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Grana Padano: ralado ou inteiro

Grana Padano

Grana Padano

Quem acompanha os podcasts do Poupar Melhor já me deve ter ouvido falar do queijo Grana Padano. Vou ao Lidl há muito tempo e é este o queijo que compro para compor as massas que fazemos.

Quando fui comprar o queijo desta vez decidi procurar aqueles detalhes de que falamos às vezes aqui no Poupar Melhor. Se repararem no preço por quilograma vão ver  que o Grana Padano ralado custa muito mais por quilograma que o queijo por ralar:

  • Ralado = €19,90; e
  • Por ralar = €14,45.

A diferença por quilograma é substancial. A embalagem de queijo ralado só tem 100 grama, enquanto a de queijo por ralar tem 200 gramas. Como gostamos bastante de queijo aqui em casa, cortamos umas fatias muito finas de Grana Padano que  comemos enquanto bebemos um pouco do vinho tinto que sobrou da refeição.

A minha dúvida aqui é: sabendo que ninguém aqui em casa come queijo ralado à colherada, será que o queijo ralado duraria mais tempo ou menos tempo que o queijo por ralar.

É claro que a dúvida não será essa, mas perceber a razão que leva a cobrar mais por um queijo já ralado quando a versão por ralar no permite obter muito mais prazer que a versão ralada.

Análise económica à Powerwall em Portugal

No último podcast do Poupar Melhor falamos sobre o lançamento da Powerwall pela Tesla. Surpreendentemente, ou talvez não, ainda não vi nenhuma referência à viabilidade económica duma solução destas em Portugal.

Digo surpreendentemente, porque Portugal teria boas condições para que uma solução destas fizesse sentido. Temos uma das energias eléctricas mais caras do Mundo, ou pelo menos a mais cara da Europa em termos de poder de compra. E em termos de valor absoluto, não é a mais cara, mas uma delas. Se associarmos a isso que dominamos nas energias renováveis (o que não é necessariamente bom), seria natural que a Powerwall pudesse vir a ser um sucesso em Portugal…

Os cálculos que vou fazer a seguir são baseados nalgumas premissas, algumas como verão, bastante abonatórias para a solução. E são válidas para uma Powerwall, porque para uma casa normal, dada a limitação do consumo a 2 kWh, teria que se comprar quase certamente mais que uma… Outras premissas poderão não estar associadas à solução, mas à falta de informação concreta, terei que as introduzir.

A primeira premissa, que engata logo umas contas normais, é que o preço da Powerwall seria apenas parte do preço final. Haveria que considerar os custos de instalação, nomeadamente a de ligar este pequeno armário à instalação eléctrica de uma casa. Para além de partir paredes, instalar cabos e o trabalho de um electricista muito qualificado, muitas fontes na Internet revelaram o óbvio: que será necessário comprar também um inversor. E não me parece que a Certiel não deixasse de ter uma palavrinha a dizer… Enfim, vamos simplisticamente assumir que o custo seria de 3000 €, pela versão de 7 kWh, a que permite ciclos diários de utilização.

O primeiro cenário de utilização que vou abordar é o de utilizar a Powerwall como acumulador de energia, tirando partido da diferença de preço da electricidade na tarifa bi-horária (tri-horária não me parece que trouxesse vantagens neste caso). Recordemos que este tipo de tarifa é cada vez menos competitiva, e tem sido marginalizada pelas ofertas do mercado liberalizado. Esta espécie de arbitragem, a preços do Mercado Regulado para 2015, permitiria um ganho de aproximadamente 10.76 cêntimos por kWh (0.1076=(0.1853-0.0978)x1.23).

Neste primeiro cenário, descontando custos de capital, amortizações, custos de manutenção e tudo o resto que se possa imaginar, teríamos que consumir cerca de 27881 kWh de electricidade (27881=3000/0.1076) para a Powerwall se começar a justificar minimamente. Se considerarmos que o consumo médio de uma família portuguesa é de 2500 kWh, então a garantia de 10 anos desta solução não serve o consumidor típico…

Num segundo cenário, vamos admitir que conseguimos produzir electricidade de borla, ou a custos marginais, o que obviamente ainda não existe. Assim, deixaríamos de pagar electricidade à EDP (bem como a taxa de televisão), e neste caso assumimos, por simplicidade, a tarifa simples do Mercado Regulado, e que é neste momento de aproximadamente 0.1952 cêntimos por kWh (0.1952=0.1587×1.23). Neste cenário, o custo da Powerwall começaria a justificar-se minimamente a partir da produção de 15369 kWh de electricidade gratuita…

