 6.9 kVA, nos quais me incluo. O tarifário Casa é pior, com descontos de 1% para os tarifários simples, ou 2% se se optar pelo pagamento em débito directo. No bi-horário, para dispor do desconto de 1% é também necessário autorizar o débito directo. A EDP é clara quando diz que “os descontos incidem sobre as tarifas reguladas”.

A Iberdrola, nas suas tarifas domésticas, regista exactamente os mesmos valores de potência do Mercado Regulado, e no preço do kWh não regista valores inferiores aos do Mercado Regulado, registando mesmo alguns valores superiores!

Desmontando os argumentos da ERSE

Agora, que os Portugueses começam a receber as primeiras facturas de electricidade de 2014, já com os valores de kWh deste novo ano, todos se começam a aperceber do enorme barrete que nos foi impingido!

Já havíamos também aqui analisado que uma das justificações para esse aumento era a descida do consumo, que afinal não se verificou.

Hoje, estamos em condição de desmistificar mais um dos argumentos da ERSE. No comunicado de justificação da subida de preços, a ERSE anuncia como o principal factor para a subida de preços, no final da página 3:

  • Os custos associados à componente de energia em 2014 permanecem num nível tarifário elevado em resultado dos preços da energia primária nos mercados internacionais, designadamente do Brent, com implicações no preço do gás natural. Sendo as centrais de ciclo combinado a gás natural a tecnologia tendencialmente marginal no MIBEL, o custo variável de produção de eletricidade destas centrais a partir de gás natural constitui o custo de oportunidade da componente de energia e consequentemente pressionam os preços de energia no MIBEL.

O problema, é que no documento mais extenso, se explica a importância do factor preço de petróleo. Atente-se no que é dito nas páginas 66 e 67 do PDF:

  • A evolução do preço de energia elétrica no mercado spot ibérico e o preço do petróleo tem apresentado alguma correlação, como é percetível na Figura 3-10, principalmente até 2009. Desde então, verifica-se um distanciamento entre a evolução dos preços de energia elétrica no mercado spot ibérico e a evolução do preço do petróleo.
  • A observação da Figura 3-11 reforça a conclusão de que o impacte do preço do petróleo na formação do preço de energia elétrica é cada vez menor.
  • Observa-se igualmente que a amplitude do aumento do preço do petróleo tem-se refletido de uma forma cada vez menos acentuada no aumento do preço da energia elétrica.

E agora, em que é que ficamos? Para subir os preços, o preço do petróleo é determinante. Mas, na correlação entre o preço do petróleo e o preço da electricidade, há muito que ela não se verifica!

Portanto, a electricidade tem que subir porque o preço do Brent se vai manter alto, mesmo que este já não tenha grande correlação com o preço da electricidade??? A própria imagem abaixo, retirada da página 67 do PDF anterior é muito clara:

Relação entre preço do Brent e preço da electricidade no mercado

Relação entre preço do Brent e preço da electricidade no mercado

Sem travar não é o mesmo que cruise-control

Cruise Control

Cruise Control

O estilo de condução sem travar é muitas vezes confundida com a utilização do cruise-control. Todavia, são duas formas de condução totalmente distintas!

A utilização de cruise-control pressupõe a condução a velocidades estáveis, ou mesmo constantes. Na condução sem travagens, as variações de velocidade tendem a ser uma constante, especialmente em cenários de maior tráfego. Aliás, nestes cenários, a utilização de cruise-control não é recomendada!

Conduzir sem travar significa que temos normalmente que acelerar e abrandar, para nos adaptarmos ao ritmo do trânsito. A única circunstância em que são comparáveis é em cenários de ausência de tráfego, como é característico de muitas autoestradas portuguesas.

Martelar as estatísticas

O PIB não sobe tanto quanto queremos? Já não basta a prostituição e o comércio de drogas contarem para o cálculo do PIB?

Se não sobe, arranja-se forma de subir! Foi assim que os Estados Unidos fizeram nos últimos anos. Não admira que digam que a Economia dos Estados Unidos está a subir…

Por cá, vai ser a mesma coisa! Por cá, entenda-se Europa. E ao contrário do que possam estar a pensar, a ideia não vai beneficiar aqueles países aldrabões contabilísticos do Sul da Europa, mas o contrário! É que há quem vá ver o seu PIB subir cerca de 5%, enquanto o nosso vai subir “apenas” 2%

Dilbert martelando estatísticas

Dilbert martelando números