Etiqueta de consumo de frigorífico
O nosso leitor J. Aparício colocou-nos há umas semanas uma situação interessante: havia comprado um frigorífico novo, A++, o qual segundo a etiqueta à esquerda teria um consumo anual de 226 KWh. O problema foi quando ele começou a monitorizar os consumos e descobriu que ele não gastava menos de 0.792 KWh por dia!
A primeira resposta que me ocorreu é que o consumo dos frigoríficos deve ser como a dos automóveis: o que os fabricantes nos dizem sobre o consumo é sempre uma miragem… Mas como não conhecia as condições em que os testes aos frigoríficos eram efectuadas, resolvi investigar um pouco.
Os procedimentos de testes aos frigoríficos são diversificados a nível global. Na Europa, a norma que regula estes testes é a ISO 15502. Ela especifica uma temperatura ambiental de 25ºC, com uma humidade relativa entre os 45% e 75%. O teste dura pelo menos 24 horas, sendo que o espaço do congelador tem que estar cheio, mas o do frigorífico não. Durante o decorrer dos testes, as portas são conservadas fechadas.
Estes testes não simulam todavia as reais condições em que utilizamos os frigoríficos. A temperatura a que são testados é superior à que habitualmente temos em nossas casas. Um frigorífico sem nada dentro tem um consumo menor. E um frigorífico em que não se abrem as portas, consome obviamente ainda menos! Enfim, nestas circunstâncias de não ter nada dentro, nem se abrirem as portas, temos um frigorífico que não serve para nada!
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, a coisa ainda é pior. Eles testam os frigoríficos a uma temperatura ambiente de 90ºF (equivalente a 32.2ºC). Não colocam nada, nem no frigorífico, nem no congelador, e as portas mantêm-se fechadas! Não admira que sejam pessoas ligadas aos próprios fabricantes a dizer que os testes estão engatados. E neste artigo em particular, o autor avança mesmo com várias “ideias” sobre como conseguir fazer batota para os testes.
Assim sendo, se pensar comprar um frigorífico novo, dê um bom desconto nos valores que o fabricante anuncia. Segundo as contas que o nosso leitor J. Aparício fez, 10% a 20% a mais de consumo é capaz de ser um bom factor correctivo.