Receber uma mensagem quando alguém conhecido entra ou sai da sua casa – Parte 1

Decidi construir um pequeno script que verifica quemestá em casa e quem não está baseado nos telemóveis cá de casa. Juntando isto ao Raspberry Pi a falar ou ao Pebble pode ser que dê alguma coisa engraçada.

A ideia de saber quem está em casa veio-me da publicidade sobre a integração do OnHub da Google com o IFTTT. O OnHub é um router wireless com antenas circulares e ligado a uma App da Google que permite configurar e controlar o equipamento. Onde será que já vi isto…

O OnHub também integra agora com o IFTTT, o site com receitas de automatização de tarefas de que já falámos aqui por causa do Pebble.

Quem me conhece e ao A.Sousa, sabe de como criticamos o modo como funcionam os produtos hoje em dia, e que temos muitas reservas à quantidade de informação pessoal nossa que os equipamentos partilham com as empresas após nos serem vendidos.

Mas quem sabe construir os seus próprios equipamentos, pode adaptá-los às funcionalidades que quer ter mesmo à medida sem ter de se preocupar com a sua privacidade. Para isso basta algum tempo e paciência para aprender o que a Internet nos quiser ensinar.

O script que vai acrescentar esta facilidade ao meu Raspberry Pi é muito simples e depende do crond, o agendador de comandos presente em muitas distribuições Gnu/Linux. O script vai ter de:

  1. Saber quais os equipamentos a controlar;
  2. Procurar esses equipamentos na rede;
  3. Manter lista de pessoas dentro e fora de casa;
  4. Notificar quando o estado muda.

Para o proof of concept vai ficar tudo hardcoded, sem interface gráfico de utilizador e com notificações básicas. Vai ser apenas um script que corre de tempos a tempos e que se encontrar um dos endereços emite a notificação.

Para encontrar os equipamentos pelo seu endereço MAC a internet disse-me para usar o utilitário arp. O utilitário já vem no OSMC, a distribuição que uso no meu Raspberry Pi. O resultado é uma lista de equipamentos (por nome ou endereço ip) com o respetivo endereço MAC. Isto resolveria o primeiro e segundo passo, mas o arp só me indica os equipamentos com que já estive ligado.

Usar o arp para detetar equipamentos tem um senão. Como nem todos os equipamentos estão ligados através do mesmo router por causa do repetidor, tive aumentar a parada. A minha primeira escolha para coisas de rede é o nmap. Aqui o site Stackexchange tem um thread a discutir o tema de como detetar todas as máquinas na rede e que vale a pena ler com atenção. O problema é que o nmap para mostrar endereços MAC necessita de previlégios elevados:

sudo nmap -sP -n 192.168.1.0/24

Outro problema é que o método que o nmap usa é muito mais demorado. O arp é quase imediato, mas só para equipamentos que já se ligaram, enquanto o nmap demora cerca de 10 segundos.

Para as notificações, para já serão enviadas por email. Bem sei que não é o formato ideal de notificação, mas para já tem de servir. Para enviar emails pelo Gmail a partir do Raspberry Pi com o OSMC, vamos ter de instalar software. O link que tinha as instruções que escolhi para enviar emails pelo Gmail para aconselha a utilização do mutt.

Internet das Flores

Há umas semanas, ofereceram-me um Parrot Flower Power. É um gadget giro, que se “planta” junto a uma planta, num vaso, ou numa qualquer parte de um jardim. Depois, é só conectá-lo a um dispositivo Bluetooth… A partir daí, a minha roseira ganhou um companheiro!

Agora, de vez em quando, aproximo o meu telemóvel da roseira, e num instante fico a saber como é que ela está. O Flower Power dá-me várias indicações, desde a temperatura que tem estado, o nível de luminosidade, e o nível de humidade no solo, entre outras coisas.

No gráfico a seguir podemos ver o nível de humidade no solo, das últimas duas semanas. É a variável mais interessante para mim, até porque era aquela que eu teria mais dificuldade em medir. Notem que na primeira metade o nível de humidade foi descendo, até que decidi começar a regar. O gráfico termina no Sábado passado, depois da grande chuvada, mas mesmo assim não se ultrapassou significativamnte os 40%:

Nível de humidade nas últimas 2 semanas

Nível de humidade nas últimas 2 semanas

Também dá a temperatura, neste caso da sexta-feira passada:

temp

Temperaturas a 6 de Maio

Finalmente, abaixo podemos observar um gráfico de luminosidade, correspondente à sexta-feira passada:

lumi

Luminosidade a 6 de Maio

Nunca espreito o preço daquilo que me oferecem, mas neste caso tive curiosidade. Apesar de não ser muito económico, não é terrivelmente caro. Por aquilo que faz, é bastante interessante. E é mais um exempo do que o IOT (Internet of Things), ou neste caso o IOF (Internet of Flowers), está mesmo ao virar da esquina…

Porque é que o DRM (Digital Rights Management) nos trará maiores problemas de segurança

BBC_Eliminate_DRM

BBC Eliminate DRM

No Poupar Melhor já alertámos várias vezes para a forma pouco cuidada com que os fabricantes de equipamentos olham para os direitos dos seus utilizadores. Temos casos de envio de informação não autorizada para o fabricante, mas também casos em que o equipamento pode ser utilizado para outros fins.

