You are currently browsing the Poupar Melhor posts tagged: dinheiro


Participar das decisões do orçamento

The peoples budget

The peoples budget

A ideia de gerir o orçamento comum com base numa participação ativa dos cidadãos pode ser uma solução para não voltarmos a estar na mesma situação em que Portugal se encontra hoje. Com a participação as perguntas vão ter de ser feitas e os dados vão ter de ser questionados. A resistência ao conjunto de opções deste orçamento de estado poderá vir talvez da continuada falta de participação dos cidadãos face ao que lhes é pedido. Os cidadãos são afastados continuamente da política pelas mais variadas razões:

  • Responsabilidade difusa;
  • Resultados sempre iguais;

A realidade é que os cidadãos portugueses se fartaram de ir às urnas.

Abstenção nas eleições portuguesas

Abstenção nas eleições portuguesas

As pessoas acabam sempre a queixar-se que pagam demais, ou que os políticos são todos uns mentirosos, ou que a conta é demasiado alta, mas também nunca lhes perguntaram como querem gastar o dinheiro.Perguntam-lhes: “Querem isto que é muito bom?”. Aqueles que questionarem a oferta aparentemente gratuita são ofensivamente apelidados de “complicados” ou “desmancha prazeres”.

Quando chegam, os dados da despesa respondem sobre onde nos comprometemos gastar o pouco dinheiro que temos. Na prática só nos apresentam o resultado depois do acontecimento. Com o compromisso já feito, pedem-nos que tomemos decisões sobre cumprir ou incumprir. A realidade é que se a previsão e compromisso deviam ser conhecidos em conjunto, já vimos como as previsões e a  realidade nem sempre batem certo.

O orçamento participativo é em parte uma forma de reduzir a distância entre a tomada de decisão e a realidade do seu impacto, mas também porque permite através da mobilização dos cidadãos, reduzir a resistência a algumas das medidas mais difíceis. O conjunto das decisões dependem do que for acordado pelos cidadãos de forma ordenada pelos eleitos.

Quando se fala de orçamento participativo é comum falar-se da experiência de Porto Alegre no Brasil:

In Brazil’s Porto Alegre (population: 1.5 million) they have been doing it since 1990. Then, the city was almost broke. Schools were short of chalk, clinics low on aspirin. Local bureaucrats, by contrast, were due a hefty pay rise.

A ideia foi permitir que as decisões mais importantes fossem tomadas pela comunidade.

Mapas do Orçamento de Estado

Porque só uma discussão baseada em factos permite ao cidadão participar da nossa democracia, decidimos em 2013 transformar a despesa na Proposta de Orçamento do Estado de 2013 em algo visualmente inteligível por todos os leitores do nosso site PouparMelhor.com.

Entendemos que os Governos de Portugal, pagos com os nossos impostos, deveriam partilhar o orçamento num formato utilizável do ponto de vista da exploração dos dados. Bastava partilharem os quadros em formatos abertos como nós o fazemos no nosso site e não num formato de transporte e impressão como é o PDF.

Na realidade todos os PDF entregues pelos Governos para o Orçamento de Estado tiveram origem em formatos editáveis, pelo que não se pede que aumentem a despesa, mas que se aproveite o esforço que os n trabalhadores dos n gabinetes ministriais já fizeram e aumentem com isso o valor percecionado da nossa democracia.

Emprego Público

Num dos primeiros artigos do Poupar Melhor, referenciei que uma das frases que mais me fascina na Gestão é “You cannot manage what you cannot measure“. Nestes dias de discussão do Orçamento, uma das coisas que mais me fascina é a discussão pública sem números. Como este ano optamos por não repetir o exercício do Orçamento de Estado de 2013, em que analisamos as Despesas e Receitas, prometi a mim mesmo que havia de apreender mais qualquer coisa, significativamente diferente.

Quando pensava que isso já não ia acontecer, tropecei na Síntese Estatística do Emprego Público, elaborado pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público. Aquilo que eu pensava que estava escondido a sete chaves, afinal existe, e surpreendentemente pronto a ser analisado em folhas de cálculo: múltiplos indicadores sobre o emprego público.

Os quadros abaixo são gráficos rapidamente elaborados a partir da mais recente folha de cálculo do DGAEP, relativos aos dados do segundo trimestre deste ano. Eles representam os seguintes indicadores, sendo que nos dois primeiros casos, registamos a distribuição percentual, enquanto no último se dá o valor médio das remunerações:

  • Emprego no sector das administrações públicas por subsector e ministérios/secretarias regionais
  • Emprego no sector das administrações públicas por cargo/carreira/grupo segundo o subsector
  • Remunerações de base e ganhos médios mensais nas administrações públicas por cargo, carreira e grupo segundo o subsector – trabalhadores a tempo completo

Como é habitual aqui no Poupar Melhor, os dados neste caso são apresentados em bruto. Cada um saberá certamente tirar as suas conclusões. Para mais detalhes, é só carregar a folha de cálculo!

Emprego por sector

Emprego por subsector e Ministérios

Cargo carreira grupo

Emprego por cargo/carreira/grupo

Remunerações

Remunerações base média mensal por cargo/carreira/grupo

Dívidas do Estado Português

Li anteontem nos Media referências a “juros nervosos“, “dia negro“, e “amortização de dívida“. Uma análise rápida permitiu-me confirmar que o que havia acontecido, e que estava previsto acontecer, era um pagamento de uma dívida do Estado, que havia sido criada em 1988, e que tinha um valor de 5572 milhões de euros. Fiquei muito curioso em saber algo mais sobre a dívida do nosso País.

