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O espião na minha televisão

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Digam o que disserem, esta coisa de sabermos que as nossas televisões podem ser usadas para mais do que pensamos é algo que me deixa sempre curioso. A minha televisão é de marca de origem alemã, o que em principio me salvaguardava das macacadas do espião na televisão, mas já sabiamos que desejar algo com muita força não o tornava realidade. A televisão disponibiliza um acesso não autenticado a um conjunto de funcionalidades via HTTP.

Estando a televisão equipada com um conjunto de funcionalidades que lhe permite apresentar vídeos e outra informação proveniente da Internet, a coisa mais natural que pode acontecer é quando acedemos a essas funcionalidades ela comunicar para algum sitio da Internet. O que ela deve ou não dizer, isso é outra coisa completamente diferente.

A televisão de que aqui falámos há algum tempo dizia ao fabricante coisas como o canal que o dono da televisão estava a ver ou o ficheiro que ele tinha colocado a tocar a partir da porta USB. Aqui a pergunta seria, mas para que é que um fabricante quer saber que canal vemos ou o nome do ficheiro que estamos a ver em nossa casa depois de nos vender o aparelho? Perguntas… Perguntas…

Para intercetar a comunicação da televisão com os seus destinatários na Internet liguei-a através de HUB. Hoje em dia já é muito difícil arranjar destes equipamentos porque o seu comportamento permitia alguma promiscuidade das comunicações. Os equipamentos ligados ao mesmo HUB ouvem todos a comunicação, mesmo que não lhes seja destinada. E esta mesmo isto que pretendíamos.

Ligado o HUB ao router da Internet e a televisão ao HUB, bastou-me ligar o portátil ao HUB com o WireShark ligado para começar a ver a informação que circulava entre estes equipamentos. Como tenho outros equipamentos ligados na rede, como o Raspberry Pi, há muita informação que não interessa ler e que surgia no ecrã.

Para apanhar apenas a comunicação da televisão comecei por filtrar no WireShark pelo número IP da televisão:

ip.addr == 192.168.1.10

Com este filtro pude identificar alguns destinatários:

  • Raspberry Pi com Raspbmc;
  • Zonhub;
  • 94.236.46.129;
  • 81.92.239.34;
  • 23.207.78.121;
  • 209.10.42.166;
  • 212.113.184.18;
  • 94.236.46.135;
  • 78.136.20.71.

Um destes destinos é muito interessante porque aceitava pedidos HTTP (http://94.236.46.129), os mesmos que usamos para obter informações dos sites da Internet. É daqui que estas televisões deste fabricante, sem qualquer tipo de autenticação, obtém as imagens que mostram no interface gráfico de utilizador. A imagem que está aqui no inicio desta página foi obtida a partir do mesmo site sem que para isso tivesse de fazer nada de especial a não ser usar o mesmo URL. Isto tem potencial para umas brincadeiras divertidas com o Raspberry Pi daqui a uns tempos.

No mesmo destino o url http://94.236.46.129/ads/ mostra um ecrã com um formulário, mas este parece-me menos interessante porque afinal de contas não quero mesmo receber na televisão publicidade destes senhores.

Outro faz dos destinos é para obter a previsão meteorológica. O pedido é primeiro feito ao 81.92.239.34, mas em resposta é redirecionado para o outro destino. O resultado é algo que pode ser utilizado sem qualquer autenticação, como podem ver se seguirem o link. Não houvessem já tantas origens para a mesma informação na Internet e teríamos aqui mais potencial para divertimento.

dojo_request_script_callbacks.dojo_request_script4({"description":"Portugal","utcOffset":60,"temperature":"23°C","pictoId":10,"daytime":true,"observed":"Saturday 9 August 2014 18:00"})

Mas isto são só 2 destinos para o qual a televisão liga para ir buscar informação. A informação vem de várias origens e parece-me que a forma como construiram este candidato a televisão inteligente é compondo os ecrãs a mostrar aos utilizadores com um conjunto de partes de várias proveniências. Agora há que analisar os dados com mais alguma atenção e ver se ela faz muito mais que isto.

Há um destino que me deixa curioso. Para esse destino a comunicação foi feita por HTTPS, uma forma segura. A informação que enviou e recebeu não é possível decifrar se a televisão estiver a verificar a integridade do certificado digital utilizado para assegurar a identidade do servidor.

Faz o que eu digo, não o que eu faço

A citação do título deste artigo aplica-se em muitas situações. No nosso caso, como referimos no Acerca do Poupar Melhor, “poupar é um acto cada vez mais de consciência“, “mas não significa, para nós, abdicar daquilo que a Sociedade conquistou“. Ou seja, somos flexíveis, não fundamentalistas.