Em qualquer cenário, há todavia outra limitação. A Powerwall tem uma eficiência de 92%, pelo que por cada 100 kWh que lá metermos, só sacamos 92 kWh. A isto haveria que somar as perdas do inversor. Acontece também que as baterias de iões de lítio não devem ser descarregadas abaixo dos 40%, pelo que cada dia que passa só iremos realmente utilizar, na melhor das hipóteses, a bateria em 50% da sua capacidade, ou seja em 3.5 kWh por dia. Ora, na vida garantida da bateria, que é de 10 anos, teremos a capacidade de utilizar qualquer coisa como aproximadamente 12775 kWh de electricidade (12775=3.5x365x10). Um valor inferior aos anteriores, pelo que inviabilizando tecnicamente a sua utilidade.

Na verdade, muitos mais factores distorcem esta análise simplista. A primeira é a da subida dos preços da electricidade, porque sim. Depois, este comportamento assume que a própria solução não afecta o comportamento do sistema, conforme referimos no artigo do Powerwall. Os donos de instalações fotovoltaicas podem igualmente ter muito a perder com esta opção. Mas, para mim, a principal questão é que vivemos certamente o início de uma era em que vai haver substancial desenvolvimento nesta área. E não tem que ser baterias de iões de lítio! Estas são muito populares porque são leves e assim adequadas para portáteis, telemóveis e carros eléctricos. Mas não tem que ser assim para uma coisa que fique encostada a uma parede… E daqui a muito pouco tempo, num futuro não muito distante, esta solução será rapidamente ultrapassada, qual autêntica Lei de Moore, como podem ver pela imagem abaixo, retirada deste artigo da Nature. Por isso, outros que a comprem, e que não subsidiemos os ricos que o façam

Evolução do custo

Evolução do custo de baterias em carros eléctricos

Vale a pena comprar um cabo HDMI mais caro?

Cabo HDMI

Cabo HDMI

A pergunta é simples: vale a pena comprar um cabo HDMI mais caro? A resposta simples é: Não vale a pena comprar o cabo HDMI mais caro da loja. O mais barato faz o mesmo serviço.

Recentemente um amigo queixou-se da qualidade da imagem na sua televisão vinda da Iris, a box da Nos. Analisadas as ligações deparei-me com uma ligação EuroSCART/SCART/EuroAV à televisão. Esta ligação analógica não produzia realmente o melhor resultado. O próprio formato tem limitações de velocidade, o que não dá um resultado aceitável para aproveitar a alta definição.

Decidimos por isso que o melhor caminho seria substituir o cabo antigo por um com velocidade suficiente para carregar os dados da televisão HD e assim poder usufruir da qualidade do aparelho em todo o seu esplendor.

Quando se procura por um cabo HDMI podem encontrar muitos preços, formatos, blindagens… Enfim, o suficiente para encher de dúvidas qualquer um que apenas queria comprar um cabo:

  • Será que necessito de blindagem?
  • Será que tenho de ter conectores dourados?
  • A qualidade da imagem reduz com a dimensão do cabo?
  • Será que vale mesmo a pena comprar um cabo mais caro?

Enquanto aparentemente o preço varia com mais dourados, menos dourados, mais tamanho, menos tamanho, o que interessa aqui saber é se a variação do preço corresponde a uma qualidade superior quando pagamos mais.

O site Tested procurou a diferença entre um cabo barato e um cabo dos mais caros. Pegaram em 4 cabos com preços entre os €5,00 e os €200,00 e testaram a qualidade da imagem apresentada na mesma televisão para cada um deles. A decisão foi baseada na medição da intensidade de luz e o resultado está resumido nos quadros abaixo.

Resultados do Tested para a comparação de cabos HDMI

Resultados do Tested para a comparação de cabos HDMI

Como é possível ver até nos gráficos, os valores quase não variam entre os dois testes. O mais provável é não valer a pena gastar muito dinheiro nos cabos HDMI.

Reduflação

O título deste artigo é uma tentativa de traduzir do termo inglês “shrinkflation”. Não é a tradução perfeita, mas não soa mal… Mas, então o que é a reduflação?

