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Redução do preço do petróleo

A queda do preço do petróleo teve algumas consequência importantes nas últimas semanas. Para quem ainda não viu o gráfico no nosso dashboard, vejam como tem sido bombástica a descida de preços:

Lá por fora, os países produtores ficaram a arder, sobretudo países grandes produtores, como a Rússia e a Arábia Saudita. Mas, em termos geopolíticos tudo é muito mais complexo, sendo este pequeno artigo do Economist bastante sucinto.

Um infográfico do Expresso traduz igualmente bem quem ganha e perde em termos internacionais, pois isso tem sobretudo tradução na Balança Comercial:

Quem importa e exporta petróleo?

Quem importa e exporta petróleo?

Em termos dos consumidores, não há grandes dúvidas de que esta descida é uma benção! Sobretudo para nós Portugueses, que ainda não produzimos nenhum! Anda por aí muita malta  a assustar com esta tendência, mas o susto é para outros! Há também o papão da deflação, mas esse é um problema que nós consumidores suportamos bem! Preços mais baixos do petróleo significam menos custos de produção e transportes de bens, baixa que pode e deve chegar rapidamente aos consumidores, embora nem sempre assim possa acontecer. Quem fala por isso do papão provavelmente estará a pensar mais nas acções em queda livre ou nos resultados menos gigantescos das empresas do sector…

No meu entender, grande parte da justificação para esta baixa do preço do petróleo está num aumento da eficiência de quem consome! Todo o Mundo está a interiorizar as vantagens de poupar, de poupar melhor, e isso tem uma tradução extremamente positiva! Para que isto funcione ainda melhor, é preciso que continuemos a não desbaratar combustíveis, a aproveitá-los da forma mais eficiente possível, como temos referenciado aqui, para que esta pressão para uma baixa de preços seja cada vez maior!

124º cartel: o da descida do preço do petróleo e dos mapas de aventuras no Minecraft

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana desbaralhamos as noções sobre o funcionamento da economia que tão maltratados têm sido pelas subidas do preço da energia para o consumidor final.

Terminamos a falar de brincadeiras felizes com as crianças e de como podemos colocar o nosso conhecimento de computadores a funcionar numa tarde de chuva para criar uma aventura no computador para as crianças e os seus amigos recorrendo a mapas de aventuras do Minecraft.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes

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Rendido às evidências!

Tal como acontece em alguns sábados, tive oportunidade de ouvir parte do Tudo é Economia na TSF. Esta semana o entrevistado foi Artur Trindade, secretário de Estado da Energia. Dos poucos mais de 5 minutos que ouvi, percebi logo a coisa. Coisa essa que se solidificou quando ontem ao final da noite li a entrevista completa no Dinheiro Vivo.

Para contextualizar, Artur Trindade foi quem substituiu Henrique Gomes no Governo, saída que motivou a tal celebração com champanhe… O que se compreende, pois Artur Trindade vem da ERSE, a tal entidade das subidas da electricidade, conforme certamente se confirmará amanhã

O problema é que não foram apenas os 5 minutos que ouvi. Foi quase toda a entrevista! O petróleo desce muito em termos internacionais, mas pouco em Portugal. E quase dá a ideia que é porque há um preço de referência, sem qualquer utilidade! Na electricidade, está tudo a correr às mil maravilhas, mesmo que metade dos portugueses (como eu) se esteja a baldar para a liberalização, e ainda bem! Mas, a melhor parte da entrevista é o entrevistador a dizer: “não respondeu“.

Percebe-se perfeitamente que o governante não goste de expressões como “margens excessivas”, “rendas excessivas”, e coisas similares. O problema é perceber-se que ele não gosta de acabar com elas! O confrangedor é estar rendido à evidência de que, neste sector da energia, quem manda não está no Governo….

Podcast, Contas da Galp e Ministros

Esta semana não há podcast, mas podem ir fazer pipocas e sentar-se à assistir à discussão muda entre o Governo e a Galp através das notícias.

A tese da Galp é que a redução de impostos que se compensa na fiscalidade verde é na realidade um aumento de custos para o consumidor… por causa dos impostos.

Confusos? Eu também.

De um lado temos um governo que diz que baixou os impostos e do outro uma empresa que diz que essa baixa de impostos se traduz num aumento para o consumidor.

No canto da fiscalidade verde temos o Ministro Moreira da Silva que já nos agraciou com coisas tão boas como taxas nos sacos de plástico.

No canto oposto, como campeão do consumidor temos a associação de vendedores e os gestores das empresas que a compõem. Seria caso para perguntar que é feito das associações de defesa dos consumidores quando estas coisas acontecem, mas não falemos disso por agora.

A somar a isto tudo, como podem ir acompanhando no Dashboard do Poupar Melhor, o custo do petróleo tem descido. Isto, somado à poupança domestica em energia e combustíveis, pode ser uma razão para o governo estar a aumentar impostos de forma a garantir uma receita estável.