Este artigo surge porque a semana passada li sobre duas situações que ilustram como um comportamento fundamentalista tem os seus riscos.

No primeiro caso, li no Telegraph uma notícia que refere que as pessoas mais preocupadas com as alterações climáticas são as que mais energia consomem. A conclusão surpreendente vem dum estudo académico da Universidade de Loughborough, embora os autores tenham detectado que as pessoas mais idosas, aquelas que menos se preocupam com as alterações climáticas, são também as que menos energia consomem…

No segundo caso, li uma interessante carta que circula dentro da Greenpeace na Holanda. Aparentemente, há um executivo da Greanpeace que voa umas quantas vezes por mês para o trabalho. Mas, voar não deveria ser uma opção numa organização que a considera um autêntico cancro para o planeta…

Estes são dois exemplos que nos devem dar que pensar. Se não somos flexíveis, temos que arcar com as consequências. Eu vou claramente continuar a poupar, mas também a gastar!

O problema da energia solar

Já não é novidade que para nós alguns videos do TED servem apenas para entreter, mas este é um bom ponto de entrada para quem é um total ignoramus relativamente ao tema. O video acima explica com peças tricotadas o que é preciso saber sobre o tema para entender o que às vezes arrelia tanto o A.Sousa. (sim, peças tricotadas)

A questão é que a energia solar, por muito benéfica que seja, não pode ainda substituir a energia produzida pelas centrais termoelétricas ou das barragens. O A.Sousa há-de vir aqui defender que as centrais termoelétricas a gás podem responder a esta insuficiência em termos de previsibilidade das centrais solares, mas isso fica para outra altura.

Latência no futebol

Cá em casa, é bastante habitual ouvirmos o festejo dos golos de uma partida de futebol mesmo que não estejemos a ver a partida… Como já vivi colado ao antigo Estádio da Luz, há muito que tenho consciência da demora entre um determinado acontecimento e a sua visualização na televisão.

Ontem resolvi fazer uma pequena experiência com o Alemanha-Portugal, cujo resultado obviamente não permitiu ouvir os vizinhos. No vídeo abaixo podemos observar o quarto golo da Alemanha através de três meios de comunicação, numa evidência do impacto da latência na vida real.

A televisão que é visível no vídeo tem a função PIP, que permite ver dois canais ao mesmo tempo. O ecrã principal transmitia o sinal da RTP1 proveniente da box da ZON, enquanto no canto superior direito é igualmente visível a RTP1, mas no sinal proveniente do cabo coaxial. Ao mesmo tempo, o som é proveniente da TSF, transmitido através das ondas hertzianas.

O primeiro a dar o golo é a rádio, e logo depois a televisão através do cabo. A diferença entre o coaxial e a box é substancial, de quase exactamente 5 segundos. Uma eternidade, que pode fazer a diferença em determinadas situações…

Importância de vento norte na A1

Há já bastante tempo que andava a procurar contabilizar o impacto do factor vento no consumo de um automóvel. É que ainda não fiz o teste da minha pata de lebre, mas tenho que ir preparando a partida!

No passado 24 e 25 de Maio, tive oportunidade de fazer um teste mais científico. Tinha indicações das previsões de vento de que ele iria soprar quase exactamente de Norte, e com uma velocidade constante, durante o trajecto de ida e volta, de Lisboa ao Porto. Dados históricos recolhidos pelo Weather Underground revelam que assim foi, com vento durante o trajecto a soprar a cerca de 25 Km/h.

Os dados abaixo foram recolhidos entre as portagens de Alverca e Grijó, e no sentido contrário. As duas viagens foram non-stop, com uma velocidade constante de 120 Km/h, sem cruise-control. A estratégia de condução passou, ao contrário do que é meu costume, por manter a velocidade o mais próxima dos 120 Km/h, e fiz um blind-test, no sentido de que não controlei por outra forma a duração do trajecto. No final, o trajecto Sul-Norte acabou por demorar mais 31 segundos.

Infelizmente, os dados recolhidos pelo Torque não são tão exactos quanto pretendia. Ainda não consegui calibrá-lo para dar dados de consumo compatíveis com o mostrado pelo veículo, mas esse aspecto será melhorado. Um dos dados recolhidos diz respeito ao “Fuel flow rate/hour(l/hr)“, o indicador que talvez melhor esteja associado ao consumo. Como se pode ver na imagem abaixo, há uma faixa estranha de ausência de valores entre 0 e ligeiramente abaixo de 5. Note-se que os valores de zero não são estranhos, dado que em muitas situações, larga-se pura e semplesmente o acelerador, como é o caso das descidas, em que é possível manter a velocidade de 120 Km/h, sem calcar o acelerador:

A1 ventoDestaque natural para a serra de Aire, que fica situada próxima do Km 100 da A1. Note-se o consumo maior no sentido Sul-Norte, por via da subida, e bastante reduzido no sentido contrário.

