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Fracking: o debate


Queremos que participem comigo e com o A.Sousa no que pode ser ou não uma solução para o problema da energia fóssil para a todos nós. Portugal tem um problema de recursos fosseis, isso nem está a discussão. A possibilidade de obter no nosso próprio combustível fóssil no nosso próprio território seria melhor que haver petróleo no Beato.

Já não seria a primeira vez que se faria uma relação entre as coisas que são boas na sociedade, como seja o emprego e a natalidade, e o consumo de energia. Aqui queremos apenas que pensem como poderíamos ter acesso ao nosso próprio combustível fóssil e com isso fazer um manguito aos países que nos têm estrangulado durante estes anos todos após o 25 de abril com as birras, invasões e cartéis do petróleo.

Por outro lado, a ameaça de um sapateiro feito geólogo lixar os recursos naturais de todos em torno dos buracos que alguém faça no chão, fazendo ruir o chão por baixo da nossa casa ou soltando gases que não previu, é uma ameaça constante. Mexer nos solos, fraturando a rocha por baixo do terreno onde pisamos parece algo arriscado de fazer sem as devidas cautelas.

A discussão já envolveu artistas de Hollywood, políticos e populações, mas parece não ter fim. Chegou a altura de conhecermos os dois argumentos de cada lado da barricada para que quando tivermos de decidir o possamos fazer, não de acordo com o que nos queiram impingir, mas de posse da informação que entendermos ter sido justamente apresentada.

Os vídeos abaixo apresentam os argumentos contra e a favor da técnica e podem servir de base a um debate mais informado. Vale a pena verem ambos os filmes para perceberem as discussões que possam vir a assistir no futuro, mas atenção: o que não falta por aí é desinformação de ambos os lados.

Cada um dos lados irá fazer desfilar uma palete de especialistas. Estes especialistas irão desde jornalistas, a professores universitários. Até há todo um conjunto de TEDx com apresentações sobre fracking, mas não encontrei nenhum TED oficial. Os TEDx, para quem não sabe, são organizados por pessoas que não têm qualquer ligação ao TED. Deixem-me repetir: Os TEDx são organizados por pessoas que não têm qualquer ligação ao TED.

A discussão será sobre quem têm a energia mais limpa. Asseguro-vos que, mesmo que conseguíssemos juntar todos os dados necessários para avaliar qual das duas é a mais limpa, os meios à disposição de cada uma das partes seriam esgotados para negar os dados negativos que a outra apresentasse sobre a outra. E mesmo que no fim conseguíssemos juntar apenas alguns factos possíveis de usar num cálculo de custo versus benefício, a discussão passaria para os termos de comparação.

No fim irá sempre ser sobre o dinheiro. De um lado as pessoas que sem terem tido acesso ao contrato de exploração do combustível irão dizer que foi a prospeção que danificou os recursos naturais à sua volta, mas à espera que lhes paguem direitos de passagem para aquedutos de substituição da água. Do outro os que de repente, apenas porque têm um terreno em cima de um destes filões de combustível fóssil irão passar de desenrascados a novos ricos apenas por permitirem que, muitos kilometros por baixo da sua propriedade, se possa fazer a prospeção por processos hidráulicos. De um lado os que irão dar opções mais limpas como a energia eólica e solar, e os que irão propor usinas nucleares como a solução mais limpa.

De um lado temos as pessoas que vão dizer que o Fracking irá permitir obter gás natural e talvez mesmo petróleo onde antes haveria apenas rochas.

Do outro lado temos os que dizem que isso será o fim de tudo em torno do poço.

A matemática da perda de peso

Já aqui falamos do criticismo a muitas TED talks. Mas, no exemplo do vídeo abaixo, o físico Ruben Meerman dá-nos uma visão muito interessante da matemática de perder peso.

Ruben teve um problema de peso, e resolveu-o. E mostra até um gráfico catita, com uma regressão linear e tudo! Daí, Ruben lança-nos o desafio da pergunta: para onde vai o peso perdido?

Parte da resposta já a havíamos dado no artigo em que abordamos a perda de peso durante a noite. Ruben dá-nos uma visão mais completa, envolvendo a fórmula química associada à queima das nossas gorduras:

C55H104O6 + 78 O2 -> 55 CO2 + 52 H20 + energia

A fórmula da gordura parece ser mesmo C55H104O6! Quando se combina com oxigénio, resulta dióxido de carbono e água. E também energia!

