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Sacos de plástico vs. sacos de papel

A confusão que reina na cabeça de muita gente sobre os sacos de plástico é verdadeiramente grande! Uma dessas confusões está associada às supostas vantagens da utilização de sacos de papel. Aliás, este artigo surgiu de uma discussão no blog descontos, e da dificuldade das pessoas aceitarem este facto.

Essa confusão deverá ter saído reforçada quando vários super e hipermercados substituíram os sacos de plástico pelos de papel. O Zé Povinho porventura pensa imediatamente que os sacos de papel são bons, porque alguém disse que os sacos de plástico eram maus…

Infelizmente, estas jogadas resultam de interesses financeiros. O primeiro, o do Ministro do Ambiente e do Governo foi por água abaixo. Uns da indústria favorecem o plástico, outros os de papel, mas quem realmente se ri neste momento são os vendedores de sacos de plástico de lixo! No final, a maior parte dos jovens bem pensantes provocam os mais adultos, que têm idade suficiente para saber que a reciclagem antiga era mais reciclagem que a de hoje

Mas o que realmente conta nesta discussão são os estudos que se fazem à volta do impacto dos sacos de papel, versus os sacos de plástico, e já agora versus os restantes. Um dos estudos de referência é da Agência de Ambiente do Reino Unido. É só ler as conclusões principais:

  • O impacto ambiental dos sacos de compras é dominado pelos recursos utilizados e pelos estágios de produção.
  • A chave para minimizar o impacto consiste na sua reutilização. A reutilização para enfiar o lixo é repetidamente referenciada, sendo utilizada em 40% dos sacos de plástico convencionais do Reino Unido.
  • A utilização de um saco de plástico para enfiar o lixo é mais benéfica que a reciclagem do respectivo plástico. A compostagem dos sacos em que isso é possível (eg. sacos de papel) contribuem muito pouco para a redução do potencial de Aquecimento Global.
  • Para que um saco de papel seja competitivo com um saco de plástico leve, deve ser reutilizado nas compras pelo menos quatro vezes, o que devido à sua durabilidade é altamente improvável. Adicionalmente, é muito pior quando se equacionam aspectos como a toxicidade para humanos e a ecotoxicidade terrestre, devido ao impacto da produção de papel.

Muitos mais estudos existem. Ficam aqui algumas referências para quem queira enriquecer os conhecimentos nesta área. Se o leitor encontrar mais, refira-os nos comentários, para poder actualizar a lista:

Enfim, qualquer pessoa que saiba como se faz a produção de papel, desde o crescimento/abate de árvores (e eu até adoro os eucaliptos!) até à sua produção nas papeleiras (perguntem aos vizinhos destas fábricas como é lá viver…), não teria grandes dúvidas de que susbtituir os sacos de pláctico por sacos de papel é uma autêntica aberração.

Sacos de lixo preto em alta!

Sacos não degradáveis

Sacos não degradáveis

No outro dia li mais um artigo que revela mais verdades sobre as consequências associadas à introdução da taxação dos sacos plásticos, no âmbito da Fiscalidade Verde. São claramente as consequências imprevistas (outros designam-nas por disfunções da burocracia) e que, sem qualquer surpresa para mim, resulta muito simplesmente na satisfação das empresas que produzem sacos de plástico para o lixo!

Como vimos neste artigo, é o próprio Ministro Jorge Moreira da Silva a incentivar a compra destes sacos plásticos para o lixo. Qualquer vendedor das empresas referidas no artigo do Observador (Fapil, Auchan e Vileda) não faria realmente melhor!

Todas estas empresas estão pois com boas expectativas para este ano de 2015! Um dos responsáveis diz mesmo que o mercado dos sacos plásticos pretos “apresentou maior dinamismo de crescimento” em 2014, e que “é expectável que durante 2015 se acentue esta tendência“!

