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A negatividade e a estrutura da água

Esta gota não foi maltratada!

Esta gota de água não foi maltratada!

Por vezes há coisas que nos deixam boquiabertos! Desta vez foi a actriz Gwyneth Paltrow, que numa newsletter do seu site, sugere que devemos tratar bem a água, porque a água tem sentimentos! Obviamente, as novidades “físicas” chegaram aos Media rapidamente, primeiro pelas antípodas, até jornais como o Guardian.

Segundo a newsletter, e numa tradução livre, Gwyneth Paltrow está fascinada com a ciência por detrás da energia da consciência e do seu efeito na matéria! Baseia as suas crenças no trabalho de Masaru Emoto, que supostamente chegou à conclusão que a água reage de forma diferente se berrarmos, falarmos ou cantarmos para ela (a água, claro)!

É claro que a risota se instalou na Internet, e rapidamente os Media se “converteram” às teorias! O Daily Mail fala em como a negatividade altera a estrutura do H2O, enquanto o Independent aborda como os sentimentos da água podem ser feridos com sons e palavras negativas. Por cá, o Activa no Sapo parece ter sido o primeiro a dar conta da novidade sentimental, enquanto o observador.pt refere que gritar com o arroz também pode alterar as suas propriedades

Enfim, serve este artigo para, uma vez mais, alertar para as alarvidades que por aí grassam!

Poupanças nos documentários

Era um grande adepto de documentários, especialmente os de Natureza. Até que, com evidente choque, descobri a semana passada que nem tudo o que passa nesses documentários é assim tão, digamos, natural…

O artigo que me chocou é de um jornal espanhol e chama-se apropriadamente o lado obscuro dos documentários. A descoberta mais chocante desse artigo foi descobrir que a imagem de uma águia a transportar uma cabra para o seu ninho, da série “El Hombre y la Tierra“, que marcou a minha adolescência, estava afinal, digamos, adulterada. Para quem não conhece, ou não se lembra, a cena era a seguinte:

Segundo Fernando Rodriguez Jimenez, que escreveu o livro “Asi se hizo el Hombre y la Tierra”, e se justifica aliás no seu blog, a cabra foi morta e enchida com papel para a tornar mais leve, sendo depois transportada pela águia para o ninho… Não consegui obter o trecho do livro, mas vários comentários na Internet atestam o facto. O próprio programa explica como é que se treina estas maginíficas aves, conforme podem ver neste trecho disponibilizado pela televisão espanhola.

O documentário a que aludia o artigo inicial do El Mundo era “Shooting in the Wild“, de Chris Palmer. Chris é ele próprio um realizador de documentários, e por isso sabe do que fala. Vejam como na entrevista a seguir ele revela muito dos truques por detrás dos documentários:

Várias das montagens me chocaram. As filmagens dos lobos. O esqueleto da orca. Mas o pior foi mesmo saber dos lemmings. Um filme da Disney, White Wilderness, teve a ideia brilhante de atirar esses roedores fofinhos por uma escarpa abaixo! O documentário, que ganhou o Óscar para melhor documentário de 1958, ajudou a propagar a ideia de que os lemmings se suicidavam, quando na verdade se sabe que não é assim!

A ideia de poupar dinheiro e tempo nestes domínios é uma ideia que me repugna profundamente! Vou passar a olhar os documentários de outro modo. Aliás, desconfio que nunca mais acreditarei piamente em nada que me transmitam por esta via…

O “fenómeno” Telexfree

Ontem ouvi falar pela primeira vez no Telexfree. Nem queria acreditar no que lia, neste caso no Correio da Manhã: que havia pânico para os lados da Madeira, por causa de um “esquema em pirâmide” segundo o jornal. No artigo referia-se que haveria cerca de 40000 contas apenas na Madeira, e que a dimensão do “fenómeno” preocupava as autoridades devido à sua dimensão. E segundo o site telexfree.pt, recolhido ontem, na Madeira estarão a ser movimentados 55 milhões de euros:

Site telexfree.pt em 2014-04-16

Site telexfree.pt em 2014-04-16

Fui procurar um pouco mais sobre o “fenómeno”, e uma das primeiras coisas que descobri foi que o Telexfree deve ir ainda este ano a julgamento no Brasil. O Telexfree parecia anunciar um serviço de VoIP, conforme se pode ver pela sua página na Internet, guardada no arquivo da Internet. O site verdadeiro, desconfio que nunca mais voltará a funcionar…

Mas como há muita gente que pensa que se pode enriquecer facilmente, parece que ele durou uns inacreditáveis dois anos e dois meses. Aliás, este site Tenho Dívidas está cheio de informação sobre o Telexfree, e vários outros sistemas semelhantes…

Esta semana, a empresa que geria o Telexfree ficou em apuros. O que se passa exactamente não parece ser muito claro…

Mas o que se passa na Madeira é verdadeiramente preocupante. Basta ler algumas notícias para perceber a dimensão do problema. Ler as centenas de comentários é ainda mais educativo. O “fenómeno” parece ser tão expressivo, que até há artigos sobre a “sociedade multinivel”, o qual referencia até Alberto João Jardim, que há dias referia que “A agricultura constituiu, permitam-me a comparação, uma espécie de Telexfree neste tempo de crise”…

Enfim, andam por aí muitas coisas deste género. Umas mais escandalosas de que outras. Promessas de dinheiro fácil, algo que todos deveríamos saber que não é bem assim!