Se for assim, então temo um contra senso. Por um lado acusam-se os cidadãos de “viver acima das suas possibilidades” e pede-se às famílias e empresas que gastem menos e sejam mais eficientes para termos uma economia mais eficiente. Por outro, quando estas conseguem ganhos de eficiência, aumentamos-lhes as taxas e impostos, comendo-lhes as margens. Neste cenário a pergunta impõem-se: poupar para quê?

117ª greve: a da greve do metro e da diferença de usar transporte próprio

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana estivemos a falar sobre a greve e os transportes próprios. Aproveitámos para resumir um conjunto de informação que já discutimos aqui em mais detalhe e falar de coisas que não tinham nada a ver com este assunto como a procrastinação.

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Desperdício no pára-arranca?

Local de desperdício

Local de desperdício

Ontem correu nos Media uma notícia que dava conta de cinco milhões de euros por dia queimados no trânsito. Obviamente, chamou-me logo a atenção, porque está muito relacionado com o tema da poupança, ou melhor, do desperdício, não só de combustível, como também de tempo, como evidenciamos neste artigo.

A afirmação que foi feita aparentemente não foi bem essa, e aqui é que começam as dúvidas! António Costa e Silva, diretor-geral da Partex, aparentemente terá referido que “Portugal podia gastar menos dois mil milhões de euros a comprar petróleo, todos os anos“, só por via do desperdício nas filas de trânsito.  A diferença entre o valor diário e anual não é pequena, até porque filas aos fins de semana não é coisa muito comum, e afinal são 2/7 dos dias do ano!

O problema torna-se ainda mais caricato quando se olha para os dados da DGEG. O ano passado, o Saldo Importador de produtos energéticos foi de 6.23 mil milhões de euros,  pelo que supostamente então o pára-arranca nas filas de trânsito já representa 32% do consumo total da fatura energética do País???

Mas, sabendo-se que os produtos energéticos não são apenas produtos petrolíferos, é preciso continuar a escavar para ver quanto é que realmente representa o pára-arranca. No documento da DGEG sobre a Fatura Energética Portuguesa, na página 6, confirmamos o valor de saldo de 6232 milhões de euros. O detalhe desses valores está na tabela da página 7, do mesmo documento. Se excluirmos a energia eléctrica, a hulha, carvão, biomassa e gás natural, temos então as seguintes contas:

  • Importação de Ramas e Refinados: 9492 M€
  • Exportação de Refinados: 4882 M€

Ou seja, não temos que comparar com 6232 milhões de euros, mas sim com (9492-4882)=4610 milhões de euros. De repente, o pára-arranca passa a representar 43% do Saldo Importador de ramas e refinados…

Mas, todos têm a ideia que o petróleo que se importa não vai todo para gasolina e gasóleo rodoviário. Olhando para o mesmo documento da DGEG, na página 13, percebe-se isso imediatamente!

Mas, escavando ainda um pouco mais, nas Estatísticas Rápidas da DGEG, relativas a Dezembro passado, percebe-se na página 5, relativa aos combustíveis rodoviários, que o consumo em todo o ano de 2013 terá sido o seguinte:

  • GPL Auto: 30 kt
  • Gasolina IO98: 78 kt
  • Gasolina IO95: 1015 kt
  • Gasóleo: 4088 kt

No mesmo documento, na página 10, temos a estrutura de preços, sem taxas, para três dos tipos de combustível (repliquei o custo do que falta – Gasolina IO98 – a partir da Gasolina IO95):

  • GPL Auto: 0.544 €/litro
  • Gasolina IO98: 0.696 €/litro
  • Gasolina IO95: 0.696 €/litro
  • Gasóleo: 0.759 €/litro

Note-se que estes preços sem taxas incluem já muitos custos depois do custo da matéria prima, o petróleo, nomeadamente os custos de refinação, transporte e margem comercial. Neste documento da ADC estima-se no ponto 132 que entre 2008 e 2011, a logística e o retalho representam 13 cêntimos por litro, quer na gasolina, quer no gasóleo. Não é crível que esse valor tenha baixado significativamente. Adicionalmente, há o valor incorporado pelas refinarias portuguesas, mas isso ainda é mais complicado calcular…

Utilizando as tabelas de densidades,

tenho assim que deixar de fora o GPL Auto, para o qual não arranjei valores.

Finalmente, temos um custo por combustível, para o total de 2013, dado pela fórmula

  • Σ (Consumo x 1000000 / densidade ) x ( PreçoSemTaxas – ValorLogísticaRetalho)

inferior a 3900 milhões de euros.

Nestas circunstâncias, os 2000 milhões de euros citados como custo do pára/arranca parecem-me claramente excessivos. Dizer que o pára/arranca permitira poupar mais de metade das importações de produtos petrolíferos associados aos combustíveis rodoviários, parece-me claramente excessivo… É que isto das previsões vs realidade tem muito que se diga!

Ainda assim, fica o desafio para os leitores: se notarem alguma falha no raciocínio acima, não deixem de o expressar nos comentários.