PiPhone


Os blogs tecnológicos estavam ao rubro com esta maluqueira. Um senhor fez um telemovél a partir de um raspberry Pi. Já sabem que tudo o que meta um Pi que seja é motivo de alegria também para mim e por isso lá fui como os outros todos ler o que o senhor David Hunt tinha andado a inventar.

O video mostra um telemovel feito com um Raspberry Pi, completo com ecrã TFT tátil e bateria recarregável. O  conjunto é muito semelhante ao protótipo do primeiro iPhone e faz lembrar o projeto de montar o nosso próprio telemóvel, mas menos pulido.

O resultado final não é sequer utilizável no dia a dia porque, como diz o autor da proeza no próprio video, o conjunto aquece bastante e não seria boa ideia fechá-lo numa caixa. Do aspeto da coisa, não seriam apenas os chips do RPi que fritariam, mas também os miolos do utilizador.

O conjunto, como reporta o próprio autor, não se fica por aqui. O custo conjunto das peças, e sem somar a mão de obra qualificada que concebeu e contruiu, ficou-se pela módica quantia de $158. (Serão dollars americanos?)

Os resultados do Benfica e a economia

Taxa de crescimento (%) do PIB a preços constantes (base=2006) em Portugal  com valores coloridos por troféus conquistados pelo Benfica

Taxa de crescimento (%) do PIB a preços constantes (base=2006) em Portugal
com valores coloridos por troféus conquistados pelo Benfica

Sem qualquer explicação racional, tenho um carinho pelo futebol do Benfica. Isto contraria toda a racionalidade em que enquadro as minhas decisões, vá-se lá saber porquê… Mas há outras coisas que não podem contrariar a racionalidade sem que eu deixe de me questionar: “Será mesmo assim?”

As lendas do glorioso avolumam-se em torno dos seus desportistas heróis, mas também em torno dos benefícios que a nação benfiquista transborda para a nação portuguesa. Ora a tese que é mais comum ouvir é de que as vitórias do Benfica beneficiam o país e que este cresce de forma relacionada com o clube do meu coração.

Para verificar esta fé, juntei os dados da variação do PIB recolhidos no Pordata à data de 9 de abril de 2014 com a invejável lista de competições ganhas do Sport Lisboa e Benfica de forma a procurar uma relação entre ambas. Os valores encontrados no palmarés futebolístico do Benfica já seriam dignos de nota, mas o nosso desporto é outro.

O Benfica ganhou 84 troféus entre 1910 e 2014:

  • Campeonato de Lisboa (Entre 1906/07 e 1946/47)
  • Campeonato de Portugal (Entre 1921/22 e 1937/38)
  • Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga
  • Supertaça “Cândido de Oliveira
  • Taça “Ribeiro dos Reis” (Entre 1961/62 e 1970/71)
  • Taça da Liga – 4 Títulos
  • Taça de Portugal – 24 Títulos
  • Taça dos Campeões Europeus / Liga dos Campeões
  • Taça Ibérica

Em todos os anos entre 1980 e 1985 o Benfica ganhou 2 troféus em simultâneo e entre 2009 e 2012 conquistou sempre a taça da liga.

Sobre os valores de variação do PIB, o A.Sousa já nos explicou como estes podem ser calculados ao gosto do freguês, razão pela qual optei por apresentar o primeiro que encontrasse no Pordata. O resultado do cruzamento entre a existência de vitórias do Benfica e a variação do PIB é que o gráfico ilustra.

Para validar a teoria de que o Benfica daria um bom catalizador do nosso sucesso o que teríamos de encontrar era uma relação constante entre a variação positiva ou negativa do PIB e as vitórias do clube do nosso coração.

O que o gráfico parece mostrar é outra coisa. Pintámos a vermelho, a cor da nossa alma, as variações do PIB dos anos em que o Benfica conquistou 1 ou mais troféus e a cinzento as que o Benfica, para nossa angústia e sofrimento, não conquistou quaisquer troféus.

Embora não seja observável pela análise visual do gráfico, nem no mesmo ano, nem no ano seguinte, uma variação positiva coincidente com as competições ganhas do Benfica, o que vamos encontrar é uma relação entre os maus resultados do Benfica e as variações mais fracas, ou mesmo negativas, do PIB nos anos em que o Benfica não conquistou quaisquer troféus.

A critica a esta observação poderá dizer que não será este o único fator que provoca a variação do PIB. Para esta critica a minha resposta é um lacónico “Sim”, mas o que é que isso interessa agora?

97º ardil: o dos lemmings que não se suicidam e do Benfica que não melhora a economia

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana ouvimos os mitos da nossa juventude a ser desfeitos com a revelação de que afinal os lemmings não se suicidam e que os troféus do Benfica não melhoram a economia.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes

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O trabalho extraordinário reduz o valor do nosso produto de trabalho


O trabalho extraordinário é ou não fator de redução de produtividade? É ou não um fator do aumento de defeitos resultantes do nosso trabalho e da redução da nossa eficiência pessoal. Uns vão argumentar que não há valores quantitativos que permitam provar que exista um impacto direto nos trabalhadores e outros que isso reduz a capacidade de resposta do trabalhador logo nos dias a seguir.

Primeiro os conceitos a ter em conta, segundo a Wikipedia:

  • A produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os factores de produção utilizados. A produção é definida como os bens produzidos(quantidade de produtos produzidos). Os factores de produção são definidos como sejam pessoas, máquinas, materiais e outros. Quanto maior for a relação entre a quantidade produzida por factores utilizados maior é a produtividade.
  • Eficiência ou rendimento refere-se à relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados.
  • A eficácia mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficaz é conseguir atingir um dado objectivo.