Neste segundo caso, uma das coisas que pode acontecer é que o equipamento seja utilizado para produzir efeitos negativos num alvo e que uma investigação que siga o rasto à origem do ataque nos venha bater à porta. Colaboram para esta possibilidade equipamentos com fracas capacidades de segurança.

O potencial para estas falhas de segurança podem ter múltiplas origens. Uma das principais origens é a má codificação. As empresas que começaram há pouco tempo a lidar com a construção de software têm a propensão para criar de novo todos aqueles defeitos que há muito já tínhamos deixado de ter.

A Electronic Frontier Foundation (EFF) veio mais uma vez alertar para o perigo de termos legislação que por consequência defende a incúria dos fabricantes. Neste artigo da EFF, um investigador avisou um fabricante do defeito nos seus sistemas. O fabricante ignorou os avisos.

Os detentores de direitos de cópia estão ao nível internacional a tentar forçar uma norma para a internet que lhes permite transmitir vídeos num formato legível apenas através do software de DRM, o “Encrypted Media Extensions” (EME). As extensões necessárias para a visualização deste formato estarão protegidas por leis que impedem a sua remoção, mesmo por razões legais. A extensão desta proteção é tão abrangente que mesmo que o nosso sistema esteja em perigo por causa de um defeito nestas extensões, ninguém nos pode avisar, nem podemos fazer nada.

A entidades internacionais preparam-se para implementar mais uma mudança tecnológica e legal sem criarem as necessárias salvaguardas para nos proteger. A EFF pediu ao W3 (World Wide Web Consortium) que criasse uma política em torno do EME com uma exceção que permitiria os investigadores de segurança informática continuarem o seu trabalho sem serem perseguidos judicialmente pelas falhas que detetassem na implementação do EME, mas até agora nada aconteceu.

Webspam

O conceito webspam é um conceito associado ao lixo que circula na web, muitas vezes invisível, e que visa enganar os motores de pesquisa, nomeadamente o Google. Ocorre naturalmente sob muitos formatos, do qual um exemplo são as cópias de conteúdo que descrevemos neste artigo.

No blog de Google Webmasters, a semana passada foi publicado um relatório sobre como o Google combateu o webspam no ano passado. Alguns dos pontos que retive, e que motivam alguma meditação, são os seguintes:

  • Verificou-se um aumento de 180% na quantidade de sites “hackados”.
  • Aumentou a quantidade de sites com pouca qualidade de conteúdo. Nestes estão incluídos os sites que copiam o conteúdo doutros locais.
  • O Google mandou mais de 4.3 milhões de mensagens aos respectivos webmasters, e verificaram um aumento de 33% no número de sites que procederam a uma correção dos problemas.

Felizmente, quando utilizamos o Google, somos cada vez menos impingidos com páginas sem sentido. Ainda acontece, naturalmente, e também muitas vezes não aparecem as mais importantes. Aqui no Poupar Melhor somos muito a favor deste combate, e por isso também o Google parece gostar de nós… Assim esperamos continuar!

Locais mais perigosos do Mundo???

As Nações Unidas têm publicado nos últimos anos o WorldRiskReport. O documento relativo a 2015 evidencia alguns dos locais mais perigosos do Mundo, e para além do enfoque nos diversos riscos que existem (terramotos, tempestades, etc.), dá uma ênfase especial ao tema da alimentação. Felizmente, pelas razões que creio ficarão claras no final do artigo, o estudo só parece ter sido divulgado em Portugal na TSF.

Este enfoque na alimentação torna infelizmente o relatório muito pouco credível! Na lista de países mais expostos aparece o Vanuatu, um arquipélago do Pacífico, quase nas nossas antípodas. O problema do estudo é que mostra o Vanuatu em preimrio lugar nas tabelas, mas em todas as páginas do relatório é apenas referido três vezes, duas das quais numa caixa de destaque… Como essa própria caixa de destaque refere, nem sequer conseguem descrever os riscos correctamente, como foi o caso do Nepal, em que as Nações Unidas apenas previam uma baixa probabilidade de tremor de terra…

Enfim, dá para perceber da leitura do relatório, elaborado pela Universidade de Estugarda, que muito dos que nele colaboraram provavelmente não fazem ideia dos riscos naturais que os países realmente correm. Portugal é um dos mais “verdinhos” do mapa, mas isso deve ser porque nos últimos anos não houve tremores, inundações, tempestades a sério, e outros fenómenos que qualquer pessoa minimamente atenta à História sabe que existem. O mesmo não acontece infelizmente com os PALOP, que saem bastante mal retratados.

Enfim, o relatório nem sequer dá realmente indicação dos locais realmente mais perigosos do Mundo. Falamos recentemente da Venezuela, onde não há comida nem pão e todos ralham e ninguém tem razão? Como é que um país que é incapaz de produzir os seus próprios alimentos não aparece num relatório que evidencia a vertente específica do risco de falta alimentar, ultrapassa-me completamente. E já não falamos realmente doutros riscos não abordados no relatório, nomeadamente associados ao crime. Dizer que o Qatar é o país com menos risco do Mundo, num relatório virado para as questões da alimentação, e em que esse país, Qatar, não tem praticamente agricultura, só pode ser uma anedota! Por isso, estudos deste género, mesmo que das Nações Unidas, não são para ser levados a sério!

Afinal um círculo no chão não prende um gato

Aqui há uns tempos o A.Sousa trouxe-nos um vídeo que propunha que os gatos não saiam de um circulo desenhado no chão. O vídeo acima prova o seu contrário.