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Cortar a curva

Algumas vezes colocam-me desafios interessantes. Um dos últimos foi a de saber quanto se ganharia a cortar uma curva, numa auto-estrada? Não sabia obviamente responder, mas o desafio era interessante, mesmo que provavelmente não represente nenhum ganho significativo, e sendo certo que tal prática viola em determinados casos o código da estrada (eg. quando se circula pela esquerda, sem necessidade). Para responder a este desafio, fui ao Google Maps, donde retirei a imagem abaixo, relativa a um troço da CRIL, próxima da A5:

A circunferência sobreposta sobre a imagem tem um raio de cerca de 600 metros. Note-se todavia que a circunferência não se sobrepõe perfeitamente à auto-estrada, pelo que os cálculos são por aproximação. A curva visível encaixa-se num quarto da circunferência. Sendo (2 x π x r) o perímetro da circunferência e considerando que a largura de uma faixa de auto-estrada é tipicamente de 3,5 metros, então o arco representado teria um comprimento de (2 x 3.14159 x 600) / 4 = 942.48 metros, enquanto um arco, uma faixa mais exterior, teria um comprimento de (2 x 3.14159 x 603,5) / 4 = 947,97 metros. Ou seja, fazer o percurso na faixa mais exterior representa um percurso adicional de 5,49 metros.

Neste troço da CRIL, a velocidade máxima é de 80 Km/h, o que significa que cada metro demora sensivelmente (3600 / 80000) = 45 milisegundos a percorrer, pelo que naquela curva potencialmente ganharíamos 0,247 segundos. Quanto maior é a velocidade, naturalmente menor será esta quantidade de tempo… O leitor perceberá, portanto, que de pouco vale andar a cortar curvas!

Estacionamentos inteligentes

Há muitos casos em que o acto de estaconar é unicamente visto como um plano imediato, sem se pensar muito no que vai acontecer quando daí saírmos. A excepção são os casos limite, como aqueles em que há concentrações muito grandes de automóveis a estacionar, como são, por exemplo, os jogos de futebol. Nesses casos, uma grande parte dos automobilistas prefere deixar o automóvel mais longe, para depois sair dali mais rápido, evitando os constrangimentos de trânsito.

Curiosamente, no dia a dia, poucas vezes temos essa intuição de planear para o futuro. Quando estacionamos num centro comercial procuramos ficar em cima da porta de entrada. E nem nos damos conta que andamos muitas vezes a circular para encontrar um lugar impossível. Por isso, uma boa estratégia é deixá-lo num primeiro local vago, e fazer o resto a pé… É igualmente bom para a sua saúde, mesmo que envolva carregar compras, ou empurrar carrinhos! E quando se deixa o automóvel à entrada, a saída é muitas vezes logo ali…

Estacionando logo e saindo depressa poupa-nos assim muitas vezes tempo, e também umas gotas de combustível!

Subir passeios

Ao contrário do que julgava, a forma mais correcta de subir passeios, quando absolutamente necessário, é fazê-lo segundo um ângulo de 45º, mas sempre devagar. No caso de se subir num ângulo recto, tal pode provocar danos ao ombro do pneu e à estrutura interna do pneu.

Subir passeios causa igualmente problemas em termos de alinhamento da direcção. O mesmo acontece quando estacionamos e raspamos contra o bordo dos passeios. E o desalinhamento da direcção traz consigo vários problemas, notavelmente um maior desgaste, não uniforme, do pneu. Mas a segurança e capacidade de manobrabilidade do veículo será igualmente afectada.

Obviamente, há igualmente impacto nos amortecedores, tal como quando se passa sobre buracos ou se circula em pavimentos irregulares. Por isso, há que evitar subir passeios a todo o custo…

Drafting

Drafting é um termo em inglês utilizado para designar uma técnica aerodinâmica em que dois objectos em movimento tiram partido do facto de se manterem alinhados, reduzindo assim a força de arrasto. A maior parte de nós conhecerá esta técnica sobretudo das corridas de automóveis, notavelmente da Fórmula 1, onde os bólides praticamente se colam, para de diversas formas se tentar tirar partido da situação. Esta técnica é todavia conhecida em outras situações, como as corridas de ciclismo, ou mesmo na natureza, como é o exemplo parecido do voo dos gansos.

