Batota académica

Quando ainda estão frescas as notícias que envolveram uma investigadora Portuguesa em contornos no mínimo duvidosos, conforme referenciamos neste artigo, dei por mim a tropeçar numa página intitulada Guia da Desonestidade Académica.

A página tem uma oprientação que me parece positiva, e que consiste “em ajudar o formador / professor a prevenir e evitar este tipo de comportamentos anti-pedagógicos“.

Parece-me bem, até porque é preciso compreender e minimizar o fenómeno. Neste artigo introdutório, que me atrevo aqui a copiar abaixo, enquadram-se os mais importantes tipos de desonestidades académicas:

  • Plágio: A cópia ou repodução de conteúdos produzidos por outros autores sem o seu prévio consentimento e com o objectivo de assumir a paternidade dos mesmos.
  • Falsificação: Consiste em falsificar dados, informações ou citações durante a elaboração de trabalhos académicos.
  • Mentira: Fornecer informações falsas ao tutor com o objectivo de o enganar, p.ex. inventar uma descupla para cumprir um dado prazo na entrega de um trabalho.
  • Cabular: Copiar respostas de terceiros  – com ou sem o consentimento dos mesmos – ou de apontamentos, vulgo “cábulas” durante a realização de testes ou exames.
  • Suborno: Obter através de serviços pagos – de colegas ou através de sites especializados neste tipo de actividade – ajuda e respostas para a elaboração de testes ou exercícios.
  • Sabotagem: Sabotar o trabalho de terceiros na tentativa de evitar que terceiros completem o seu trabalho com sucesso. Estas práticas ocorrem em contextos de elevada competetividade académica.
  • Condutas Profissionais Impróprias: fraudes que visam envolver profissionais do meio académico com o objectivo de facilitar a progressão académica, p.ex. comprar notas, pagar para obter antecipadamente cópias dos testes, etc.

Outra página menciona estudos sobre o plágio académico, com muitas estatísticas muito interessantes. Outra página muito interessante evidencia as técnicas de como cabular. Uma outra página explica como prevenir a fraude académica. É um conjunto de páginas que vale a pena ler com atenção, para compreender este fenómeno, que será cada vez maior, na minha opinicão.

Martelar carros em Lisboa

Na recente discussão sobre a Segunda Circular, várias vezes tropecei no argumento do excesso de carros em Lisboa. E não só sobre o projecto da Segunda Circular, mas outros que estão a ser discutidos em Lisboa. Várias vezes, várias pessoas, linkaram para um gráfico disponível em vários locais da Internet, nomeadamente no Corvo (não ponho link, pois o Google diz que que “This site may harm your computer”), mas também no Wikipedia, onde é nomeadamente referenciado na página de Lisboa. O gráfico pretende evidenciar a relação entre a população residente em Lisboa, versus o respectivo parque automóvel:

População_residente_vs_parque_automóvel,_em_Lisboa

População_residente_vs_parque_automóvel,_em_Lisboa

O gráfico mostra-nos uma linha a azul com a população residente no município de Lisboa, com o respectivo eixo dos yy à esquerda. Está a descer e bem! Os autores do Poupar Melhor contribuíram para isso! A linha a vermelho supostamente mostra o número de ligeiros de passageiros e todo-o-terreno no Município de Lisboa, com o respectivo eixo dos yy à direita. Aumentou e bem, e ambos os autores do Poupar Melhor contribuíram também para isso.

O problema está obviamente na linha a vermelho. Provavelmente por incapacidade de obter os números para o concelho de Lisboa, o autor aplicou a proporção populacional de Lisboa, a cada ano, ao parque automóvel de Portugal. Esta última variável é dado por este gráfico:

Evolução do número de automóveis em Portugal

Evolução do número de automóveis em Portugal

Reparem como o número de automóveis aumentou muito significativamente. Mas, pensando bem, está surpreendido? Vamos experimentar a técnica do martelanço! Procurei saber qual o município português que tinha perdido mais população. Mas não consegui encontrar em pouco tempo, pelo que me vou socorrer do exemplo da Sertã, que segundo um artigo do Público, perdeu 37.5% da população em 30 anos. Qual será a relação dos sertanenses com o automóvel? A resposta martelada é a seguinte:

Relação dos sertanenses com o automóvel

Relação dos sertanenses com o automóvel

Conseguem reconhecer o gráfico? Os sertanenses tiveram quase exactamente o mesmo comportamento dos Lisboetas? Bolas, o exemplo que arranjei em dois minutos na web é ainda mais estupidificante, porque a perda populacional dos dois concelhos não foi muito diferente.

Mas, podem experimentar com outros concelhos, mesmo aqueles que ganharam população. A grande diferença será naturalmente a curva a azul, que será ascendente. A curva vermelha terá sempre um aspecto semelhante, porque qualquer gráfico derivado da evolução do número de automóveis em Portugal, será naturalmente uma curva ascendente, semelhante à do segundo gráfico acima. Na verdade, seria preciso que um concelho perdesse quase 85% da sua população para que a curva vermelha começasse a inverter…

Enfim, ainda haveria mais a dizer sobre este gráfico. Fica só mais uma. Na replicação do gráfico que fizemos de Lisboa, conseguimos ir buscar dados uns anos atrás. Os dados interpolados da população de Lisboa, recorrendo aos dados da mesma página do Wikipedia sobre Lisboa, passam uma mensagem gráfica bem diferente, como se pode ver pela imagem abaixo. Porque não estarão esses dados no gráfico original? A resposta parece-me óbvia…

Dados de Lisboa martelados, mas com uma mensagem gráfica diferente...

