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Fora do sistema

Robin Speronis

Robin Speronis

Uma notícia que vi no mês passado marcou-me bastante, sobretudo pondo-me a pensar o que poderia acontecer em Portugal neste caso. Robin Speronis é uma habitante da Flórida que resolveu desligar-se dos serviços de água e electricidade da sua terra, Cape Coral.

O problema foi o que veio a seguir, e que parece uma história vinda de um país tipo Coreia do Norte! Este artigo conta de forma resumida a sua vida recente. Há cerca de dois anos que Robin vive sem utilizar os serviços de água e electricidade. Segundo ela, prefere não depender do sistema. Mas esse sistema não acha isso.

No final do ano passado, Speronis foi entrevistada por uma televisão. Os funcionários dos serviços não acharam piada à notícia, mas sobretudo ao facto de ela se recusar a pagar serviços que não utilizava. No dia a seguir, a cidade determinou que Robin não podia viver numa casa “inabitável”, sem que tivessem sequer conhecimento da forma como vivia!

A verdade é que Robin possui paineis fotovoltaicos que lhe fornecem a luz eléctrica lá de casa, com recurso a um armazenamento em baterias. E aproveita a água das chuvas. Vive assim de uma forma muito sustentável, na óptica ambientalista!

Pouco depois, um placard determinou que a propriedade era inabitável, e que não se podia ali entrar! Subsequentemente, foi processada por uma lista de ofensas, por não pagar uma série de taxas relativas a serviços que ela não pretendia ou sequer utilizava. O que a cidade não sabia era que Robin estava determinada, e foi para tribunal combater a cidade.

No final de Fevereiro, um magistrado entendeu que a maioria das acusações não tinham fundamento. Só encontrou um problema com a utilização da água das chuvas. Mas a cidade voltou à carga, e como ela tem água da chuva, e utiliza o saneamento, mas não paga, cortou-lhe o acesso ao saneamento!

Robin deu assim mais um passo, ao desligar-se completamente do sistema. Imaginem agora que Robin não está nem na Coreia do Norte, nem nos Estados Unidos. E, se estivesse em Portugal? A criatividade dos leitores consegue imaginar o que lhe aconteceria?

Energia Solar

Inauguração parque Porto Santo

Inauguração parque Porto Santo

À medida que se vai percebendo melhor o negócio da electricidade, percebe-se que estamos como o filósofo grego, e que só sabemos que nada sabemos. Vai-se topando uma coisa aqui, relacionando com uma coisa acolá, e assim vamos sabendo algo mais…

A semana passada, vi este artigo do Câmara Corporativa. Um artigo curioso, que mereceu a leitura da fonte da notícia, no Público. Uma notícia sobre as tricas da política e dos negócios, mas que tem uma vertente pedagógica interessante, explicando os valores da operação…

O parque fotovoltaico de Porto Santo está previsto ter um tempo de vida útil de 25 anos. O investimento privado foi de 11 milhões de euros. O PS diz que o retorno do investimento será feito em 5 anos… No Caniçal, o investimento foi de 20 milhões de euros. Mas, para este há mais informação: a produção significa uma facturação de 4 milhões de euros por ano. Mais uma vez, um retorno do investimento em 5 anos… No Caniçal, a produção anual de energia eléctrica está estimada em 11.000 MWh. Tal significa um valor aproximado de 4M€/11000 = 363 €/MWh, ou seja 0.363 €/kWh.

Se compararmos este valor com o valor que pagamos pela electricidade em casa, ficará surpreendido! O valor pago ao produtor é mais do dobro daquilo que o consumidor paga (0.1528 €/kWh na tarifa simples)! Leia outra vez a frase anterior para ver se interiorizou o conceito… Até eu pensava que estava errado, pelo que passei estes dias a procurar confirmar o valor acima. Surpreendentemente, descobri que o valor está mesmo correcto, conforme se pode ver neste documento recente da ERSE, na página 81, onde se dá um preço de 339.70 €/MWh.

