As Nações Unidas têm publicado nos últimos anos o WorldRiskReport. O documento relativo a 2015 evidencia alguns dos locais mais perigosos do Mundo, e para além do enfoque nos diversos riscos que existem (terramotos, tempestades, etc.), dá uma ênfase especial ao tema da alimentação. Felizmente, pelas razões que creio ficarão claras no final do artigo, o estudo só parece ter sido divulgado em Portugal na TSF.
Este enfoque na alimentação torna infelizmente o relatório muito pouco credível! Na lista de países mais expostos aparece o Vanuatu, um arquipélago do Pacífico, quase nas nossas antípodas. O problema do estudo é que mostra o Vanuatu em preimrio lugar nas tabelas, mas em todas as páginas do relatório é apenas referido três vezes, duas das quais numa caixa de destaque… Como essa própria caixa de destaque refere, nem sequer conseguem descrever os riscos correctamente, como foi o caso do Nepal, em que as Nações Unidas apenas previam uma baixa probabilidade de tremor de terra…
Enfim, dá para perceber da leitura do relatório, elaborado pela Universidade de Estugarda, que muito dos que nele colaboraram provavelmente não fazem ideia dos riscos naturais que os países realmente correm. Portugal é um dos mais “verdinhos” do mapa, mas isso deve ser porque nos últimos anos não houve tremores, inundações, tempestades a sério, e outros fenómenos que qualquer pessoa minimamente atenta à História sabe que existem. O mesmo não acontece infelizmente com os PALOP, que saem bastante mal retratados.
Enfim, o relatório nem sequer dá realmente indicação dos locais realmente mais perigosos do Mundo. Falamos recentemente da Venezuela, onde não há comida nem pão e todos ralham e ninguém tem razão? Como é que um país que é incapaz de produzir os seus próprios alimentos não aparece num relatório que evidencia a vertente específica do risco de falta alimentar, ultrapassa-me completamente. E já não falamos realmente doutros riscos não abordados no relatório, nomeadamente associados ao crime. Dizer que o Qatar é o país com menos risco do Mundo, num relatório virado para as questões da alimentação, e em que esse país, Qatar, não tem praticamente agricultura, só pode ser uma anedota! Por isso, estudos deste género, mesmo que das Nações Unidas, não são para ser levados a sério!
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