You are currently browsing the archives for the Teorias category


Decomposição do preço da electricidade

Recentemente, neste artigo sobre o preço da energia na Europa, colocamos um gráfico onde se evidencia que os impostos e taxas que pagamos no preço da electricidade, são dos mais elevados na Europa. Enquanto isso, o preço da energia propriamente dito, permanece baixo. Mais recentemente, e conforme referenciado pelo nosso leitor João Santos, o presidente da EDP referiu que o “preço da electricidade em Portugal está abaixo da média da UE“. Perante esta confusão, a que não é alheia investigação que fizemos no passado, como por exemplo a confusão de preços nas estatísticas oficiais, fomos procurar levantar mais um pouco o véu sobre este tema.

Para este artigo, baseamo-nos num documento da ERSE, “Tarifas e Preços para a Energia Elétrica e outros serviços em 2013“. O documento é particularmente extenso e de difícil leitura. Todavia, na página 200, está um gráfico bastante elucidativo sobre a composição dos preços da electricidade em Portugal. O gráfico, visível abaixo, decompõe o preço da electricidade pelas parcelas “Energia e Fornecimento”, “Uso de Redes e Gestão do Sistema” e “Custos de Interesse Económico Geral”:

Decomposição do preço da electricidade

Decomposição do preço da electricidade

No gráfico podemos observar que a parcela da energia é a maior, mas que as restantes duas não lhe ficam muito atrás. Tal é particularmente verdade para os consumidores em BTN (Baixa Tensão Normal), a metade direita do gráfico, que corresponde nomeadamente aos consumidores domésticos. A análise do gráfico permite assim constatar que, para nós, os clientes domésticos, o custo “Energia e Fornecimento” não representa nem sequer metade do que pagamos na factura da electricidade…

Televendas agressivas

Se outro dia vos dizíamos para responderem aos telefonemas de televendas com muitas perguntas e já vos tínhamos aconselhado a não assinar nada sem ler, hoje digo-vos para não aceitem nenhuma “oferta única” ou “oportunidade imperdível” sem que vos deixem ler o contrato.

As televendas estão cada vez mais agressivas em Portugal. Já quando começaram as ofertas de energia fora da tarifa regulada recebi chamadas mais agressivas de quem queria angariar novos clientes. A competição e as dificuldades financeiras de quem nos liga ditam da agressividade do vosso interlocutor na outra ponta da chamada, mas não se deixem intimidar.

A chamada começa de forma cordial, mas acaba sempre no momento agressivo da venda. O interlocutor vai insistir no seu objetivo: comprometer-vos. O interlocutor quer que digam que aceitam a oferta sem vos enviar o contrato que terão de assinar:

  • Vai dizer-vos que tudo o que precisam de saber vai ser dito naquela chamada;
  • Vai dizer-vos que estão a perder uma oportunidade que através daquela chamada terão acesso;
  • Vai dizer-vos, ainda que de forma velada, que não entendem tanto do negócio como ele porque ele trabalha no negócio;
  • Vai dar-vos a entender que ele sabe tudo o que há a saber soube a oferta, e que não há nada demais no contrato;
  • Vai insistir que não há qualquer problema porque fica tudo gravado.

Mas agora pensem bem:

  1. Se a oferta é assim tão boa, porque insiste ele a dar-vos de graça?
  2. Se não há nada demais no contrato, porque não vos deixa ler?
  3. Se houver litígio, um soluço que não seja do vosso agrado, quem tem a gravação e que razão têm ele para vos dar acesso a algo que o comprometa?

O que se passou com o leilão da DECO devia servir de lição a todos: Uma oferta única, irrecusável, que tinha de ser subscrita atempadamente, com condições finais que só iremos saber mais tarde, foi batida em menos de nada por um concorrente que nem foi a jogo.

Nenhuma oferta de televenda vai desaparecer no final da chamada. Oiçam. Registem os pontos que determinam a vossa escolha. Comparem com mais ofertas do mercado. Haverá sempre uma oferta que se adapta aos vosso critérios de melhor decisão.

Quanto tempo leva a Nespresso a estar pronta a tirar um café

Já não é novidade que gosto muito da minha máquina de café e das suas cápsulas. Também já nos disseram como podemos fazer um café muito bom sem precisarmos das cápsulas e da máquina. Desta vez a questão é mais simples de decidir se este é ou não realmente o melhor café.

Recentemente juntámos ao almoço alguns autores do Poupar Melhor e a conversa, sabe-se lá porquê, desembocou numa teima entre mim e o @jneves:

Se a Nespresso demora mais tempo a aquecer da posição de desligada ou da posição de espera.

Uma teima é algo que temos a tendência para perder, isto porque podemos não estar de posse de toda a informação e eu não estava.

Cronometrei o tempo que a minha Nespresso demorava a atingir a temperatura para ficar pronta a tirar o café durante vários dias, só para confirmar a teima do @jneves como certa, o que pensando bem tem a sua lógica.

Posição Minutos:Segundos Temperatura do ar
Ligar 1:08 15°
Ligar 1:10 15°
Ligar 1:09
Ligar 1:09
Standby 1:04 16°
Standby 1:04 16°

Como em todas as teimas, um teimoso precisa de outro para teimar, mas a teimosia e a avaria da minha máquina ofereceu-me outra oportunidade de medir ainda mais.

As medições foram feitas com um cronómetro manual e a temperatura é obtida da Internet e não a temperatura interna da casa junto à máquina. A máquina está sempre no mesmo sitio da casa.