Acontece que, nesta pesquisa descobri que há parques solares a nascer por todo o lado. Só nos últimos meses dei conta destes:

Não admira… A energia solar é de borla, mas com um retorno de investimento em 5 anos, qualquer investimento neste domínio parece uma mina de ouro! E, nós os consumidores de electricidade que paguemos!

TOS, a Taxa de Ocupação de Subsolo

No outro dia, no blog Jugular, deparei-me com um artigo sobre a TOS, a Taxa de Ocupação de Subsolo. Paulo Pinto debruçou-se nesse artigo sobre o facto do IVA incidir sobre essa taxa. Na verdade, a incidência de IVA sobre taxas é muito frequente, sendo que a principal diria mesmo que é sobre os combustíveis.

O que achei interessante no Jugular foi a referência de que é cada autarquia que define esse valor. Como forneciam o link para a informação desses valores, disponibilizada pela GALP, reuni tudo numa folha de cálculo. Os valores na tabela abaixo registam os termos variáveis e fixos, para consumos anuais inferiores a 10000 m3, mas também para valores de consumo anual superior. Calculei os valores para um mês de 30 dias e 200 kWh de consumo mensal. Ordenei por ordem decrescente do TOS mensal, e vejam lá o que se descobre:

Variavel <=10K Fixo <=10K Variavel >10K Fixo >10K TOS (€)
200kWh/mês
Mealhada 0.028421449 0.033084959 0.003508884 18.700043956 6.68
Mafra 0.027735233 0.032286146 0.003424164 18.248544387 6.52
Moita 0.016063106 0.018698807 0.001983135 10.568806043 3.77
Sintra 0.014660874 0.017066492 0.001810017 9.646200594 3.44
Sines 0.009437516 0.010986064 0.001165146 6.20946424 2.22
Palmela 0.008974793 0.010447415 0.001108019 5.905013087 2.11
Lisboa 0.008003781 0.009317075 0.000988139 5.266130329 1.88
Covilhã 0.006221715 0.0072426 0.000768127 4.093610482 1.46
Azambuja 0.005278364 0.00614446 0.000651662 3.472927488 1.24
Évora 0.005004882 0.005826104 0.000617898 3.292988853 1.18
Barreiro 0.004602839 0.005358092 0.000568262 3.028462414 1.08
Oeiras 0.004353042 0.005067308 0.000537422 2.864107332 1.02
Condeixa 0.003743496 0.004357744 0.000462168 2.463052951 0.88
Aveiro 0.003691665 0.004297409 0.000455769 2.428950553 0.87
Ovar 0.003294131 0.003834645 0.00040669 2.167390828 0.77
Almada 0.003209367 0.003735974 0.000396225 2.111620355 0.75
Torres Vedras 0.003060046 0.003562151 0.00037779 2.013373442 0.72
Seixal 0.002882481 0.00335545 0.000355868 1.896543702 0.68
Cascais 0.002100698 0.002445389 0.00025935 1.382165475 0.49
Fundão 0.001956864 0.002277954 0.000241592 1.287528968 0.46
Loures 0.001762 0.002051116 0.000217535 1.159317176 0.41
Odivelas 0.00112818 0.001313296 0.000139284 0.742291882 0.27
Vila Franca de Xira 0.000722713 0.000841299 0.000089225 0.475513043 0.17
Estarreja 0.000225292 0.000262258 0.000027814 0.148231772 0.05
Chaves 0.000209271 0.000243609 0.000025836 0.137690729 0.05
Coimbra 0.000156543 0.000182229 0.000019327 0.102998065 0.04

Testes numéricos

cerebroJá vi muitos testes de inteligência na Internet, a prometer revelar o QI, e outras coisas que tal. Já me senti tentado a responder a uns quantos, mas sempre fiquei ciente que o objectivo de tais sites era no mínimo duvidoso. E nunca me fascinaram verdadeiramente, porque não representam necessariamente o conhecimento prático que deveria ser testado.

No outro dia, tropecei nesta notícia sobre os maus resultados dos Ingleses na matemática. O problema, como imaginam, não é um exclusivo deles. Mas eles referem que essa incapacidade para a Matemática está a custar à economia inglesa um valor de 20 biliões de libras anuais!