Lâmpadas economizadoras não duram nada

Lâmpada economizadora

Lâmpada economizadora

Esta semana, num espaço de dois dias, avariaram três lâmpadas economizadoras cá em casa, que haviam sido compradas e colocadas ao mesmo tempo! O que contraria completamente as especificações da sua duração, nomeadamente com os dados que havíamos revelado neste artigo. Na melhor das hipóteses, não duraram mais de 2000 horas, ao nível daquelas lâmpadas incandescentes antigas, que entretanto foram banidas… E o facto de terem avariado tão próximas umas das outras é igualmente muito suspeito!

Em conversa com um vizinho, também esta semana, ele queixou-se que também lhe avariou recentemente uma, mas que essa apenas durou cerca de 1000 horas. É que ele, ao contrário de nós, tomou mesmo nota de quando a comprou. Como estava na casa de banho, e sabe quanto tempo lá passa, pode calcular essa duração com bastante precisão!

Nem de propósito, fui recuperar uma notícia que tinha lido há uns tempos, sobre um estudo da Which?, que confirma a sensação que todos nós consumidores temos: que as lâmpadas não duram o prometido pelos fabricantes.

O estudo versou essencialmente as lâmpadas LED, tendo sido testadas 46 tipos de lâmpadas. Mais de 25% das lâmpadas não atingiram as 15000 horas, apesar de anúncios de duração de 25000 ou mais horas. Algumas nem sequer chegaram a atingir um mínimo de 6000 horas, segundo os novos regulamentos Europeus, que entram em vigor a 1 de Março.

Segundo a Which?, as lâmpadas que se portaram pior foram as do IKEA e Technical Consumer Products (TCP). Todas elas custam uma pequena fortuna, e se eu já estava relutante em comprá-las, agora acho que vou esperar mais um bom bocado…

E, os leitores, têm tido durações menores que as prometidas?

Economizadores de energia são inúteis

Aparelhos testados pela DECO

Aparelhos testados pela DECO

Há já muito tempo havíamos falado sobre as falsas protecções contra sobrecargas. Mais recentemente, a DECO confirmou que o G-NER-G não só não poupa, como alerta para o perigo de choque.

Nos últimos tempos, e até em função da subida dos preços de electricidade, as promessas de poupança de alguns equipamentos similares tornaram-se surreais. Há de tudo, com promessas de poupanças até 75%, o que devia levar à imediata desconfiança de qualquer comum dos mortais.

No outro dia, o nosso leitor Leonardo Miguel alertou-nos para um estudo da DECO sobre este tipos de produtos, nomeadamente o Energy Saver Pro, Mister Plugins e Intelligent Power Saver. A DECO considera-o um caso de publicidade enganosa, tendo alertado a ASAE e denunciado o caso à Direcção Geral do Consumidor.

Há muitos mais produtos como estes na Internet, mas como não há princípios físicos que suportem tais poupanças, são repetidamente desmistificados. A regra a seguir é muito simples: nenhum aparelho deste género trará poupanças a nível doméstico!

TED: o placebo preverso

Continuar a aumentar a capacidade de processamento de um computador, a potência de um motor ou a dimensão e capacidade seja do que for não é inovação. A verdadeira inovação está em solucionar problemas, alterando o que está na sua origem e reduzindo os impactos da falsa inovação. Enquanto estão a ver filmes do TED sobre inovação e futuro e filosofias dos amanhãs gloriosos, não estão a estudar e analisar e tentar ser melhores.

Este filme vai dar-vos que pensar sobre a quantidade de infomerciaias que consumimos hoje em dia sobre tecnologia, política ou filantropia. Havia uma dificuldade minha em relação à quantidade de videos do TED desde que os TEDx em Portugual foram descobrir um empreendedor que mais parecia um sketch dos Gato Fedorento.

Perdermos o nosso tempo com falsos profetas da ciência, da política ou do emprendedorismo não é só desperdício, mas perverso. Esse tempo poderia estar a ser utilizado para produzir algo realmente novo. Algo que realmente adicionasse um grão a mais que fosse na direção de uma solução para um país onde andamos a poupar para termos mercados liberalizados em que os preços sobem quando a procura sobe, mas também quando a procura baixa.