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Custo da energia na Europa

A reunião do Conselho Europeu da passada quarta-feira teve na energia um dos seus temas centrais. Da reunião pouco se ouviu nos Media portugueses, e se não fosse a leitura dos Media internacionais, nem sequer teria dado pelo assunto.

Uma visão muito interessante havia sido dada pelo Financial Times, que neste artigo (requer subscrição) referenciava que toda a cimeira se podia resumir a um gráfico, que esteve na berra em Bruxelas durante toda a semana:

Custo Energia, Europa vs. EUA vs. Japão

Custo Energia, Europa vs. EUA vs. Japão

O gráfico, extraído deste documento oficial, revela a perda competitiva que a indústria  europeia sofreu desde 2005, com o aumento dos preços de energia. Mas, na verdade, o documento revela muitos mais gráficos, também interessantes para os consumidores domésticos! O gráfico seguinte revela que pagamos em Portugal um dos preços de energia mais elevados da Europa, nos quais o impacto das taxas e impostos é um dos mais substanciais:

Custo energia doméstica nos países europeus

Custo energia doméstica nos países europeus

O documenta revela ainda mais estatísticas interessantes. Uma delas é que, apesar do investimento em renováveis, Portugal é o quinto país mais dependente do petróleo da Europa a 27. E que o preço da electricidade para a indústria é superior em Espanha a Portugal, o que desmonta uma das notícias dos dias passados. Mas o que sobressai é que a política energética da Europa tem sido um grande fracasso nos últimos anos, com grandes benefícios para o resto do Mundo. Não nos resta pois grande alternativa senão continuarmos a poupar neste recurso escasso e caro…

As nossas fontes de energia

Um dos aspectos mais enigmáticos na minha factura de electricidade, e que os leitores já terão igualmente equacionado, é o gráfico das Fontes de Energia, que aparece no verso da factura da EDP Serviço Universal:

Mix fontes energia 2012

Mix fontes energia 2012

Nunca tinha ligado muito à questão, até ouvir há dias o ex-Secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, na SIC Notícias. O vídeo da entrevista, um pouco perturbador, está no final deste artigo. São imensas as partes que poderia citar, mas a que mais me marcou é aquela que se passa ao minuto 34:36. Segue uma transcrição parafraseada:

  • José Gomes Ferreira (JGF): Trago um outro exemplo: Uma mensagem que diz assim: Os preços do mercado de electricidade no dia 1 de Abril de 2013 durante todo o dia estiveram a zero. Nesse dia Portugal exportou muita energia porque se fartou de “receber dinheiro” e não recebeu nada. Sucede que os produtores eólicos têm um contrato privilegiado que permite vender à rede toda a energia que produzem. Desta forma, no dia 1 de Abril, parece mentira, injectaram na rede 66 GWh a 90 €/MWh, tendo portanto facturado 5.9 milhões de euros. Ou seja os consumidores pagaram quase 6 milhões por uma energia que não precisavam. O sistema tem destas coisas absurdas.
  • Henrique Gomes (HG): Tem. Estivemos a financiar os consumidores espanhois. Estivemos a dar-lhes energia. Mas posso lhe dizer quais os valores relativamente ao primeiro trimestre. Espanha foram 75 milhões que o Sistema pagou para vender a Espanha.
  • JGF: O nosso Sistema pagou para vender a Espanha?
  • HG: Exactamente
  • JGF: Nós Portugueses pagamos aos produtores para eles darem a Espanha?
  • HG: Exactamente
  • JGF: Isto é uma loucura!
  • HG: Em Portugal para além do sobrecusto normal, como o preço real foi abaixo disso, essa diferença, para além do estabelecido, foi de 56 milhões.
  • JGF: E nós pagamos isso tudo?
  • HG: Vamos pagar, sim.
  • JGF: Isto é uma loucura! Não é aguentável! Isto não pode continuar assim!

Na entrevista, é efectuada uma referência a um artigo recente de Henrique Gomes. Descobri o artigo aqui, havendo aí mais afirmações bombásticas. Henrique Gomes calcula aí que o mercado Português é de longe o mais rentável para a EDP Renováveis, com 40% do resultado líquido atribuível a accionistas. Por comparação com outros mercados, em Espanha é de 2.9% e nos Estados Unidos de 0.6%!!!

Ainda mais recentemente, o Correio da Manhã destacou um estudo do economista Eugénio Rosa, que afirma que “os portugueses pagaram a mais 1,1 milhões de euros na fatura de eletricidade de 2012, devido aos preços bonificados das energias renováveis“. O economista disponibiliza no seu site o documento. Nele, Eugénio Rosa faz várias referências a Henrique Gomes, e o facto de pertencerem a quadrantes políticos bem distintos, só me faz acreditar mais nas conclusões de ambos.

Agora voltem a olhar para o primeiro gráfico do artigo. Vejam como 40% da energia que nos chegou a casa em 2012 é energia eólica. Aquela que o telespectador diz, e que Henrique Gomes confirma, é oferecida a Espanha! E que eu, ingenuamente, havia referenciado aqui como podendo dar um contributo para a saída da crise… Essa mesma energia que contribui fortemente para os resultados líquidos da EDP.

Da próxima vez que vir um aerogerador vou-me lembrar disto! Andamos nós a poupar, e a fazer imensos esforços de consumir menos energia, para depois constatarmos que há outros que nada têm que fazer, mantendo o status-quo. Não admira que o Selassie esteja desapontado. E que esse mesmo nosso esforço pode ser até contraproducente, porque quanto mais poupamos, mais pagamos pela energia!

Quando consumo desce, preço sobe!

A loucura da argumentação na regulação dos preços em Portugal parece não parar! Já o havíamos evidenciado para a justificação confusa nas subidas do preço da electricidade. Por um lado, nos últimos anos temos levado com um bombardeamento sobre a eficiência energética, e a coisa reforça-se para os próximos anos, com a recente aprovação do PNAEE 2016. Por outro, os Portugueses têm respondido, baixando os seus consumos. E no final, pagamos mais pela electricidade, porque poupamos mais???

A ERSE reincide agora, desta vez na vertente do gás natural. A ERSE propõe que a subida do gás natural, a vigorar de Julho deste ano até Junho do próximo ano, seja de 3.9%, para todos aqueles que consumam menos de 10000m3. A variação proposta na tarifa social é menor. Uma das principais justificações para essa subida é a seguinte, retirada do link anterior:

  • Outro aspeto a ter em consideração refere-se à quebra do consumo de gás natural em 2011, e não antecipada plenamente no cálculo das tarifas para 2011-12. O desvio tarifário daí resultante é repercutido entre os diferentes agentes, refletindo-se parcialmente nas tarifas de acesso às redes de 2013-14.

Inicialmente, nem pensei muito no assunto. Mas depois pensei em quanto teria sido a descida de consumo? Fui procurar na DGEG tais descidas de consumo, e o que encontrei é muito curioso! Nas últimas estatísticas rápidas dos combustíveis fósseis, na página 7 aparecem muitos dados, e a seguinte explicação:

Dados de consumo de gás natural da DGEG

Dados de consumo de gás natural da DGEG

Se se fizer o gráfico para o consumo desde meados de 2009, a partir dos mesmos dados da DGEG, obtém-se o gráfico abaixo. Por aqui se confirma a validade da constatação da DGEG, pois o consumo de gás natural tem vindo a subir, com excepção do utilizado na produção de energia eléctrica.

Consumo de gás natural diminuiu na produção de energia eléctrica

Consumo de gás natural diminuiu na produção de energia eléctrica

Tal confirmação pode-se obter também na REN, onde na última Informação Mensal Relativa ao Sistema Electroprodutor se pode ler:

  • Em 2012 as centrais a carvão funcionaram a 83% da capacidade disponível enquanto as centrais a gás natural apenas a 17%.

A tal não é certamente alheio a cada vez maior penetração das energias renováveis em Portugal. Em função disso, as centrais a gás natural deixam de produzir e consumir gás natural, o que parece uma coisa boa. E, em função disso, a ERSE dá-nos uma marretada no preço e propõe-se subir o preço do gás natural, para nós consumidores. O que parece uma coisa boa torna-se numa coisa má! A única parte boa deste filme é que isto é ainda uma proposta ao Conselho Tarifário, que tem até 15 de Maio para emitir um parecer. Será que ainda alguém vai a tempo de lhes abrir os olhos?

Preços da electricidade 2001-2013

Nos últimos dias, tem sido um Mundo Novo o que tenho descoberto sobre os temas da electricidade em Portugal. A coisa começou quando soube que a electricidade ia baixar baixou em Espanha cerca de 6.5%. No mesmo dia em que saiu esse artigo, o Jornal de Negócios anunciava que o preço da electricidade havia baixado 16% desde 2005! Depois de reunir alguns dados, fiz o artigo em que se evidencia claramente, com base nos dados da ERSE, que a subida é ininterrupta desde o mesmo ano de 2005

Acontece que, depois de ler esse artigo várias vezes, e de olhar também várias vezes para o gráfico da ERSE, reparei que alguma coisa não batia certo! Em particular, não se notava a tremenda subida do IVA na electricidade, que ocorreu ainda em 2011. Ainda pensei que pudesse tratar-se de valores sem IVA, mas rapidamente também concluí que também isso não podia ser!

