Automatizar a casa com ESPhome, desta vez com Shelly

Esta semana comecei uma nova etapa de automatizar a minha casa com ESPhome. Vou substituir os meus fieis interruptores de parede SonOff por interruptores normalíssimos, aditivados nas ligações elétricas com equipamentos Shelly, mas com o twist de os carregar com software gerado a partir do ESPhome..

Representação do Shelly 1 instalado por trás de um interruptor elétrico de parece

Com o Shelly e ESPhome é possível adicionar funcionalidades a um interruptor antigo e ainda assim evitar preocupações por ter dados nos computadores dos outros, isto é, na nuvem (Cloud) ou vir a ter código obsoleto instalado.

Por deformação profissional, vou acompanhando os males (vulnerabilidades) de que vêm sofrendo cada vez mais os sistemas de informação, mas também outros males que decorrem do uso que é dado aos nossos dados. A titulo de exemplo, vejam:

Tenho utilizado na minha casa o Home-assistant com equipamentos baseados em Espressif, os quais carrego com código aberto gerado com a ajuda do ESPhome. Esta configuração evita expor os meus dispositivos eletrónicos de controlo doméstico às redes de informação dos outros por os ligar a nuvens, ou utilizar código de software fechado, sem ter como os atualizar porque o fabricante desapareceu ou por obsolescência programada.

A grande diferença entre ter interruptores completos programáveis e ter apenas o circuito elétrico intercetado por uma peça de eletrónica programável, é que é possível escolher usar os interruptores que visualmente melhor combinam com a minha decoração.

Para quem já tenha a experiência com os ESP8266 ou ESP32 da Espressif, a maior dificuldade vai ser mesmo lidar com eletricidade a 220V (que “aleija” um bocado se nos distrairmos, para além de poder pegar fogo à casa).

Na prática, o Shelly regista as alterações de posição do interruptor físico, mudando a posição do interruptor programável através do software. Isto permite acionar a luz diretamente no interruptor ou por instrução remota via WiFi.

Esquema de ligação elétrica do Shelly 1 v3

O software que vem dentro do equipamento (firmware) Shelly faz tudo, e tem até a possibilidade de não o ligar à nuvem. Existe mesmo uma integração direta com Home-assistant para equipamento Shelly, que se pode instalar através da loja de add ons HACS.

Tendo em conta o meu objetivo de libertar o equipamento, que possivelmente também é o vosso objetivo, podem optar por substituir o firmware, através da injeção direta nos pins de programação do Shelly, com a ajuda de um adaptador ou usando a funcionalidade de substituição do firmware Shelly sobre wifi. (Esta segunda opção é, no meu entender, menos fiável porque pode falhar e ficam com o equipamento inutilizado)

Shelly 1 Pin out

Para quem não esteja muito habituado a configurações com YAML, o que não é o caso para os veteranos de Home-assistant, ou não tenha a certeza que os equipamentos que comprou possam ser utilizados com ESPhome, pode sempre consultar os exemplos de configuração ESPhome para vários equipamentos partilhados no ESPhome-Devices.

Controlar a energia elétrica lá de casa

Com a introdução no Home-assistant do Energy Dashboard, os dados de consumos energéticos que é hoje em dia possível obter nos contadores podem ser apresentados nos ecrãs de controlo do resto da casa. Para além dos dados obtidos no IoT, apresentados nos gráficos, é também utilizada a informação no site Electricity Map para obter os dados de impacto ambiental.

Home-assistant – Energy Dashboard

Em Portugal, o contador eRedes disponibiliza uma porta de comunicações que, com o conhecimento suficiente, permite recolher os dados e expor esses dados, e foi o que fiz. Recorrendo a um firmware Tasmota alterado e um script Bash que publiquei no GitHub, construi o pequeno IoT que está no meu contador e, em conjunto com o Home-assistant, regista os dados necessários para depois criar o Energy Dashboard.

Dados obtidos do contador eRedes através da integração com o Tasmota

Estatísticas de instalações do Home-Assistant

Home-Assistance analytics
Home-Assistance analytics

O Home-Assistant disponibiliza agora um conjunto de dados estatísticos da sua utilização. Estes dados eram-me desconhecidos até agora.

Aquilo que retive deste site foi que existem neste momento registadas 11866 instalações de Home-assistant em todo o mundo e que 189 são em Portugal.

Já tínhamos falado no PouparMelhor sobre o Home-assistant. Continuo fã, mas não sei se foi boa ideia terem ligado as instalações todas a um servidor de estatística quando o Home-assistant sempre foi visto como uma forma de desligarmos as nossas casas da nuvem…

Coisas que uma empresa pode fazer a um cliente, mas que um cliente não consegue fazer de volta

Os balcões virtuais, sites, atendimentos eletrónicos e outras modernices tecnológicas trouxeram-nos todo um novo modo de relacionamento com quem temos contratos ou pretendemos adquirir produtos ou serviços.

A partir do momento em que nos relacionamos pelos meios eletrónicos, damos às empresas todo um novo manancial de ferramentas para nos facilitarem as interações, mas, infelizmente, também para nos destratarem.

Há todo um mundo novo do desequilíbrio entre o cidadão individual e as pessoas coletivas.

Acredito que o respeito deve ser baseado na reciprocidade. Se alguém não nos respeita, trata-nos de maneira distinta da que espera ser tratado. Isto desequilibra substancialmente as relações quando, para além do trato social, são também dados direitos sem que tal se justifique. Mas isto é conversa para aquele outro blog.