Pequenos prémios do Euromilhões

Se o leitor joga frequentemente no Euromilhões, já lhe terá saído talvez um premiozinho. Mas deve ter ficado desiludido quando o recebeu.

Quando aqui há uns tempos olhava para os resultados de um sorteio em particular, ficou claro para mim, que ainda havia bastantes prémios, mas de valor muito baixo. A lembrar a táctica da raspadinha.

Depois, meti mãos à obra. Queria saber como tinha sido a evolução dos pequenos prémios ao longo dos tempos. O resutado é este gráfico abaixo, com o eixo dos yy a representar o valor do prémio em euros:

Valores dos pequenos prémios do Euromilhões nos últimos anos

Valores dos pequenos prémios do Euromilhões nos últimos anos

Da análise do gráfico percebe-se que mesmo acertando em 4 do total das 7 bolas que saem, vai ficar no máximo com umas dezenas de euros. E note que se acertar 4, só não acerta em 3! Tão perto, não?

Acertar apenas em 2 números dá direito a no máximo 5 euros. E a alteração das regras que em 2011 permitiram o começo da atribuição deste prémio foi à custa dos prémios maiores, como fica imediatamente claro no gráfico.

Por isso, considere bem quando joga. Mesmo que acerte em quatro números, o que é já de si particularmente difícil, não vai ganhar grande coisa. Ganhará um prémio certamente melhor se colocar o dinheiro num mealheiro e o abrir daqui a uns tempos!

As fases do sono

O sono é um tema que temos abordado aqui várias vezes. Falamos sobre a quantidade ideal de sono. De como a ausência afecta o desempenho. Referimos mesmo uma app que monitoriza o nosso sono. Mas, como é o nosso sono?

O sono durante a noite processa-se em ciclos, que duram cerca de hora e meia. Há normalmente quatro a cinco ciclos destes durante uma noite. Durante cada um desses ciclos, o sono passa por diversos estágios, distinguindo-se entre sono REM (Rapid Eye Movement) e NREM (Non Rapid Eye Movement).

O sono REM é o período em que decorrem os sonhos, contribuindo para o nosso bem estar físico e patológico. Ocorre sobretudo na fase final do sono, representando cerca de 20% a 25% do tempo de sono.

O sono NREM é habitualmente dividido em 4 estágios:

  • Estágio 1: É o período em que adormecemos. Dura aproximadamente 5 minutos.
  • Estágio 2: Dura entre 5 a 15 minutos e representa um sono mais profundo que no estágio anterior.
  • Estágios 3 e 4: Estados profundos de sono, sendo nalguns casos considerados conjuntamente. Nesta fase de sono, é muito difícil acordar.

A evolução destas fases do sono é revelada num hipnograma. É visível um exemplo abaixo, com as características que já havíamos observado nesta app. Para mim, agora consigo perceber como funciona melhor o meu sono, e porque é que acordo numas situações e noutras não…

Hipnograma

Hipnograma

Sabe o que são os CIEG?

Em artigos anteriores evidenciamos como a energia que consumimos representa apenas cerca de 40% daquilo que pagamos por kWh e como uma decomposição maior revela outras parcelas para onde vai o custo da electricidade.

Observando o documento da ERSE em que nos baseamos para os artigos anteriores, podemos assim compreender mais facilmente para onde vão as taxas que pagamos na electricidade, e que são das mais elevadas da Europa. Dão por um nome estranho, CIEG (Custos de política energética, de sustentabilidade e de interesse económico geral), e a lista seguinte foi retirada das páginas 217 e 218 desse documento da ERSE:

