Carta por pontos

A semana passada recebi a seguinte mensagem da Autoridade Tributária:

Exmo.(a) Senhor(a),
Em colaboração com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária remete-se em anexo um folheto informativo sobre o novo sistema da carta por pontos.
Para qualquer esclarecimento consulte o site www.ansr.pt<http://www.ansr.pt>.
Caso se trate de pessoa coletiva solicita-se que divulgue este email pelos seus colaboradores

Fiquei deveras surpreendido. Ainda não tinha ouvido falar. Não admira: o castigo dos pontos foi aprovado em Conselho de Ministros da passada quinta-feira, e entra já em vigor, no dia 1 de Junho, o dia da criançada. Da leitura dos detalhes da coisa, sobressaem as seguintes notas:

  • No próximo dia 1 de Junho, todos teremos 12 pontos.
  • Os pontos só são subtraídos na data da definitividade da decisão administrativa ou do trânsito em julgado da sentença. Por isso, o importante é evitar que isso aconteça. Reclame por todos os meios!
  • Na  generalidade das contraordenações graves, são retirados dois pontos. Excesso de álcool, excesso de valocidade (>20 Km/h) e ultrapassagens em passadeiras dão direito a um corte de três pontos.
  • Na  generalidade das contraordenações muito graves, são retirados quatro pontos. Muito álcool ou drogas, bem como excesso de velocidade em mais de 40 Km/h, dão direito a uma perda de cinco pontos.
  • No máximo, pode perder seis pontos por dia.
  • Se se portar impecavelmente durante três anos, recebe três pontos. No máximo pode acumular até aos 15 pontos. Não é que seja grande coisa, pois só lá para 2022 é que poderia acumular mais do que esse valor…
  • Se ficar sem pontos, fica sem carta de condução durante pelo menos dois anos.
  • Se ficar com cinco pontos ou menos, tem que ir frequentar uma acção de formação de Segurança Rodoviária.
  • Se ficar com três pontos ou menos, é obrigado a realizar novamente a prova teórica do exame de condução.

Fica percebido que o objectivo é aumentar as receitas. O facto de termos sido alertados pela Autoridade Tributária é prova disso mesmo. As corporações associadas à Segurança Rodaviária, como já não conseguem disfarçar a sua ineficácia, aumentam a burocracia, taxas e taxinhas. Para isso foi criado o Portal de Contraordenações Rodoviárias, que me cheira vai ser onde só iremos mal dispostos…

História dos cartões de crédito

Esta semana soubemos que o consumo com recurso ao crédito de consumo voltou a disparar em Portugal. Foram mais de 500 milhões de euros só no mês de Março, o valor mais elevado desde que há registo deste tipo de dados em Portugal. Segundo os dados do Banco de Portugal, os créditos pessoais sem finalidade específica, para o lar, consolidado e outras finalidades, representam quase metade desse valor. O crédito automóvel representa quase 200 milhões. Infelizmente, não são boas notícias, conforme o demonstram os comentários de vários quadrantes políticos, alguns insuspeitos, como Vital Moreira.

Enfim, isto lembrou-me de um pequeno vídeo que vi neste artigo do VisualCapitalist (via ZeroHedge). Descreve a história ao longo das últimas décadas:

Outro documentário muito giro para entender os cartões de crédito foi emitido pela PBS, chamado “Secret History of the Credit Card“. O documentário continua a desparecer do Youtube, sendo que de momento está disponível abaixo. Se não conseguirem, está disponível no site da PBS:

Resultado de recuperar partes dos equipamentos antes de os deitarmos fora

Fio recuperado de um equipamento avariado

Fio recuperado de um equipamento avariado

Aqui há uns tempos disse que dava jeito olharmos para os nossos equipamentos eletrónicos para recuperarmos os componentes úteis. Isto nem sempre acontece porque não tenho propriamente o armazém dos Mythbusters para guardar tralhas.

Quando avariou o regulador de intensidade da luz do quarto dos  miúdos, fiquei com o fusível e com o arame que enrolava um dos componentes. Atirei o arame para a caixa de ferramentas e nunca mais pensei nisso.

Quando o candeeiro da sala avariou, descobri que substituir os fios elétricos não era propriamente fácil. Foi aqui que o arame recuperado serviu para guiar os novos fios dentro da armação.

