Processamento distribuido por Kalani Hausman
Com a crescente dificuldade em mantermos o dinheiro na carteira, o mais provável é procurarmos soluções de aumentarmos a quantidade de dinheiro que lá existe. Essas soluções podem sair-nos caras ou mesmo por-nos na prisão.
O A.Sousa enviou-me uma dessas soluções para discutirmos se haveria ou não ali um gato escondido com rabo de foram:
Andam por aí vários esquemas que me parecem querer tirar partido dos PCs das pessoas através de ofertas “irresistíveis“.
Pareceu-me interessante partilhar convosco, não porque tenha conhecimento que estejam a fazer algo ilegal, mas porque por prática, tanto eu como o A.Sousa, vemos estas coisas com um olhar critico.
A solução proposta no link funciona como algo como um SETI@home, mas sem um fim definido. Outros projetos semelhantes existem já há muito tempo, como o Bovine de 1997 que tentou com sucesso ganhar o RSA Labs 56-bit secret-key challenge (RC5-32/12/7).
Enquanto no SETI@home oferecemos o processamento disponível nos nossos computadores para um fim muito bem definido, existem outras ofertas que não tem um fim pré-definido. Na oferta da provocação, o nosso processamento pode ser utilizado para qualquer fim.
Este âmbito alargado coloca questões sobre qual o uso que será dado ao processamento e a responsabilidade que nos será imputada:
- Será que eu por ter disponibilizado entre 2 a 6% do meu processamento serei responsabilizável por este ter sido usado para fins de pirataria informática?
- Será que pode ser usado num ataque distribuído a um servidor (DDoS) ou numa quebra de password por força bruta?
Por outro lado, a oferta poderá ser legitima. O pagamento prometido atinge os 30$ mensais, o que parece simples de explicar através da venda da capacidade de processamento em lote para quem necessite e tenha como o usar, algo que grandes empresas como a Amazon já fazem, mas com o processamento centralizado. A este serviço chamaram-lhe Elastic Compute Cloud (EC2).
Se o processamento distribuído for usado para fins positivos, é bem possível que projectos destes venham a servir para criar coisas belas ou poderosas.
Já em 1994era possível com o 3D studio max distribuir pelos computadores da rede o processamento dos frames de um filme 3D. Os computadores eram controlados remotamente por um computador mestre (master) que lhes dava as ordens para processar frames. As frames recolhidas eram depois reunidas num filme final. Era básico, mas eficaz.
Quando virem uma oferta de computação distribuída, de forma a reduzirem o risco da oferta não ser legítima, procurem pela internet ver o que se diz dela. Quem sabe existe alguém que realmente esteja a oferecer dinheiro para usar o vosso computador para processamento distribuído com fins que possam aceitar?