O artigo do Observador revela também uma faceta preocupante, e mais uma disfunção burocrática da Fiscalidade Verde. Note-se que a crítica vem precisamente dos ambientalistas:

  • Mas muitos ambientalistas não estão convencidos com os argumentos apresentados. Dizem que este imposto vai fazer com que os portugueses reciclem menos e que comecem a comprar mais os chamados “sacos pretos do lixo”, que têm um período de degradação superior aos “leves” dos supermercados.

Mas as disfunções burocráticas não se vão ficar por aqui! Certamente, os sacos plásticos pretos vão começar a encarecer. Por enquanto é possível encontrá-los até a preços abaixo dos 3 cêntimos, mas isso não vai durar muito tempo… O aumento da legionella e de infeções associadas vai aumentar, mas esses casos vão ser despistados como actos de sabotagem. A porcaria nos caixotes do lixo vai aumentar, e os problemas dos plásticos nas lixeiras vai se tornar pior… E, naturalmente, a melhor das consequências imprevistas vai ser o Governo não ficar nem sequer perto de arrecadar 40 milhões neste peditório!

Ministro Plástico

O Ministro Jorge Moreira da Silva continua aparentemente perdido. Classificado pelo seu par como fundamentalista, conseguiu impor a sua Fiscalidade Verde. O que ele não contava era com o facto de que os Portugueses não são burrosFintá-lo é quase um desporto nacional, e motivo de risota para com os jotinhas verdes.

O mais hilariante é que o Ministro se tem desdobrado em entrevistas para aclamar um sucesso de coisa nenhuma! Ele próprio fala nas contas empíricas, que devem ser tão boas como aquelas que previam uma receita de 40 milhões com a taxa dos sacos plásticos… Quem agora vai ficar com o dinheiro verde são os hipermercados e mercearias, que ficam com 8 cêntimos, entregando ao Estado 2 cêntimos de IVA. E o próprio Ministro dá razão ao Poupar Melhor:

É claro que ainda lhe falta falar dos sacos da fruta… E sabe-se lá quantas mais piruetas vão acontecer. Basta ler alguns artigos jocosos por aí, como por exemplo este de Lucy Pepper, o icebergue de plástico, para perceber a demagogia à volta do tema. E a verdade, verdade, é que nada disto é para ajudar o ambiente, mas sim para contribuir que a máquina gorda do Estado assim permaneça, e continue a ser ainda mais roliça, para as quais serão necessárias novas taxas…

Mas eu ainda não contribuí, nem vou contribuir, para este peditório!

Gozar com os velhinhos e os sacos de plástico

Imagem retirada do Hoje Descobri

Imagem retirada do Hoje Descobri

Ontem, no Hoje Descobri, vi um artigo sobre como as gerações antigas se preocupavam com o ambiente. Versa a forma como as gerações mais novas parecem fazer crer que somos os mais velhos os culpados por tudo o que de mal vai acontecendo na Sociedade, e neste caso particular, no Ambiente. Na pesquisa que efectuei na Internet, parece que o artigo mais antigo que lhe faz referência, e que encontrei, é este do Brasil de Setembro de 2011.

É óbvio que as pessoas mais novas não conhecem, nem querem conhecer, a realidade de há tão pouco tempo atrás. Os mais novos, aqueles que se dizem mais ambientalistas, mas também aqueles que aprovaram a taxa dos sacos de plástico, provavelmente não tem idade para encaixar a provocação abaixo. Ainda assim, acho que não devemos voltar ao passado, mas vale a pena sempre ler, para sabermos como éramos muito mais verdes em outros tempos:

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:— A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para levar as compras, uma vez que sacos de plástico não são aconselháveis para o meio ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse que não havia essa onda verde no seu tempo. O empregado respondeu:

— Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

— Você está certo — responde a velha senhora. Nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada novo uso, e os fabricantes de bebidas usavam as garrafas umas tantas vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência sempre que precisávamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. A secagem das roupas era feita por nós mesmos, não nessas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e a eólica é que realmente as secavam. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não outras sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente naqueles dias. Naquela época, tínhamos somente uma TV ou um rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio — e, afinal, como será descartada depois?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos, porque não havia máquinas elétricas que fazem tudo por nós.

Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico, que duram cinco séculos para degradar.

Naqueles tempos, não se usava um motor a gasolina só para cortar a grama; era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não se precisava ir a uma academia e usar esteiras, que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia, naquela época, preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas PET, que agora lotam os oceanos.

As canetas, recarregávamos com tinta umas tantas vezes em vez de comprar outra. Afiávamos as navalhas, em vez de jogar fora todos os aparelhos descartáveis e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus, e os meninos iam de bicicleta ou a pé para a escola, em vez de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas.

Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos.

E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é ridículo que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada nem pense em viver um pouco como na minha época?

 

Os perigos da compostagem

Legionella

Legionella

A semana passada, quando investigava alguma informação sobre os sacos para o lixo, tropecei numa associação entre a legionella e a compostagem. Era algo que provavelmente já teria lido no passado, mas que só passamos a dar importância após o surto de Vila Franca de Xira, que causou pelo menos 12 mortes.

O artigo que me chamou a atenção foi este do Daily Mail. O artigo referencia cinco jardineiros infectados com a Legionella, associada a sacos de composto, no final do Verão de 2013. Refere igualmente que investigadores da Universida de Strathclyde teriam descoberto a bactéria em 14 de 22 marcas comerciais de composto, dos quais 4 correspondiam a uma das espécias de Legionella mais mortais, a Legionella longbeachae.

Embora a Legionella possa ser encontrada facilmente na natureza, a forma como o compostagem é realizada torna o meio altamente adequado para o desenvolvimento da bactéria. No artigo da Legionella longbeachae refere-se mesmo a que ela se encontra sobretudo em cenários de compostagem.

Mas quando fiquei verdadeiramente preocupado, foi quando li este artigo sobre os perigos da compostagem. E não é só sobre a legionella! Da leitura do artigo pressente-se que muitos doentes e mortos nem sequer chegam a saber o que lhes aconteceu. De outras leituras, sobre experiências de quem a apanhou, e da forma como parece que o problema se está a intensificar, é de se ficar preocupado! Da minha parte, acabou-se qualquer tentativa futura de pensar em compostagem!!! O lixinho vai directo para os caixotes de lixo, de prefência em sacos de plástico bem confinados… A minha saúde primeiro!

A finta nos sacos de plástico

Quando ainda se podiam reutilizar (imagem retirada daqui)

Quando ainda se podiam reutilizar (imagem retirada daqui)

Os Portugueses não são burros, e esta história topava-se a léguas. Para além de que, o fundamentalismo das propostas era evidente… Mas, nós Portugueses, somos também especialistas de poupança, e não será a primeira vez que fintamos o Governo nas poupanças

Segundo o Governo, esperava-se arrecadar 40 milhões de euros na taxa dos sacos de plástico. Duvidei logo, porque as contas de merceeiro que vi demonstraram-me o que aparentemente lhes escapou: é que ninguém iria contribuir para esse peditório! É que se ainda fosse um ou dois cêntimos por saco, alguns ainda cairiam. Agora, a 10 cêntimos???

Da minha parte, faço a finta comprando mais legumes e fruta. Mas quem fez a finta mais vistosa foi mesmo o sector da distribuição! Os sacos leves desapareceram, e com eles a taxa! Passaram a existir sacos de plástico de melhor qualidade, o que quer dizer plástico pior para o ambiente! Nem taxa, nem um Ambiente melhor! É difícil fazer pior…

Pior, só mesmo as respostas oficiais! No referido artigo do Expresso é só ler as respostas do Ministério do Ambiente e do das Finanças, para perceber quão despistados andam… Resposta inteligente é a do Continente, que diz que dos sacos que agora vendem, “uma parte do valor cobrado destina-se ao Estado português, em função da taxa de IVA aplicável“. Gozar mais era difícil!