A forma errada de usar um arame como guia para inserir fios elétricos num candeeiro

A forma errada de usar um arame como guia para inserir fios elétricos num candeeiro

Utilizando o arame como armação do fio, tal como está na foto acima, não funcionou. O espaço exíguo da armação não permitia que o arame e o fio fizessem a curva de entrada no tubo, mas não desisti do arame.

Forma correta de usar um arame como guia para um fio elétrico

Forma correta de usar um arame como guia para um fio elétrico

A forma correta era:

  1. Passar primeiro o arame;
  2. Prender o fio elétrico ao arame; e
  3. Puxar o arame enquanto empurro o fio elétrico pelo tubo.

O resultado foi um candeeiro Tidig do IKEA novamente a funcionar corretamente. A potencia de iluminação aumenta e reduz com o toque.

Candeiro Tidig a funcionar

Candeiro Tidig a funcionar

Novo sensor EnergyOT para medir humidade, temperatura e luminosidade

Novo EnergyOT para medição de humidade, temperatura e luminosidade

Novo EnergyOT para medição de humidade, temperatura e luminosidade

O EnergyOT oferece por cerca de €75,00 um pequeno sensor que permite controlar os consumos de eletricidade diretamente no contador através do número de vezes que pisca a lâmpada do contador. O A.Sousa anda a experimentar o seu funcionamento e há-de contar-nos mais sobre essa experiência.

A mim calhou-me os testes com um equipamento que não está ainda à venda. O equipamento do EnergyOT que estou a testar mede a luminosidade, a humidade e a temperatura.

A configuração é uma experiência bastante simples, mas têm alguns passos:

  1. Registar um utilizador no site https://my.eot.pt;
  2. Fazer download do utilitário de configuração do EnergyOT;
  3. Colocar o EnergyOT no sitio onde o queremos ter a fazer medições.

Uma aplicação Java no computador permite enviar os dados da rede WiFi e de utilizador que o EnergyOT vai necessitar.

Configuração do EnergyOT

Configuração do EnergyOT

O EnergyOT apresenta-nos os dados no seu site, onde depois mantém os histogramas para fazermos as nossas análises.

Resultados no my.eot.pt

Resultados no my.eot.pt

Daqui a uns tempos vamos ter resultados para falar aqui. Entretanto vou experimentar os vários sítios da casa para fazer as medições.

EnergyOT por cima do espelho da casa de banho

EnergyOT por cima do espelho da casa de banho

Estatísticas milionárias regurgitadas

Algumas vezes, até as crianças fazem melhor (retirado daqui)

Algumas vezes, até as crianças fazem melhor (retirado daqui)

Há várias semanas li um artigo onde se reclamava que num estudo de 2015 da Camelot (equivalente aos Jogos Santa Casa no Reino Unido) se tinha chegado à conclusão de que 44% dos milionários ficavam na falência passados 5 anos.

O número era suficientemente interessante para merecer uma investigação melhor! Como era um estudo recente, não deveria ter dificuldades em chegar aos dados originais. Em quase dois meses, voltei a descobrir como a informação mastigada e regurgitada vai alimentando a Internet! E como foi um dos maiores desafios de encontro de dados aqui no Poupar Melhor, comecei a alimentar um “diário” do desafio a que ia dedicando um minuto aqui e outro acolá…

O site do Statistic Brainer tem uma página com várias estatísticas sobre a lotaria. Tem no fundo da página uma referência para uma “verificação estatística” que diz que a investigação é de 2016/01/12 e que a fonte é a própria “Camelot Group PLC”. Outra página que aparece frequentemente associada a esta temática é este artigo de Fevereiro de 2015 do The Richest, onde se percebe que estamos a falar dos mesmos valores… O artigo refere que o estudo da Camelot é do ano anterior, pelo que de 2014.

Passei então a pesquisar os sites da Camelot, e de várias instituições associadas ao jogo em Inglaterra. Pesquisei no Google, limitando os resultados por períodos de tempo cada vez mais antigos. Foi assim que descobri um estudo da Camelot de 2012,  por altura do registo de 3000 milionários na lotaria inglesa. Uma leitura atenta do documento revelou que não havia qualquer referência a milionários falidos.

