Porque não há uma discussão entre mim e o A.Sousa que não se baseie em factos, decidimos partilhar convosco o trabalho do A.Sousa para transformar a despesa na Proposta de Orçamento Geral do Estado para 2013 em algo visualmente inteligível por todos os nossos leitores sem terem de ler os documentos.
O A.Sousa preparou um conjunto de Pie Charts com a distribuição percentual dos valores onde é já possível perceber como é gasto o dinheiro dos nossos impostos. Já aqui nos tinham ouvido falar sobre como alguns de nós fazemos um relatório e contas doméstico e tentamos com os registos garantir uma previsibilidade para o ano e também uma visão em estrela do Orçamento Geral e das suas sub-partes.
Avisamos já que nem eu nem o A.Sousa somos peritos em Economia, Contabilidade ou outras ciências esotéricas necessárias para gerar os quadros que os documentos apresentam, mas gostamos bastante de testar cálculos e por isso nos decidimos dedicar ao tema. O exercício é para nós uma aprendizagem de como interpretar o Orçamento de Estado, experiência pelos vistos tão importante, mas que ninguém nos ensinou nos anos de escola que ambos temos.
Parece-nos que há pouca gente interessada em fazer uma análise deste tipo e nela basear as suas opiniões. As conclusões que tirámos diretamente só de gerar os gráficos são que:
- As despesas com pessoal de todos os organismos do estado central, periférico, local, pendular, apendices e afins são 22% do Orçamento de Estado para 2013;
- As despesas com prestações sociais são 48%. É aqui que se incluem as nossas reformas, os subsidios de desemprego e inserção social;
- O rendimento social de inserção são trocos para o Orçamento de Estados;
- Os SFA (Serviços e Fundos Autónomos), os Municípios, e as Regiões Autónomas consomem uma fatia importante do bolo como um todo, mas são parte pequena em cada fatia;
- As maiores despesas de Aquisição de Bens e Serviços verificam-se na Saúde;
- A maior parte das Despesas com Pessoal é relativa ao Ensino; e
- Seria interessante sabermos o que são fatias como as “Outras despesas correntes”.
Os ficheiros estão no Google Drive onde podem fazer download do arranjo gráfico e do ficheiro com que gerámos os gráficos.
Os relatórios de contas da CGA referentes a 2011 encontram-se neste endereço: http://www.cga.pt/fs/file/Download/Fileshare/www/RelContas/rc2011cga.pdf
Pelo que lá vi, o montante total pago em 2011 rondará os 10 000 milhões de euros.
É só para vos dar os parabéns pelo vosso trabalho. Continuem.
No texto refere e muito bem que “As despesas com prestações sociais são 48%. É aqui que se incluem as nossas reformas, os subsidios de desemprego e inserção social”. Certo. Tenho também a ideia que as reformas SS+CGA representam cerca de 27% da despesa pública e que subsídios de desemprego, RSI, doença representam cerca de 10%… A minha dúvida (que ainda não vi respondida) é: e os restantes 10-11% (48-27-10=11)? São “prestações sociais” mas que prestações sociais são? Não serão esta meia dúzia de milhar de milhão utilizadas para as inúmeras associações, clubinhos, federações, bombeiros, etc., etc., a maior parte das quais instrumento fundamental do caciquismo local tão típico da degradação e decadência económica portuguesa???
POr conhecer alguns casos de gente que vive à custa de ser dirigente de uma qualquer federação desportiva ou associação “benemérita” local, tenho essa suspeita!
Marcos,
O nosso objetivo aqui é responder à pergunta “São “prestações sociais” mas que prestações sociais são?”
Se conseguirmos saber para onde vai “esta meia dúzia de milhar de milhão” já teremos factos para discutir a despesa.
Excelente post! Parabéns.
Estou curioso em saber qual a fatia do orçamento geral por ministério. Tem isso calculado? Estou curioso em saber qual o peso e percentagem da Educação. No OE passado creio que era de 3,8%, um dos valores mais baixos da OCDE.
Octávio,
Contando os valores do programa P012 (Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar), apenas na vertente de despesas de pessoal do Ensino Básico e Secundário (cerca de 4000 milhões de euros), outras despesas correntes (cerca de 600 milhões de euros) e aquisição de bens e serviços (122 milhões de euros), num total de cerca de 4722 milhões de euros, e considerando uma despesa total do Estado de 78084 milhões de euros, então a percentagem que equaciona será de cerca de 6%…