Quanto é que isto nos pode permitir poupar de combustível? Em primeiro lugar é necessário dizer que esta prática é extremamente perigosa, e penso que mesmo ilegal! Perseguir um outro veículo com o objectivo de poupar combustível pode resultar em inúmeros problemas. Mesmo havendo aqueles que defendem que os camiões têm uma inércia muito grande, continua a não justificar o risco.

Ainda assim, e a título de elucidação de quanto é que se poupa com o drafting, o programa MythBusters fez uma das suas experiências controladas. E chegaram a percentagens de poupanças brutais, incluindo uma poupança de 39% quando a distância do automóvel de testes era de apenas 3 metros do camião da frente! Como eles repetem constantemente, não tentem isto lá em casa na estrada:

Efeito de estufa no carro no Inverno

Num artigo anterior havíamos observado a importância de deixar, tanto quanto possível, os carros ao sol, no Inverno. Num dos dias anteriores fizemos a experiência: quanto atingiria a temperatura do interior do carro, deixado ao Sol? Para isso deixamos dois termómetros no carro: o primeiro dentro do habitáculo e o segundo na mala. No primeiro caso, o termómetro foi deixado por baixo do assento, para não sofrer o impacto directo dos raios solares, mas também por razões de segurança… Sabendo que o frio desce e o calor sobe, é provável que esta experiência reflictisse portanto a temperatura dos pés!

Na imagem abaixo, a vermelho está representada a temperatura no habitáculo, enquanto a azul está representada a temperatura da mala. O gráfico começa com o início da incidência da luz solar no veículo, pouco depois de ele ter sido estacionado. No interior do habitáculo, a temperatura foi subindo com a incidência dos raios solares, até pouco depois das 13:00, quando o Sol deixou de incidir directamente sobre o veículo. Dai para a frente, a descida de temperaturas foi acentuada, até atingir ao final da tarde praticamente a mesma temperatura da mala.

Segundo os registos meteorológicos de Lisboa desse dia, a evolução das temperaturas subiu dos 10ºC pelas 09:00 da manhã, até atingir um máximo de 16º pelas 14:00, como se pode ver na imagem no fundo do artigo. Note-se que a variação da temperatura da mala segue sensivelmente a variação da temperatura exterior, com excepção do seu início, dada a influência da viagem anterior, e possivelmente da permanência em garagem na noite anterior.

Ainda assim, fiquei surpreendido com a perda de calor registada no veículo durante a tarde. Parte dessa explicação poderá estar no facto do termómetro estar por debaixo do assento. Em próximas oportunidades, procurarei perceber como manter o veículo mais quente, até mais tarde…

A força da gravidade

Quando procuramos melhorar os níveis de consumo de combustível de um automóvel, alguns conceitos de física podem revelar-se importantes. Um deles está relacionado com as subidas e descidas que são frequentes em determinadas cidades, como é o caso de Lisboa. Muitos já terão certamente experimentado como é possível deixar embalar o carro, numa descida em túnel, por exemplo, e deixá-lo subir sozinho na subida de saída do túnel. Normalmente chegarão ao final da subida do túnel a uma velocidade inferior à que iniciaram a descida, considerando-se obviamente altitudes idênticas.

O problema pode verificar-se quando no fundo da descida há um semáforo, ou outro obstáculo, que possa obrigar a parar, e assim desperdiçar energia potencial. Nestes casos pode ser interessante travar, ou reduzir a velocidade antes de chegar ao fundo da descida, potenciando o aproveitamento de parte da energia acumulada. Nesses casos o objectivo é chegar ao obstáculo sem que tenha que travar, e assim não perder toda a energia potencial que adquiriu. Isso poderá incomodar os que o precedem, pelo que só o deve fazer quando conhecer bem os locais e timings associados…