Depois de verificar que as perguntas eram concebidas para testar a utilização da matemática no nosso dia a dia, resolvi investir 20 minutos do meu tempo no questionário. Exige o conhecimento de Inglês, mas o questionário é muito bom! Faz-nos perguntas sobre receitas, sobre compras, transportes, e até bricolage!

O teste não é particularmente difícil, e eu fiquei muito contente com os meus resultados. Para quem se despistar, e orientado naturalmente para os Ingleses, há uma possibilidade de aprendizagem, podendo-se depois repetir o teste. Que bom seria fazer-se isto também em Portugal!

Se o leitor quiser, deixe-nos os seus resultados e comentários abaixo. E, já agora, sites similares?

CGD cobra transferências interbancárias na Internet

Sou cliente da CGD, bem como de outros bancos nacionais. Descobri ontem que a CGD resolveu começar a cobrar umas taxas por cada transferência interbancária. Lá aparece a comissão de 50 cêntimos, mais 2 cêntimos de imposto de selo! Está documentado no preçário deles.

Aqui há uns anos, incentivaram-nos a passar para a Internet, porque eles reduziam os custos nas agências, e nós fazíamos a gestão mais rapidamente. Agora, com isto, vamo-nos adaptar ao Mundo Novo, que é um regresso aos velhos tempos!

Pelo que se percebe pelas notícias de há uns dias, a CGD avança com esta medida certamente para tapar os buracos que existem neste Banco do Estado. O BCP e Santander Totta já se haviam tornado pioneiros nesta extorsão, cobrando pelo menos o dobro da CGD… Felizmente, o BPI e BES ainda não cobram, mas por quanto tempo?

Nos próximos tempos, vou fazer mais transferências pelo Multibanco, que ainda são gratuitas. Uma verdadeira regressão no tempo! Daquelas coisas que ninguém tem saudades…

E, os leitores, o que vão fazer?

Espião no contador de eletricidade

Rede para contadores inteligentes

Rede para contadores inteligentes

A Diretiva 2009/72/CE (eletricidade) e a Diretiva 2009/73/CE (gás natural) estabeleciam a obrigação dos Estados-Membros avaliarem a implementação de sistemas de contadores inteligentes de eletricidade e de gás natural. Em 2007 dizia-se que os Contadores inteligentes iam pesar até mais 3,1% na factura, mas não será só isso.

Este artigo do site Hack a Day – “Using SDR to Read Your Smart Meter” – aponta já para uma amostra do que aí pode vir com os novos contadores inteligentes. Na realidade podermos ter acesso aos dados dos nossos contadores de forma automática e através dos nossos computadores parece uma vantagem. O que nos preocupa é o uso indevido dos dados recolhidos pelos prestadores/operadores e os acréscimos aos custos que isso possa vir a ter indiretamente. No caso deste artigo a queixa é de que os equipamentos de acesso aos dados são caros e daí a tentativa de construirem eles próprios o aparelho.

Mas a possibilidade de intercetar e utilizar os dados do equipamento sem autorização levanta mais questões. Os equipamentos que nos colocam à disposição, e que irão permitir-nos melhorar o nosso comportamento de consumo ou obter um melhor serviço não são todos iguais. Alguns trazem um custo que ainda não sabemos muito bem qual será. Outros usam a informação sobre o nosso comportamento sem qualquer razão, como Espião na televisão e a Lanterna com GPS. Este não é um cenário que possa descartar-se. A possibilidade é real, e tudo o que é necessário é alguém com intenção de o fazer.

No caso do Reino Unido os contadores são instalados com a possibilidade de serem desligados remotamente para possibilitar à companhia o corte imediato da eletricidade e a passagem a modo pré-pago para os maus pagadores. Isto é uma alteração de monta sobre um bem hoje considerado de primeira necessidade. As minhas questões não se colocam apenas nos direitos e deveres de justiça, mas também na forma como os dados serão transportados e na utilização que será feita deles. Esta situação não é nova.

Teremos fornecedores mais informados sobre nós que nós mesmos sobre nós próprios, o que não é necessariamente bom.