Uma pequena investigação na Internet levou-me ao site do IGCP. Basta ler o último boletim mensal, para perceber como estamos. A imagem abaixo retrata a dívida de médio e longo prazo que há a pagar nas próximas décadas:

Estrutura da dívida

Estrutura da dívida

Como é fácil de perceber, nos próximos oito anos vamos ter pagamentos de dívidas que rondam anualmente os 6% do PIB. Todos os anos, para além do défice. O mesmo boletim descrimina as Obrigações do Tesouro que vencem até 2024. Como se pode ver no gráfico seguinte, que retrata quando essas Obrigações do Tesouro foram lançadas, bem como as taxas de juro e valor da dívida, vamos nos próximos anos ter que pagar as dívidas criadas na última década:

Dívidas em Obrigações do Tesouro

Dívidas em Obrigações do Tesouro

Note-se como o valor de cada emissão foi sendo quase sempre maior, com excepção das últimas duas emissões. Note-se igualmente a emissão de 15 de Abril de 2006, que só será paga daqui a 24 anos!!! Decidido a escavar um pouco mais, ainda fiz um gráfico da dívida de curto prazo, que terá que ser paga nos próximos meses:

Bilhetes do tesouro

Dívidas em Bilhetes do Tesouro

Não vamos aqui tecer juízos de valores. Uma imagem vale por mil palavras, e assim todos podemos ter uma ideia clara do que aí vem. Teríamos todos a ganhar se os políticos baseassem as suas afirmações em gráficos tão simples como estes, e nos explicassem como é que isto vai ser tratado…

Probabilidades das raspadinhas

No início deste ano, elaboramos um artigo sobre as probabilidades na raspadinha. Já tinha ideias de actualizar essa listagem, mas na conversa com Salomé Pinto, e a sua reportagem sobre a febre das raspadinhas, dei-me conta que, para além de novas raspadinhas, havia uma surpresa mais interessante.

A tabela actualizada das raspadinhas está abaixo. A surpresa é que o valor na coluna da probabilidade de ganho aumentou, o que significa que a probabilidade de um jogador ganhar qualquer coisa diminuiu. Para isso é preciso perceber melhor a penúltima coluna, relativa a Probabilidade de Ganho. Se uma raspadinha tivesse uma probabilidade de 1 : 3, significava que uma em cada três tinha um prémio, o que é melhor de que uma em cada quatro ter um prémio, por exemplo.

Comparando com as probabilidades anteriores, vemos que dantes havia cinco raspadinhas melhor que a “Pé-de-Meia”, enquanto agora há apenas uma. E agora há pelo menos três raspadinhas (todas com uma quantidade grande de Emissão) com probabilidade igual ou superior a 1 : 4.5, quando dantes havia apenas uma! Em termos da percentagem para prémios, também houve uma ligeira redução, embora estatisticamente menos significativa.

Infelizmente para os jogadores, a vida não está fácil. A probabilidade de ganhar qualquer coisa diminuiu ainda mais, pelo que o vício da raspadinha continuará a significar a perda de dinheiro para a grande, grande maioria dos Portugueses.

Raspadinha Custo Emissão Rasp. Premiadas Total Prémios Probabilidade de Ganho % para Prémios
187 Super Pé-de-meia 5.00 € 12012000 3467106 42042000 1 : 3.46 70
172 Pé-de-Meia 3.00 € 6006000 1543990 12612600 1 : 3.89 70
204 Férias em Grande 1.00 € 15000000 3847380 8700000 1 : 3.9 58
203 Pontes de Portugal 2.00 € 8000000 2015752 10240000 1 : 3.97 64
197 Dias da Semana 1.00 € 15000000 3769350 8700000 1 : 3.98 58
202 Festivais de Verão 2.00 € 6000000 1473671 7680000 1 : 4.07 64
198 Raspadinha dos Relógios 2.00 € 8000000 1943035 10240000 1 : 4.12 64
191 Janelas da Sorte 1.00 € 15000000 3622560 8700000 1 : 4.14 58
165 Grande Sorte 2.00 € 4000000 957957 5120000 1 : 4.18 64
199 Mini Pé-De-Meia 1.00 € 25000000 5959651 14500000 1 : 4.19 58
189 Raspadinha de Portugal 2.00 € 8000000 1858648 10720000 1 : 4.3 67
201 Cofre 1.00 € 20000000 4473528 11600000 1 : 4.47 58
196 Ano da Serpente 1.00 € 20000000 4442759 11600000 1 : 4.5 58
206 Campeões de Portugal 1.00 € 20000000 4442759 11600000 1 : 4.5 58
151 Raspadinha 1.00 € 15000000 3272166 8700000 1 : 4.58 58

Troco na Ryanair

Cabine da Ryanair

Cabine da Ryanair

Quando há alguns indícios de que a Ryanair poderá começar a operar no aeroporto da Portela, em Lisboa, interessa aos potenciais clientes da zona de Lisboa começar a perceber como funciona. Algo que potencialmente os Portugueses que utilizam a Ryanair mais a norte ou a sul já terão percebido melhor. Devo dizer que sou um fã das low-costs e que espero que realmente a Ryanair chegue o mais depressa possível, embora compreenda que muita gente tem dificuldade em se ajustar a esta nova filosofia de voar…

Um dos aspectos que me chamou a atenção numa das últimas semanas, sem verdadeiramente me surpreender, foi o apetite que existirá por parte dos tripulantes de cabina da Ryanair em ficar com o troco. Segundo este artigo do Daily Mail, a ideia é a tripulação dizer que não tem troco, insistir na ideia, e eventualmente tentarem impingir mais qualquer coisa ao passageiro, estilo uma raspadinha!

Esta postura é realmente verdadeiramente inaceitável. A melhor política nestes voos é não comprar nada! Porque troco com espécie, tipo selos, é uma coisa que já não vejo há mais de duas décadas…