Em termos médios, o valor desta variável no trajecto Sul-Norte foi de 12.250 l/hora, enquanto no regresso foi de 10.719. Tal é claramente visível, com muitos mais pontinhos vermelhos em valores mais elevados. Tal representa uma diferença de valores médios de 14%, o que é assinalável, embora inferior ao máximo teórico.

Outros dados médios relevantes das duas viagens estão na tabela abaixo. Também eles condicionam ou foram condicionados pelas duas viagens. Estejam à vontade para comentá-los:

Sul-Norte Norte-Sul
Speed (OBD) 120.53 Km/h 120.68 Km/h
RPM 2240 2243
Engine Coolant Temperature 66.48 °C 66.93 °C
Volumetric Efficiency (Calculated) 69.09% 65.93%
Turbo Boost & Vacuum Gauge 7.89 psi 6.57 psi
Engine Load 66.73% 64.86%
Fuel flow rate/hour 12.25 l/hr 10.72 l/hr
Mass Air Flow Rate 49.19 g/s 43.95 g/s
Intake Air Temperature 18.19 °C 20.38 °C
Intake Manifold Pressure 22.59 psi 21.28 psi

Os resultados do Benfica e a economia

Taxa de crescimento (%) do PIB a preços constantes (base=2006) em Portugal  com valores coloridos por troféus conquistados pelo Benfica

Taxa de crescimento (%) do PIB a preços constantes (base=2006) em Portugal
com valores coloridos por troféus conquistados pelo Benfica

Sem qualquer explicação racional, tenho um carinho pelo futebol do Benfica. Isto contraria toda a racionalidade em que enquadro as minhas decisões, vá-se lá saber porquê… Mas há outras coisas que não podem contrariar a racionalidade sem que eu deixe de me questionar: “Será mesmo assim?”

As lendas do glorioso avolumam-se em torno dos seus desportistas heróis, mas também em torno dos benefícios que a nação benfiquista transborda para a nação portuguesa. Ora a tese que é mais comum ouvir é de que as vitórias do Benfica beneficiam o país e que este cresce de forma relacionada com o clube do meu coração.

Para verificar esta fé, juntei os dados da variação do PIB recolhidos no Pordata à data de 9 de abril de 2014 com a invejável lista de competições ganhas do Sport Lisboa e Benfica de forma a procurar uma relação entre ambas. Os valores encontrados no palmarés futebolístico do Benfica já seriam dignos de nota, mas o nosso desporto é outro.

O Benfica ganhou 84 troféus entre 1910 e 2014:

  • Campeonato de Lisboa (Entre 1906/07 e 1946/47)
  • Campeonato de Portugal (Entre 1921/22 e 1937/38)
  • Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga
  • Supertaça “Cândido de Oliveira
  • Taça “Ribeiro dos Reis” (Entre 1961/62 e 1970/71)
  • Taça da Liga – 4 Títulos
  • Taça de Portugal – 24 Títulos
  • Taça dos Campeões Europeus / Liga dos Campeões
  • Taça Ibérica

Em todos os anos entre 1980 e 1985 o Benfica ganhou 2 troféus em simultâneo e entre 2009 e 2012 conquistou sempre a taça da liga.

Sobre os valores de variação do PIB, o A.Sousa já nos explicou como estes podem ser calculados ao gosto do freguês, razão pela qual optei por apresentar o primeiro que encontrasse no Pordata. O resultado do cruzamento entre a existência de vitórias do Benfica e a variação do PIB é que o gráfico ilustra.

Para validar a teoria de que o Benfica daria um bom catalizador do nosso sucesso o que teríamos de encontrar era uma relação constante entre a variação positiva ou negativa do PIB e as vitórias do clube do nosso coração.

O que o gráfico parece mostrar é outra coisa. Pintámos a vermelho, a cor da nossa alma, as variações do PIB dos anos em que o Benfica conquistou 1 ou mais troféus e a cinzento as que o Benfica, para nossa angústia e sofrimento, não conquistou quaisquer troféus.

Embora não seja observável pela análise visual do gráfico, nem no mesmo ano, nem no ano seguinte, uma variação positiva coincidente com as competições ganhas do Benfica, o que vamos encontrar é uma relação entre os maus resultados do Benfica e as variações mais fracas, ou mesmo negativas, do PIB nos anos em que o Benfica não conquistou quaisquer troféus.

A critica a esta observação poderá dizer que não será este o único fator que provoca a variação do PIB. Para esta critica a minha resposta é um lacónico “Sim”, mas o que é que isso interessa agora?