  • Diferencial de custos com a aquisição de energia elétrica a produtores em regime especial (PRE) mediante fontes de energia renovável e não renovável (cogeração), imputados à parcela II da tarifa de Uso Global do Sistema.
  • Rendas de concessão pela distribuição em baixa tensão.
  • Custos com o Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de energia elétrica.
  • Custos de natureza ambiental.
  • Custos com os terrenos afetos ao domínio público hídrico (amortização e remuneração).
  • Custos com mecanismo de Garantia de Potência.
  • Custos com a Autoridade da Concorrência (AdC).
  • Custos com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
  • Custos com a convergência tarifária na Região Autónoma dos Açores.
  • Custos com a convergência tarifária na Região Autónoma da Madeira.
  • Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).
  • Amortização e juros do défice tarifário, relativo aos custos com a convergência tarifária na Região Autónoma dos Açores em 2006 e 2007 não repercutidos nas tarifas.
  • Amortização e juros do défice tarifário, relativo aos custos com a convergência tarifária na Região Autónoma da Madeira em 2006 e 2007 não repercutidos nas tarifas.
  • Amortização e juros do défice tarifário das tarifas de Venda a Clientes Finais em Baixa Tensão, relativo a 2006.
  • Amortização e juros do défice tarifário das tarifas de Venda a Clientes Finais em Baixa Tensão Normal, relativo a 2007.
  • Custos inerentes à atividade de gestão dos CAE remanescentes, pelo Agente Comercial, não recuperados no mercado.
  • Custos com a Gestão das Faixas de Combustível no âmbito do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (limpeza de corredores de linhas aéreas).
  • Amortização e juros referente à repercussão nas tarifas elétricas dos custos diferidos de anos anteriores, respeitantes à aquisição de energia elétrica, ao longo de um período de 15 anos, nos termos do n.o 4 do Artigo 2.o do Decreto-Lei n.o 165/2008, de 21 de agosto.
  • Amortização e juros referente à repercussão nas tarifas dos custos diferidos de anos anteriores, decorrentes de medidas de política energética, de sustentabilidade ou de interesse económico geral, ao longo de um período máximo de 15 anos, nos termos do n.o 4 do Artigo 2.o do Decreto-Lei n.o 165/2008, de 21 de agosto.
  • Ajustamentos da atividade de aquisição de energia do comercializador de último recurso, referentes a 2011 e a 2012, definidos para efeitos da sustentabilidade dos mercados.
  • Tarifa Social.
  • Diferencial positivo ou negativo definido para efeitos de sustentabilidade, equidade e gradualismo financeiro do CUR a repercutir na parcela II da tarifa de UGS do ORD.
  • Sobreproveito associado ao agravamento tarifário nos termos do n.o2 do artigo 6o do Decreto-Lei n.o104/2010, de 29 de setembro.

Da análise desta extensa lista, verificamos que a conta a pagar em 2013 é de 2588 milhões de euros. Sim, mais precisamente 2588432000 euros! Que vão ser pagos por mim e por si, e por todos os consumidores de electricidade. A evolução destas taxas ao longo dos últimos anos é visível no gráfico abaixo, retirado da página 221 do documento da ERSE, onde se nota claramente o impacto do sobrecusto da PRE, derivado essencialmente das renováveis/eólicas e da cogeração (nada surpreendente para quem olha para uma factura de electricidade). Quando se queixarem das taxas, ou do preço da electricidade em Portugal, lembrem-se que o palavrão-chave é o CIEG, e que este é o gráfico que interessa, e que explica a evolução do preço da electricidade nos últimos anos:

Evolução dos CIEG

Evolução dos CIEG

Mais detalhes sobre preço da electricidade

Neste artigo evidenciamos como a energia que consumimos é apenas cerca de 40% daquilo que pagamos por kWh. Acontece que no mesmo documento da ERSE que utilizamos no artigo anterior, se encontram outros gráficos, os quais nos ajudam a perceber um pouco mais como funciona o mercado da electricidade em Portugal, e como ele afecta os consumidores dessa mesma electricidade.

Na imagem a seguir, retirada da página 198 do documento da ERSE, podemos verificar uma decomposição mais detalhada dos precos da electricidade:

Decomposição tarifas electricidade

Decomposição tarifas electricidade

Ordenados por ordem decrescente de percentagem, temos a seguinte decomposição para os consumidores em BTN, com potência instalada igual ou inferior a 20.7 kVA:

  • 39.7% Energia
  • 26.8% Uso Global do Sistema
  • 20.1% Uso Rede de Distribuição de BT
  • 5.4% Uso Rede de Distribuição de MT
  • 4.1% Uso Rede de Transporte
  • 2.5% Comercialização
  • 1.2% Uso Rede de Distribuição de AT

Neste aspecto, o mais surpreendente são os 2.5% relativos à comercialização. Não admira que os comercializadores não consigam descer substancialmente os preços! Se 97.5% do preço da electricidade já está definido à partida, como hão-de eles baixar?

O documento da ERSE tem muitos mais gráficos interessantes. Revelam a loucura que se tem vivido no sector nos últimos anos, mas também a factura pesada que continuaremos a pagar nos próximos anos! A isso voltaremos em próximos artigos.