Posição Minutos:Segundos Temperatura do ar
Standby 00:45 15º
Standby 00:42
Standby 00:43 10

A leitura fez-me colocar duas hipóteses que terei ainda de confirmar:

  1. A segunda máquina tem um aquecimento cerca de 25 segundos mais rápido que a original; ou
  2. O tempo que a máquina demorava a aquecer já era um sintoma de avaria.

Os Velhos do Restelo

O Velho do Restelo

O Velho do Restelo

Mónica Duarte, no seu blog há dias, indignou-se contra a introdução de máquinas de pagamento automáticas nos hipermercados. Segundo ela, nunca as usa, “nem que estejam vazias e uma longa fila nas outras”. E investe também nas críticas às portagens pagas de forma automática nas auto-estradas, e só as utiliza “só se não houver uma com funcionário aberta”. E as leitoras contribuíram com outras formas de geração de emprego, que incluem exemplos como deixar as coisas desarrumadas de propósito no McDonalds para que um empregado vá limpar a porcaria que fizeram! Só faltava mesmo aí a falácia da janela partida.

O argumento principal é “que isto é uma maneira de acabar com empregos essenciais nestes tempos tão difíceis”. Há 300 anos atrás, em plena Revolução Industrial, muitos países fecharam os olhos a esse grande avanço civilizacional. Não precisavam das máquinas! A mesma filosofia seguiu Salazar no Estado Novo… Que Camões ilustrara tão bem com a figura do Velho do Restelo!

Para quem não gosta tanto da História, há exemplos bem mais recentes. O Multibanco é um deles, mas muitos bancários perderam os seus empregos. Quando se vai para o aeroporto, o check-in vai feito de casa, mas as pessoas que faziam check-in nos aeroportos também perderam os seus empregos. E já alguém se lembra das pessoas que vendiam os impressos dos impostos, e que depois nos recebiam, agora que os entregamos via net? E já alguém pensou quantos portageiros seria necessário contratar se não houvesse Via Verde?

Eu pessoalmente utilizo estas opções tecnológicas sempre que posso. Todas estas opções tecnológicas, de há vários séculos para cá, libertaram o Homem do trabalho mecânico, repetitivo e pouco interessante. Com isso pudemo-nos dedicar a profissões mais interessantes. Ganhamos tempo e melhor qualidade de vida! Perdemos algumas profissões, onde grassava o desperdício da criatividade e inteligência humana. Eu por mim, prefiro continuar no avanço civilizacional, de que argumentar que devemos pegar todos numa enxada, e voltarmos aos tempos pré Revolução Industrial!

Raspadinhas da Easyjet

Duas raspadinhas Easyjet

Duas raspadinhas Easyjet

No outro dia, num avião da Easyjet, uma das propagandas a bordo era sobre as “magníficas” raspadinhas à venda a bordo. Depois de ouvirmos os argumentos a bordo, que incluíam o pagamento do jantar à tripulação ao chegar a Lisboa, caso ganhassemos o prémio de £10000 anunciado, não resistimos a experimentar sujar um pouco o nosso lugar…

A experiência foi muito divertida, porque depois de rasparmos a raspadinha de 1.50 €, ganhamos £2 (2 libras esterlinas). Ou seja pagamos em euros, mas só podíamos receber em libras! E nada feito! Então dêem-nos essas duas libras… Também não!? Só poderíamos utilizar essas duas libras para comprar qualquer coisa a bordo, o que francamente só dava para tomar um café, que não nos interessava. Perante o interesse das pessoas à volta, que ficaram logo a perceber que não se deveriam meter nisso, aproveitamos por trocar o prémio por mais duas raspadinhas, que obviamente não nos deram mais nada.

Mas, assim, pudemos ficar com um exemplar. Que aproveitei para ler de fio a pavio, para perceber que este é mais um meio de extorsão de dinheiro no ar… Como podem ler na imagem acima, depois de clicada e ampliada, as probabilidades são inferiores às das raspadinhas em Terra, e se tiver a sorte muito pouco provável de ganhar alguma coisa, ficará pendurado como nós…

As raspadinhas no ar são algo de que se fala pouco, mas consegui encontrar esta referência sendo ainda possível encontrar esta outra a partir daí. Mas dez segundos depois estava a descobrir uma referência ainda mais deliciosa: a de um passageiro que comeu literalmente o prémio em pleno voo! Frustrado por não receber o seu prémio de quase £10000, desatou aos pontapés, e comeu literalmente o bilhete premiado! E pouco depois, depois de ler mais alguns relatos de passageiros chateados, chego a esta maravilhosa notícia, que refere que num voo de Milão para Madrid, três felizardos ganharam todos o prémio grande, coisa que acontece estatisticamente apenas cerca de uma vez por mês…

Para mim, cada vez mais, o melhor a fazer nos voos low-cost é levar uns fones nos ouvidos, e aumentar o volume…

Isto é matemática!

Isto é Matemática” é um programa da SIC Notícias que passa originalmente às 20:50 de Sábados. Repete várias vezes por semana. O matemático Rogério Martins, nuns curtos minutos, consegue-nos traduzir alguns conceitos matemáticos complexos, com alguma brincadeira à mistura.

No último episódio, falou sobre as probabilidades de se ganhar o Euromilhões. Que já havíamos referenciado neste artigo, e que sabíamos ser muito pequena. É uma pena que o número de combinações que aparece no programa não esteja correcto (menciona 117647058, mas o número correcto é mesmo 116531800), mas para todos os efeitos, é mais ou menos aposta.

O programa vale pelas “comparações patetas”, isto é pelas probabilidades que realmente temos de acertar no Euromilhões. Ora, eu tenho a certeza que não vou ganhar o Euromilhões, e que também não vou ser um dos próximos Presidentes da República… Por isso, continuo a ganhar, quando não jogo!