Decidi por isso fazer uma pequena lista destas formas de tratamento que as empresas passaram a deitar mão, mas que não estão facilmente acessíveis aos cidadãos individualmente:

  1. Enviar SMS ao qual não é possível responder de volta.
  2. Gravar as interações com os clientes e recusar serviço se não o autorizarmos, enviando-nos para “as vias alternativas”.
  3. Apenas aceitar resposta por carta, mesmo quando todos os contactos iniciados pela empresa nos chegam por todos os outros meios.
  4. Por um robô a atender-nos.
  5. Entrar na nossa rede doméstica através do router que lhes alugámos, alterar configuração e não deixar qualquer registo consultável desse acesso no equipamento ou noutro lado qualquer.
  6. Solicitar o nosso número de contribuinte ou outro tipo de identificação para iniciar um contacto telefónico.

Planeta dos Humanos

Foi-me recomendado dar uma vista de olhos ao novo filme produzido por Michael Moore. Chama-se “Planeta dos Humanos“, e é visível abaixo no Youtube. Segundo a entrada no Wikipedia, estará apenas disponível durante 30 dias.

Devo dizer que não gostava dos documentários que Michael Moore produziu anteriormente. Mas este é particularmente relevante, pela hipocrisia que evidencia de muita coisa que se passa em termos da Energia Verde.

O filme deve ser de digestão muito difícil para quem “acredita” que a Energia Verde é milagrosa. O documentário desmonta alguns dos argumentos em torno essencialmente da energia proveniente de biomassa, mas também de energia solar e eólica.

Na verdade, em Portugal não sei se a situação será muito diferente. Temos poucas centrais de biomassa, e não sei em que condições funcionarão. Mas, em termos de energia eólica, uma pesquisa rápida revela o que aí vem. E em termos de energia solar, ainda estamos numa fase inicial, pelo que teremos que verificar.

No que me toca, o importante é usar o mínimo de energia em primeiro lugar. É isso que temos tentado transmitir aqui no blog desde o seu início…

Vitamina D3 e Covid-19

Há muitas semanas que era para escrever este artigo, mas decidi que quando o fizesse teria que ter alguma informação mais substancial sobre a relação entre a Vitamina D3 e o Covid-19.

A minha relação com a Vitamina D3 começou há 10 anos atrás quando ouvi uma referência num podcast de segurança informática. Na primeira semana de março voltei a ouvir no mesmo podcast a referência a esse episódio de há 10 anos atrás. Desta vez tomei mais atenção, embora uma pesquisa no meu gmail tenha revelado que já há 10 anos havia “passado” a informação.

Na página de Steve Gibson podemos observar um resumo bastante extenso sobre esta vitamina, embora o possamos também encontrar em muitos locais da Internet, como no Wikipedia. Do meu ponto de vista, há alguns pontos mais importantes:

  • A vitamina D3 é de “borla” quando apanhamos Sol. Nem sequer é preciso estar muito tempo ao Sol para apanharmos uma boa dose.
  • A capacidade de sintetizar vitamina D3 decresce à medida que envelhecemos.
  • Há pouca investigação sobre esta vitamina, porque sendo de “borla”, tem recebido pouca atenção. Mesmo quando é comprada na forma de suplemento, o seu custo é irrisório (ou pelo menos devia ser…).

Mesmo com pouca atenção, os estudos que têm saído são bastante claros. Antes deste episódio de Covid-19, havia um estudo que claramente se destacava, por ser uma revisão sistemática de um conjunto bastante significativo de outros estudos. As suas conclusões não deixam grandes dúvidas:

  • Vitamin D supplementation was safe and it protected against acute respiratory tract infection overall. Patients who were very vitamin D deficient and those not receiving bolus doses experienced the most benefit.

Depois de ouvir o podcast e ter descoberto este estudo, não tive quaisquer dúvidas em recomendar a todos os meus conhecidos e amigos, que tomassem Vitamina D3. Eu próprio comprei duas caixinhas de Vitamina D3 que dariam para vários anos, não fosse o respetivo prazo. Mas dá para a família toda! E a quem não conseguisse, que tentassem apanhar Sol, muito Sol…

Ante-ontem foi com bastante agrado que descobri acidentalmente um estudo onde se parece confirmar esta ligação, agora também com a Covid-19. Note-se que o estudo é também baseado num reduzido número de casos, mas identifica claramente uma associação entre a insuficiência de Vitamina D e a gravidade do estado de Covid-19. O resultado que mais se destacou para mim foi a de que 100% dos pacientes do estudo admitidos à Unidade de Cuidados Intensivos com menos de 75 anos tinham deficiência de Vitamina D.

Entretanto, numa breve pesquisa, descobri que há várias outras fontes insuspeitas sobre a relação da Vitamina D3 na prevenção do Covid-19, e sobretudo de casos mais graves. A lista deverá ser mais extensa, mas estes foi os que descobri rapidamente:

Outra fonte que tenho como boa, e que tem sido a minha fonte principal sobre o coronavirus é o canal Medcram do Youtube. No vídeo abaixo e que também tive oportunidade de ver no início de março, é explicado de forma clara como a Vitamina D ajuda a fortalecer os nossos sistemas imunitários. Vale bem a pena ver este episódio, bem como muitos outros do mesmo canal: