Um dos exercícios essenciais para perceber onde podemos poupar nas nossas contas, consiste em examinar o detalhe dos custos associados. Para isso, a análise de uma factura, ou de um conjunto delas, é sempre um excelente exercício para percebermos onde gastamos o nosso dinheiro.
No nosso caso, reuni um conjunto de facturas de electricidade, correspondentes a um ano de consumo. Somando essas facturas todas, cheguei aos valores abaixo, em termos parcelares, estando ordenadas pela representatividade do valor:
- Consumo Electricidade: 278,22 € (61.71%)
Esta é a maior parcela da factura. Corresponde ao consumo de electricidade expresso em KWh. Num tarifário bi-horário como o nosso, o KWh é tarifado de forma distinta, consoante o consumo se verifique em vazio ou fora de vazio. Nas notas de rodapé da factura 207.49 € são encargos relativos ao Acesso às Redes, dos quais 108.81 € são relativos a Custos de Interesse Económico Geral (CIEG). - IVA: 76.82 € (17.04%)
Imposto a favor do Estado - Potência Contratada: 64.82 € (14.38%)
Uma parcela fixa, que é tão mais elevada quanto a potência contratada. - Contribuição áudio-visual: 27.00 € (5.99%)
Taxa que assegura o financiamento do serviço público de radiodifusão e de televisão. - IVA sobre a Contribuição áudio-visual: 1.62 € (0.36%)
Um Imposto sobre uma taxa… - Imposto Especial Consumo Eletricidade: 1.52 € (0.34%)
Um Imposto que passamos a pagar em 2012 e que poucos deram por ela… Está indexado ao consumo de electricidade. - Taxa Exploração DGEG: 0.84 € (0.18%)
Mais uma taxa para financiar uma organização estatal, à semelhança da Contribuição áudio-visual.
Uma análise rápida sobre estes números permite concluir que pelo menos 216.61 € (108.81+76.82+27.00+1.62+1.52+0.84) são relativos a opções políticas, taxas, impostos e outras coisas que tal. Destes valores resulta especialmente elevado o valor do CIEG, sendo que neste documento da ERSE, no Quadro 0-8, na página 29, conseguimos perceber que tal valor, quase um quarto do total da nossa conta da electricidade, serve para alimentar de tudo um pouco, desde os PRE (renováveis, co-geração, etc.), até às famosas rendas da electricidade, passando pela sustentação de uma série de instituições estatais…
Olhando para a factura, rapidamente percebemos que diminuindo o consumo de KWh, pagamos menos de electricidade, e dos CIEG associados, do Imposto Especial sobre o Consumo, e do IVA por cima disto tudo! Cada KWh a menos é menos energia que pagamos, e menos impostos associados! Reduzindo a potência contratada, também podemos poupar bastante, como referimos aqui. No resto, infelizmente não se consegue cortar… Faça também o exercício e veja se a distribuição percentual é muito diferente?
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