Depois de mais tempo perdido, comecei a perder a esperança. Até que noutro dia me lembrei de juntar o Arquivo da Internet à equação. Um dos primeiros saltos foi à página do Statistic Brainer, onde descobri que a versão mais antiga disponível, de 2012, refere outro estudo da Camelot, só que agora de 2006! Pouco tempo depois identificava um estudo de 2006, da Universidade de Nottingham, sobre os efeitos da lotaria na felicidade, satisfação e humor dos vencedores. Infelizmente, nenhuma referência a 44%…

Continuei a recuar no tempo, à procura da mensagem mais antiga envolvendo os 44%. Até que seguindo links, fui ter a uma mensagem num arquivo de listas da Internet,  onde se falava nos 44%, mas numa perspectiva diferente. Todavia, a leitura das restantes estatísticas confirmava que se trataria do mesmo estudo!

O estudo em causa, Winning The National Lottery Is Good For You!, foi realizado em 1999, e publicado em Novembro desse ano. O estudo, na verdade realizado pela Ipsos MORI, refere todavia o seguinte:

On average, the winners have so far spent 44% of their winnings

Ou seja, 44% não foram à falência, mas sim, em média, cada um dos entrevistados tinha gasto 44% daquilo que tinha ganho. E, olhando para a ficha técnica do inquérito, foram 249 os entrevistados, entre os que tinham ganho pelo menos 50 000 £, dos quais 111 com um prémio superior a um milhão de libras. E, note-se ainda que não foram 5 anos para cada milionário, mas nos anos de 1994 a 1999, pelo que presume-se que em média os premiados teriam-no sido em média nos últimos dois anos e meio…

Enfim, este parece ser mais um exemplo claro do lixo informativo que permanece em grande parte da Internet. Pode ser que a minha análise esteja errada, e por isso se o leitor encontrar mais alguma peça deste puzzle, digam-no! Mas o que ele revela é que o bom hábito de linkar para a informação original se vai perdendo quase que definitivamente nesta rede global. E, como no jogo do telefone estragado, o que sai no final quase nunca é fiel ao original!

Home-Assistant, o mordomo free open source

Home Assistant

Home Assistant

Quando coloquei aqui a ideia de construir uma espécie de mordomo que reconhecia os habitantes da casa, o amigo Pedro veio avisar-nos que já alguém tinha pensado nisto. Nestas coisas dos computadores há sempre alguém que já fez uma parte do caminho.

O Home Assistant já tem um conjunto de componentes disponíveis para configurar. Para isso usa os interfaces de comando disponíveis nos equipamentos e softwares e disponibiliza forma de os comandar-mos de um só sitio. Os componentes disponíveis são receitas para controlo de equipamentos e software de várias marcas e permitem:

  • Receber notificações de alarmes de proteção da casa;
  • Receber informação de um sensor autónomo;
  • Receber imagens de uma câmara;
  • Controlar algo que construímos  com um Arduino;
  • Controlar a porta da garagem;
  • Ligar e desligar o ar condicionado;
  • Registar dados históricos para análise posterior;
  • Integrar componentes físicos como tomadas elétricas;
  • Ligar e desligar luzes;
  • Trancar e destrancar fechaduras;
  • Controlar um media player como o iTunes, Kodi e outros;
  • Enviar notificações por email, Twitter e outros;
  • Organizar múltiplos equipamentos e tratá-los como um só;
  • Identificar a aproximação de objetos a certas áreas para alterar parâmetros de outros equipamentos;
  • Criar configurações específicas dependentes do estado de outros equipamentos;
  • Deteção de presença recorrendo à identificação de equipamentos e com o iCloud, Nmap, OpenWRT, DD-WRT, Bluetooth e outros;
  • Abrir e fechar estores;
  • Controlar vários sensores como temperatura, valor do BitCoin, um sensor ligado ao Raspberry PI e outros;
  • Controlar vários tipos de interruptores;
  • Controlar termóstatos de várias marcas;
  • Falar com o Home Assistant para que ele execute comandos simples;
  • Obter e apresentar informação metereológica;
  • Descobrir e configurar equipamentos automaticamente; e
  • Ler as notícias de hora a hora a partir de um RSS Feeds e enviar os resultados para outro componente (ou dizer as notícias alto e bom som).

As possibilidades de colocar qualquer destes componentes em conjunto são bastantes. Depende só do que temos em casa que responde a isto e o que queremos fazer.