A ordem em que algumas operações matemáticas são executadas tem impacto no resultado obtido. Ambas as operações abaixo estão matematicamente corretas, mas os seus resultados não são iguais:
- 8 – 2 * 3 = 2
- (8 – 2 ) * 3 = 18
A multiplicação toma precedência no primeiro exemplo, resultando no valor da operação de subtração feita após a operação de multiplicação.
A colocação do parêntesis no segundo exemplo altera a prioridade das operações, resultando no valor da multiplicação, mas só após a execução da subtração que se encontra dentro do parêntesis. Os parêntesis estão lá para garantir essa prioritização.
Ao contrário da língua escrita, a linguagem da matemática simples não tem entoações, tônicas ou interpretações diferenciadas no que se trata de operações. É uma linguagem estável para operações verificáveis por todos sem que para isso seja necessário ocupar n instâncias de um pilar da democracia. A matemática não é compatível com as diferentes possibilidades das interpretações jurídicas a que estão sujeitas as leis dos homens, dependentes de existir ou não jurisprudências e do julgador que as aplique.
Esta explicação foi a resposta a uma provocação que o A.Sousa me enviou hoje:
Dá para perceber porque sobe a electricidade. Parêntesis a mais ou a menos…
O A.Sousa andava nas suas investigações sobre a origem do custo da eletricidade, lá no meio daquele emaranhado de frases a que chamam o Instituto Jurídico, e deve-se ter deparado com esta manhosisse, um lapso… Em duplicado…
Trata-se de legislação que visava dar cumprimento a uma diretiva comunitária sobre os gases de estufa e o valor a transferir para efeitos de publicidade a energias renováveis e o plano de utilização desses fundos pelo Fundo de Português de Carbono, entre outros.
Como se pode ver pela imagem, o cálculo em causa, se executado de acordo com a publicação original da lei, daria um resultado diferente. Será que temos o mesmo tipo de gralhas no resto das leis?