O trocadilho roda à volta do conceito inflação/deflação. Bem como da redução daquilo que compramos. O Daily Mail inglês tem andado a divulgar uma investigação da Which?,  e para perceberem um primeiro exemplo de reduflação, vejam os seguintes chocolates, retirados deste artigo:

Chocolate rectangular vs. arredondado

Chocolate rectangular vs. arredondado

Os redondos até parecem mais bonitos, mas na verdade são 14% menos chocolate de que os antigos rectangulares. No mesmo artigo, apresenta-se uma tabela das reduções observadas em vários produtos:

o que reduziu?

o que reduziu?

Lá por fora, a Which? entregou uma queixa nas entidades oficiais. Na verdade, trata-se de mais uma prática que visa esconder a realidade. Até os cabazes das Autoridades Estatísticas Nacionais devem ser fintados…

Não sei como estão as coisas cá pelo burgo neste aspecto, mas provavelmente também tenho vindo a ser enganado. São alterações tão subtis, que é muito difícil nos darmos conta delas. O leitor sabe de algum exemplo de reduflação em Portugal?

Porque medimos e recolhemos dados

Lâmpada flexível de LEDs

Consumo de uma lâmpada de LED

Quando tentamos controlar as nossas despesas, começamos a medir tudo indiscriminadamente. O nosso desconhecimento do que se se está a passar é total e traumático. Sentimos que algo está mal. Desconfiamos de onde seja, mas não temos factos recolhidos suficientes para tomarmos uma decisão.

Medimos os consumos de bateria, o custo da gasolina, os kilometros que fazemos e o dinheiro que gastamos. Temos tudo controlado em nome da eficácia das decisões. Entretanto esquecemos-nos da eficiência do nosso tempo.

Medir tudo pode parecer boa prática, mas de nada nos ser medir se a análise dos dados não nos puder trazer qualquer informação que não pudéssemos saber apenas pela análise da informação existente. Então porque é que medimos? Então para que guardamos os dados de medida?

Medimos porque não confiamos na informação dos fabricantes, não confiamos na conta da luz que nos apresentam ou não confiamos em nós mesmos. Guardamos os dados porque queremos saber quais são as variações que ocorrem e identificar que fenómenos nessas medidas não têm explicação imediata.

  1. Se medimos para verificar, então a medida só deve ser feita nos equipamentos e serviços que haja desconfiança.
  2. Se pretendemos estudar a razão por trás de um fenómeno, primeiro temos de ter essas medidas recolhidas.

Então, num projeto ideal, colocamos equipamentos de medição em todas as tomadas? Ligamos sensores na casa toda? Como é que posso saber o que varia de forma não esperada sem medir?

Em cima disto tudo há que ter em conta o custo dos equipamentos de medida, aquilo a que chamarei sondas, de analisar os dados recolhidos para perceber as suas e de concluir pelos modelos preditivos que me permitirão tomar melhores decisões. Estes custos podem soterrar qualquer benefício que pensássemos vir a obter no uso de equipamentos de medida.

Turismo feminino

Muitas vezes assumimos que o resto do Mundo é como o nosso, e que viajar é sempre uma experiência positiva. A leitura de um artigo do Daily Mail fez-me lembrar que nem tudo será seguro, especialmente do ponto de vista da turista feminina… E eles não se estão a referir a países que tem estado ultimamente nas notícias, onde obviamente nem sequer é aconselhável a visita a turistas masculinos…

O artigo refere alguns sites que na Internet nos elucidam mais sobre o assunto. Achei o International Women’s Travel Center um site particularmente útil. Mas mais interessante foi registar a opinião de Stephanie Yoder, uma blogger que percorre extensivamente o planeta. Num seu artigo, desmistifica a noção de que determinados países são um problema, relatando a sua experiência, e de outras bloggers, nesses países. Outra mencionada é a blogger Amanda Williams, que respondeu no Facebook que o assunto real é a violência contra as mulheres em geral, e não propriamente contra as turistas, especialmente as que viajam sozinhas…

Não mencionadas no artigo, bloggers como Shannon O’Donnell dão-nos uma visão feminina sobre os reais riscos que se correm ao viajar: o risco maior parece continuar a ser o de ter um acidente de tráfego… Mas como o refere Alison Vingiano, temos que aceitar e nos adaptar à realidade de onde nos deslocamos, em vez de desafiramos a existência de preconceitos culturais desses locais. E a parte mais completa desta argumentação é que isto obviamente aplica-se também aos homens…