O passo seguinte foi olhar para as facturas e confirmar que os dados não batiam efectivamente certos. E daí a fazer o gráfico abaixo, foi muito tempo perdido:

Evolução Preços electricidade 2001-2013

Evolução Preços electricidade 2001-2013

O gráfico reflecte a evolução do preço da electricidade (em €/kWh) entre 2001 e 2013, para consumidores com uma potência de 3.45 kW (a maioria dos clientes domésticos), com IVA incluído. Estão disponíveis os valores para a tarifa simples e bi-horária. Os valores em si, estão disponíveis na tabela no final deste artigo.

Conseguir estes dados, sem ser por facturas, foi uma autêntica aventura! Na Internet, a história dos preços da electricidade praticamente desapareceu. Os dados mais recentes são retirados do site da ERSE. Todavia, esta não disponibiliza no seu site os valores anteriores a 2008. Foi preciso recorrer ao “Museu da Internet“, com dados do site da EDP no ano 2007. Mas antes desse ano, as tarifas estavam aí bem escondidas, e o archive.org não deu com elas. O Diário da República Electrónico foi uma opção, enquanto o site da EDA aloja um documento da ERSE que esta não disponibiliza. Pelo meio, no site da ERSE ainda se encontra mais um, mas para os mais antigos é mesmo necessário aceder novamente ao archive.org, neste caso no arquivo da ERSE.

Assim, foi-nos possível reconstruir verdeiramente a série que evoca a evolução dos preços da electricidade desde 2001. Quem o quiser fazer para outras tarifas, pode igualmente fazê-lo consultando os links que disponibilizamos. Pelo menos assim, não será tão fácil enganar-nos com percentagens de subidas e descidas irrealistas:

Data IVA Tarifa Simples Fora de Vazio Vazio
01-01-2001 5% 0.0893 0.0893 0.0498
01-01-2002 5% 0.0920 0.0920 0.0503
01-01-2003 5% 0.0945 0.0945 0.0517
01-01-2004 5% 0.0965 0.0965 0.0528
01-01-2005 5% 0.0988 0.0988 0.0540
01-01-2006 5% 0.1011 0.1011 0.0552
01-01-2007 5% 0.1077 0.1077 0.0584
01-09-2007 5% 0.1071 0.1071 0.0582
01-01-2008 5% 0.1143 0.1132 0.0614
01-01-2009 5% 0.1211 0.1233 0.0663
01-01-2010 5% 0.1285 0.1382 0.0742
01-07-2010 6% 0.1285 0.1382 0.0742
01-01-2011 6% 0.1326 0.1448 0.0778
01-10-2011 23% 0.1326 0.1448 0.0778
01-01-2012 23% 0.1393 0.1551 0.0833
01-01-2013 23% 0.1405 0.1641 0.0870

Baixa no preço da electricidade?

Isto é confuso...

Isto é confuso…

Este seria um título apropriado para uma brincadeira de primeiro de Abril, daqui a uma semana. Mas foi notícia aqui ao lado em Espanha na semana passada! Daqui a uma semana, o preço da electricidade vai baixar 6.5% para nuestros hermanos…

Por cá, já havíamos relatado que a ERSE não havia mexido no fator de agravamento. E neste artigo da passada semana havíamos referenciado como a meteorologia deste ano tem beneficiado a produção de energia eléctrica em Portugal.

A dúvida que se levanta é se não haveria condições para fazer o mesmo em Portugal? O próprio chefe da missão do FMI, Abebe Selassie, “considera muito desapontante o facto dos preços da eletricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa“. Então, porque não desce?

46ª feira: a da fidelização no mercado de energia desregulado, do racional dos painéis fotovoltaicos e do melhor dia da semana para abastecer

Podcast do Poupar Melhor

Nesta edição falamos da fidelização no mercado de energia desregulado e de como há razões que a razão desconhece.

Falamos de como custa descobrir um valor para calcular o racional de investir em painéis fotovoltaicos.

Esta semana vamos publicar uma análise dos preços de combustível, mas contamos-vos aqui que descobrimos qual o melhor dia da semana para abastecer de combustível o vosso veículo.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes.

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