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Até quando é que os nossos tablets vão funcionar?

PC Velho

PC Velho

Tenho uma dúvida que me corrói. A lógica diz-me que parte da lentidão acumulada nos equipamentos que possuo está em parte na perceção. O que não aceito é que esteja tudo nessa mesma perceção. Não tenho nada concreto. Apenas uma continuada desconfiança que decidi hoje colocar aqui em forma de pergunta: até quando funcionarão os nossos tablets?

O que começou com um enorme crescimento nas vendas, abrandou recentemente. Os fabricantes para continuarem a vender novos tablets com melhores processadores e maiores capacidades de armazenamento terão de apresentar inovações tecnológicas. Na falta destas inovações, os fabricantes estarão incentivados a programar o software de suporte dos seus equipamentos com maior ineficiência na utilização dos recursos disponíveis (gastar mais bateria, demorar mais tempo a abrir uma aplicação…).

Pegando nesta teoria, haverá mais. Com menos vendas, e como a manutenção dos sistemas operativos destes equipamentos não é explicitamente paga, haverá menos dinheiro para a fazer. Por consequência, com a redução de recursos para a manutenção, a lógica é que o resultado será o de piorar o desempenho dos equipamentos. As falhas serão corrigidas, mas a que custo.

Isto também será acelerado pela degradação dos valores pagos aos técnicos programadores e pela transferência de investimento para os departamentos de marketing com o objetivo de forçar mais produto para as lojas e daí para os consumidores. Teremos boas campanhas de marketing com presença de conforto em todos os meios, mas maus produtos sem a capacidade de aceitarem a delegação que devemos fazer neles de coisas tão simples como decorar uma morada e um número de telefone.

Incentivados por cada novo problema de segurança que surja nas notícias, os utilizadores que atualizarem o software nos seus sistemas irão percecionar uma degradação do comportamento do seu equipamento. Uma vez que não existe nenhuma predeterminação do termo de vida do equipamento, não se poderá chamar a esta degradação uma obsolescência programada. Estaremos perante um fenómeno semelhante, mas de obsolescência acumulada. Os pequenos defeitos adicionados a cada nova versão do sistema operativo irão gradualmente reduzir a capacidade de resposta do equipamento.

A ciência, segundo Scott Adams

Sou um fã confesso do Dilbert. Já aqui reproduzimos algumas das tiras concebidas por Scott Adams. Por isso, esta semana não fiquei muito surpreendido com a entrada no seu blog, onde se refere aos maiores falhanços da ciência.

Nesse artigo, Scott Adams discorre sobre alguns dos maiores falhanços da ciência, elegendo os temas à volta das dietas e da boa forma física como das maiores falhas, certamente dos tempos modernos. Basta ver a publicidade que por aí grassa, sobretudo na Internet, para perceber que todas as dietas são as melhores do Mundo, e que cada tipo de exercício é melhor que o outro… Talvez também por isso, estes são dois temas que não temos tratado no Poupar Melhor.

Scott menciona um artigo do Mother Jones, que refere que os Americanos estão de costas voltadas com os cientistas. E acho que os Americanos estarão certos em muitos desses aspectos. Uma resposta minha às várias afirmações abaixo, colocou-me mais perto do sentimento dos Americanos que dos cientistas!

Tendo a concordar que muita da ciência que se faz hoje em dia é “a metro”, como costumo dizer. Para mim, o sistema peer-review já não funciona, sendo claramente adepto da sua transição para os modelos mais “on-line” e em tempo real. Quem não acreditar pode começar por ler algumas das seguintes “aberrações”:

Americanos vs. Cientistas

Americanos vs. Cientistas

 

Imprimir notas

A impressão de notas é um tema que raramente é publicamente discutido. Por isso, não percebo muito do assunto. Mas, com o recente avanço do BCE na compra de dívida, em valores astronómicos, resolvi fazer alguma investigação por conta própria. Muita da leitura que vi por blogs, essencialmente políticos e económicos, vai no sentido de que isto corresponde basicamente à impressão de moeda, ie, de notas…

Essa ideia foi talvez sumarizada da forma mais surpreendente por Carvalho da Silva, no JN, que acha que descobri a solução com “Simples de mais para ser verdade?“. E a solução seria o BCE imprimir largas somas de dinheiro e distribuí-lo ao público“, e já agora depositá-lo directamente nas contas bancárias de todos os cidadãos!

Para termos ideia da dimensão do dinheiro que vai ser “criado”, partamos da noção que uma nota do euro terá aproximadamente 0.11 mm de espessura. Não consegui obter o valor exacto, pelo que vou utilizar esse valor. Nas notas usuais de 20€, 1 trilião de euros representa 5500 Kms de notas, sensivelmente a distância de Lisboa a Nova Iorque! Em notas de 500€, representa um conjunto destas notas alinhadas entre Lisboa e Aveiro…