Dados de Lisboa martelados, mas com uma mensagem gráfica diferente…

Tempo perdido nas compras

Tempo nas comprar - Resultados

Tempo nas comprar – Resultados

Isto pode parecer uma diatribe sobre supermercados, mas não é. Já falámos muito aqui de compras, mas nunca nos demos ao trabalho de analisar por onde foge o nosso tempo quando fazemos compras.

Hoje decidi cronometrar a ida às compras e não gostei dos resultados. Demorei uma hora e trinta e quatro minutos entre 2 supermercados. Para comprar a carne vou a um supermercado e para comprar os vegetais vou a outro. Este detalhe dos dois supermercados adiciona apenas o tempo de espera nas caixas e a deslocação, mas isto é escolha minha e tem como benefício comprar os vegetais e carne melhor e a melhor preço.

Muitas vezes perdemos o nosso tempo a verificar preços, pesos, quantidades e descontos, só para concluir que não são o que dizem ser. Isto faz-nos perder o nosso tempo. Este tempo era o tempo do descanso legal que já não recuperamos, tudo para evitar ser ludibriado por informação não verificada. Este tempo era vosso e agora já não o têm.

Já falámos sobre as muitas coisas que nos fazem perder tempo nos supermercados:

Uma das dificuldades que encontro é identificar a ordem pela qual devo fazer a volta ao supermercado. Este facto unido com a impossibilidade de fazermos a ordenação da lista de comprar pela arrumação dos itens no supermercado são uma receita para perder ainda mais tempo.

A minha arrelia com isto tudo é acima de tudo ter de andar às voltas à procura das coisas dentro do supermercado e perder tempo para analisar a informação prévia à decisão de compra.Talvez fosse útil haver um site como aqueles que nos dizem como são todos os aviões das companhias aéreas ou a disposição das cabines de um barco de cruzeiro turístico.

Um bom principio para resolver isto era começar a introduzir mapas de supermercados no Google Indoor maps e de alguma forma cruzar essa informação com a informação de uma lista de compras partilhada.

Pior, mais rápido, logo mais caro?

A novela da Segunda Circular não parece ter fim. Mas os desenvolvimentos do dia de ontem não auguram nada de bom para os Munícipes, pessoas que aí trabalham como eu, e visitantes de uma forma geral. Aliás, já era previsível, mas a coisa vai ficar ainda mais preta!

Se há coisa que eu e o Álvaro gostamos é de dar ênfase a uma boa gestão de projecto. E quando se fala de gestão de projectos, há sempre um triângulo que me vem à mente:

Pode apenas escolher dois... (adaptado daqui)

Pode apenas escolher dois… (adaptado daqui)

Este triângulo diz-nos que destas três qualidades, apenas há intersecção entre duas delas. Aplicando à Segunda Circular, poderíamos ter as seguintes combinações:

  • Fazer depressa a obra e com qualidade, mas não vai ficar barato…
  • Fazer depressa a obra e barata, mas não vai ser de qualidade!
  • Fazer uma obra com qualidade e barata, mas vai levar tempo.

Estas constatações tem várias abordagens mais tradicionais. Ocorre-se-me o ditado de que “depressa e bem, há pouco quem”. Como é que isto se traduz na Segunda Circular?

Enfim, o que todos gostaríamos é de uma obra bem feita, com qualidade, barata e rápida! Bem feita, com qualidade, esqueçam, como está demasiado claro para todos. E o pouco que tinha de bom foi retirado. Barata, esqueçam ainda mais, como fica evidente por estes dias…

Bem, rápida lá será, mas em vez de servir para nada, provavelmente só vai servir para nos infernizar a vida, durante e depois da obra feita! Mas, se voltarem a olhar para o triângulo acima, onde ficamos???

Jogo do Galo

Ontem foi um dia histórico, com a vitória do AlphaGo do Google sobre um humano, Lee Se-dol, uma das celebridades mundiais do jogo Go. O jogo Go, que vou aprender, é provavelmente o jogo de tabuleiro mais complexo que se joga de forma habitual neste Planeta. Mas há jogos mais simples, e um deles é o jogo do galo. Todos temos a noção de que não é possível ganhar/perder no jogo do galo. Talvez tal tenha ficado retratado de forma sublime no final do filme “Jogos de Guerra”, que também envolveu aprendizagem por parte de um computador…

Ainda assim, fiquei maravilhado com as possíveis soluções para o Jogo que estão disponíveis no xkcd. Como podem ver na primeira imagem abaixo, para quem começa com o “X”, o melhor é jogar numa esquina. Como se pode ver na segunda imagem, para quem joga com os “O”, a resposta correcta é no meio.

Não é fácil “ler” a imagem, mas a ideia é jogarmos na posição dada pelo maior “X” vermelho, esperar a resposta do adversário, e fazer zoom no local onde jogou. A partir daí é retomar o processo.

Como jogar no jogo do Galo

Como jogar no jogo do Galo

Digitalizar fotografias com um smartphone

Instructables - Scan Photo With Your Mobile Phone

Instructables – Scan Photo With Your Mobile Phone

O site Instructables tinha no passado dia 26 de fevereiro apresentado uma solução tão simples para criar um digitalizador de fotografias para smartphones que até é de estranhar ninguém ainda tivesse feito um. Não se trata de uma das milhentas app que existem para fotografar documentos e corrigir o enquadramento. Essas sofrem todas do mal de terem a iluminação incorreta para o objetivo.

A ideia é criar com algumas placas de plástico e uns LED uma caixa de luz com um pequeno buraco para a câmara do smartphone. A luz dos LED e a caixa de plástico branca fazem com que a iluminação fique em condições suficientes para o que me parece ser um projeto de sucesso.

Estas placas de plástico podem ser daquelas que se compram nas papelarias para fazer maquetes.

Ainda não experimentei isto, mas quando quiser digitalizar as minhas fotos antigas, vou usar esta solução. Fica aqui o registo.