Neste video que estava destacado no Lifehacker o tema é apresentado em tom de brincadeira em modelo Ted Talk. O tom ajuda a manter o ambiente leve, mas se estiverem com atenção aos slides e seguirem o link que lá aparece podem ler o estudo que avaliou quantitativamente os impactos do trabalho extraordinário na construção civil. O estudo apresenta a conclusão retirada da análise ao resultado da recolha de dados durante 121 semanas de trabalho em vários projetos de construção.

A conclusão aponta para percas de eficiência com valores entre os 10% e os 15% para cada trabalhador que participou em horários de trabalho entre as 50 e 60 horas semanais. Estas conclusões foram consideradas válidas para projetos de construção em que a gestão determinou pelo aumento de horas para acelerar os resultados do projeto. Os efeitos desta decisão não são visiveis geralmente na primeira e segunda semana, mas posteriomente os resultados por trabalhador começam a variar com maior frequência sem que se possa apontar para outras variáveis como sendo causadoras dessa perda de produtividade.

A apresentação aponta também para uma questão económica a que chamaram a Lei dos rendimentos decrescentes. Isto não é nenhuma novidade para quem lida com os problemas da economia, mas aparentemente é ignorado por alguns agentes económicos, apontando-se outras razões como consequências dos problemas com a eficiência no local de trabalho.

A Lei dos Rendimentos Decrescentes é uma teoria que expressa a relação econômica da utilização de unidades adicionais de trabalho. Também conhecida por lei das proporções variáveis ou lei da produtividade marginal decrescente, esta lei afirma que, em todo processo produtivo, se a quantidade de um insumo for aumentada e a quantidade dos outros insumos permanecer constante, a produção total por insumo irá cair. Isso não quer dizer, entretanto, que a produção total vai cair.

A questão de chamarem “lei” a uma consequência fica para outra ocasião, mas a realidade é que o que se pretende explicar é a consequência de aumentar uma variável do trabalho. Se esta alteração não for acompanhada por outra variável como a técnica, então os resultados irão decrescer.

Pessoalmente defendo a cadência e previsibilidade dos horários de trabalho. Faço-o porque acredito que o meu corpo responde melhor aos horários de refeição e de sono estáveis, mas também porque gosto daquilo que faço depois do trabalho. O nosso dia só tem 24 horas e temos de os valorizar ao máximo. Trabalhar mais, dormir menos, comer fora de horas e puxar por nós ao máximo pode trazer-nos resultados espetaculares no imediato, mas como compensaremos os erros e defeitos que vamos provocar quando começarmos a fazê-lo por sistema?

Não perca tempo no trabalho com redes sociais

Estou curioso para ler um novo estudo que vem afirmar que o uso das redes sociais da internet podem não ser benéficas nos locais de trabalho. Pessoalmente, sou um guardador feroz do meu tempo. Meço-o e controlo-o porque o meu ritmo e o meu tempo disponível ditam os meus resultados finais. As interrupções e alterações de horário alteram-me a cadência de saída, impedem a previsibilidade e por isso, impedem-me de gerar os resultados que são esperados de mim.

Embora as redes sociais da internet e os seus benefícios sejam largamente publicitados para os locais de trabalho, não conhecia comprovativo empírico sobre qual era realmente o resultado da sua utilização. A minha desconfiança era que esta tentativa de levar a minha atuação profissional para as redes sociais da internet não passava de outra jogada para disputar o meu já escasso tempo e para me apresentar ainda mais propaganda.

O estudo a que me refiro foi composto pelo resultado de 3 inquéritos e pretende avaliar se as redes sociais serviam para aquilo que as pessoas pensavam:

  • Manter contactos;
  • Chegar a novos clientes;
  • Participar em comunidades;
  • Comunicação interna;
  • Gestão de reputação;
  • Obter soluções; e
  • Apoio para resolução de problemas.

A recomendação do autor é no sentido de genericamente impedir o acesso a redes sociais na internet por não se conseguir relacionar o melhor desempenho dos colaboradores com o seu acesso às redes sociais:

These findings suggested that simply granting employee access to social media is unlikely to improve job performance unless a specific plan is in place to take advantage of the capabilities it provides. In fact, permitting employee access to social media broadly may be generally harmful to job performance and cannot be recommended based upon these results.

A minha curiosidade em ler o estudo é no entanto limitada por não esperar encontrar nada de definitivo. O estudo baseia-se em vários inquéritos feitos em 17 locais de trabalho. O próprio negócio poderá limitar ou não a necessidade de manter as redes sociais na internet. Algumas redes sociais funcionam bem melhor frente-a-frente ou em quando existem realmente projetos e objetivos para manter o grupo de coeso.

Por outro lado, o uso das redes sociais da internet como forma única de trabalho de algumas comunidades de desenvolvimento de projetos de software livre e aberto trouxeram-nos melhorias para projetos como a instalação do sistema operativo Apple em PC (Hackintosh), algo que ninguém imaginaria e que é hoje uma realidade. Para equipas dispersas territorialmente e com objetivos bem definidos, parece ter funcionado quando as ferramentas online se mostram operacionais, mesmo que visualmente pouco atrativas.

A utilização do que a internet nos oferece depende também em muito do objetivo. A boa prática é não andarmos a misturar uns objetivos com os outros por questões meramente matemáticas relacionadas com a limitação que o dia tem de ter apenas 24 horas.

96º socialoexcluído: a da perda de tempo com o Facebook, das horas extraordinarias por sistema e do ódio ao Windows 8

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana dissemos mal de tudo e todos. Maldissemos o Facebook e outras redes sociais no horário de trabalho. Culpámos o uso repetido das horas extraordinárias pela falta de produtividade dos recursos humanos.

Terminámos a teimar com o novo interface gráfico de utilizador do Windows 8 e a cacanhar de como toda esta mudança é sem justificação e ganho.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes

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