A ideia de que isto resolve algum problema deixa-me siderado! Existem inúmeros exemplos históricos de como imprimir notas não resolve problema nenhum, sendo que me vem imediatamente à memória o exemplo do Zimbabwe. A espiral de impressão só parou quando se atingiu uma nota com 14 zeros. Reparem que se esta nota fosse expressa em euros, dava para fazer 100 planos como os do BCE, o que nos dá uma ideia de que ainda estamos muito longe do Zimbabwe:

nota triliao zimbabwe

Uma nota com muitos zeros…

O problema da impressão de notas tem uma expressão associada em inglês que dá pelo nome de seigniorage. Curiosamente, a expressão é explicada por um professor universitário americano, Jeffrey A. Frankel, com uma experiência vivida há muitos anos em Portugal:

  • It all started at the mid-point of my graduate studies at MIT. In 1976, Dick Eckaus and our other professors packed five of us — Krugman, three other classmates, and me — off to Portugal for a summer. I remember thinking, on the plane going over, “what do we know about advising a government?” The man we were to work for, Jose da Silva Lopes, Governor of the Central Bank, apparently thought the same thing, when we arrived in Lisbon and he saw how young we were. Eventually we proved, both to ourselves and to our host country, that we had something to offer after all.
    One story from that first experience at advising long ago stands me in good stead, every year when I need to explain to my students the concept of seignorage. We were living in hotels. At the end of the first month, we had to pay the bill. But for bureaucratic reasons, the wire transfers we were expecting had not yet come through. We apologetically explained our problem to the Governor. Responding “no problem,” he summoned an aide who took us to the basement where the printing presses were turning out the national currency. They counted out enough escudos to tide each of us over. I don’t know if the Bank of Portugal ran the printing presses for an extra few seconds that day; if so, it was truly seignorage.

Quão seguro é o meu computador?

O A.Sousa conta-nos aqui sobre uma vulnerabilidade que foi encontrada nos conector dos Mac, o Thunderbolt, e que permite ao atacante com acesso físico ao sistema instalar um modo de controlar o computador num nível tão baixo que nenhum antivirus nos protegerá ou poderá remover.

Isto levou-me a procurar mais informação sobre o tema e mais especificamente se o problema era exclusivo do Mac… Não é. O problema está na forma como os construtores de máquinas e programadores fazem a verificação da origem das instruções. No vídeo em baixo vão poder ver a demonstração de como um computador aceita quaisquer instruções que venham de algo que pense se um rato ou um teclado, um ataque que não deixa qualquer tipo de vestígio, mas também necessita de acesso à máquina.

Então, quão seguro é o meu computador? Não sabemos. O problema é mesmo esse. Não sabemos se conhecemos todas as possibilidades de atacar um sistema porque não conhecemos todos os defeitos de um sistema que podem ser usados se não os encontrarmos e corrigirmos a todos. Todos os defeitos que desconhecermos e não fecharmos são os defeitos que podem ser usados contra o nosso sistema.

ISP explica muita coisa!

Este artigo é um aprofundamento do artigo inicial a comparar a evolução do Crude vs. Gasóleo em Portugal. Procuramos depois quantos dias de desfasamento davam origem a uma melhor correlação da evolução entre o Crude e o Gasóleo. Finalmente verificamos que a evolução do rácio entre o Brent e o Gasóleo tinha algumas imperfeições.

Parte dessas imperfeições é função do ISP (Imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos). O ISP é um imposto fixo por litro, ou seja não varia em função da evolução do crude, e que até vai engrossar as receitas do Estado. Manteve um valor de 0.36441 por litro de gasóleo durante o período analisado no gráfico, pelo que uma estabilidade desse valor não explica qualquer variação neste novo gráfico. Noutros locais há referências a um valor ligeiramente distinto, 0.36941, mas para efeito deste artigo continuaremos a utilizar 0.36441 por litro de gasóleo.

O gráfico abaixo continua a evidenciar um rácio, entre o preço do Brent em Euros, e um denominador que consiste no valor do preço por litro de gasóleo, subtraído do valor do ISP. Como se pode observar, existe uma maior linearidade até meados do ano passado, e uma queda abrupta depois:

rfwf34f

Rácio Brent(EUR)/(Gasóleo – ISP)

Em circunstâncias ideais, o gráfico seria uma recta, de preferência horizontal. Tal significaria uma evolução do preço do gasóleo apenas dependente do preço do Brent. Como tivemos hipótese de explicar anteriormente, uma subida dos rácios é boa para o consumidor, enquanto uma descida é má.

Da forma como vejo as coisas, à tendência de subida dos últimos anos provavelmente está associada a introdução de uma maior concorrência, provavelmente associada a uma maior implantação das bombas low-cost. Mas, a enorme descida dos últimos meses revela que os consumidores estão a perder imenso.

Ou seja, pode realmente acontecer que afinal o preço dos combustíveis não esteja realmente a descer como devia…

Quando 94% não é morango, pode chamar-se Sumo de Morango?

6% deste sumo é morango

6% deste sumo é morango

Quando leio os rótulos do que compro sei que estou sempre perante uma oportunidade de ser surpreendido. Uma embalagem que indica ser sumo de pêssego, e sublinha que é 100% sumo de fruta, pode não conter 25% de sumo de pêssego, mas, como ilustra a foto, uma embalagem de sumo 100% fruta com a palavra “Morango” escrita a letras grandes pode conter 6% de morango.

Podemos continuar a chamar-lhe “Sumo de morango” se só tiver 6% de morango?