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Literacia Financeira

A cultura financeira em Portugal é reconhecidamente baixa. Todos temos a perceção disso, e eu próprio assumo que tenho aprendido muito nos últimos anos, também por via da crise. Mas, infelizmente, somos ainda dominados pelos esquemas, mais esquemas, raspadinhas e euromilhões. Felizmente, neste último aspecto, na última vez que fizemos as contas, parece que pelo menos o vício no Euromilhões estava a diminuir

Vem tudo isto a propósito dum estudo que a Standard & Poor’s fez a nível mundial sobre a literacia financeira. Segundo a definição deles, a literacia financeira é a capacidade de perceber como funciona o dinheiro no Mundo: como é que se ganha ou se consegue, como é que se gere, como é investido, ou como alguém o dá a outros para ajudar. Foram entrevistados 150 000 adultos em 148 países, e como eu imaginava, Portugal não se saiu bem.

Com 26% de literacia, somos um dos piores países da Europa, conforme se pode ver na imagem abaixo. Piores só países como a Albânia (14%), Arménia (18%), Kosovo (20%), Macedónia (21%), Roménia (22%) e a Turquia (24%):

Literacia Financeira Europa

Literacia Financeira Europa

Curiosamente, somos um outlier quando se faz a correlação entre estes dados e outros, nomeadamente nos resultados dos testes PISA, conforme se pode ver no gráfico abaixo. Tal resulta, segundo a S&P, de que a literacia financeira em Portugal é muito maior em adultos jovens, do que nos de maior idade. Um aspecto encorajador, mas que não pode esconder os enormes progressos que ainda temos de fazer neste domínio…

Literacia financeira vs resultados PISA

Literacia financeira vs resultados PISA

Poupar com medo e sem medo

Hoje é o dia Mundial da Poupança. Para o comemorar, vou transcrever na íntegra o editorial de ontem do Jornal de Negócios, da Helena Garrido:

Precisamos de poupar. Porque gastámos no passado o rendimento do presente – é isso que significa ter dívida. Porque a sociedade portuguesa está a envelhecer. Porque só através da poupança podemos garantir o desenvolvimento e a autonomia em relação aos credores. Mas estamos a poupar menos. Eis uma boa oportunidade para um governo actuar: adoptar medidas para incentivar a poupança. Infelizmente estamos em risco de assistir à terapia do consumo, exactamente aquilo que a economia não precisava neste momento.

O Dia Mundial da Poupança, que se assinala a 31 de Outubro, é a data certa para se identificarem as políticas que poderiam e deveriam ser adoptadas para evitar que se regresse irresponsavelmente à euforia do consumo. Literacia financeira e medidas que incentivem a poupança deveriam ser os dois pilares fundamentais dessa política.

É verdade que há muitas famílias que não conseguem poupar. O seu rendimento quase não chega para suportar as despesas básicas. Mas também é uma realidade, levando em conta o estudo da Deco, que algumas dessas famílias têm margem para fazerem uma gestão mais racional dos seus rendimentos. Gastar mais em telecomunicações do que em alimentação indicia uma distorção na hierarquia de valores.

Porque deve o Estado preocupar-se com a hierarquia de valores revelada pelas despesas? Exactamente porque contribui para uma sociedade mais desenvolvida, com maior capacidade crítica para realizar as escolhas de consumo e entre consumo e poupança. Há muito tempo que devíamos ter programas massificados de literacia financeira. Estamos melhor do que no passado, mas ainda longe do que se possa considerar bom.

Mais importante ainda são os sinais que dão as medidas adoptadas pelos governos. Passado o medo que nos fez poupar, deviam chegar agora incentivos à poupança e desincentivos ao consumo. Se, como parece ser cada vez mais provável, tivermos a aprovar legislação um governo liderado pelo PS com apoio à esquerda, vamos ter medidas que a economia portuguesa não precisava neste momento. Quando o medo passa, num país endividado e a envelhecer, é preciso incentivar a poupança sem medo. E não deitar gasolina na fogueira consumista que já começa a arder. Pela nossa parte estamos a fazer o nosso trabalho de serviço público, oferecendo aos nossos leitores um guia para gastar menos e poupar mais.

Funcionários públicos mais bem pagos dos EUA?

De vez em quando tropeçamos em dados/gráficos que nos deixam a pensar. E este é bastante sui-generis! Diz-nos quais são as profissões correspondentes aos funcionários públicos mais bem pagos dos EUA.

Se o leitor ainda não espreitou o gráfico abaixo, tente ainda advinhar quais são as profissões mais bem pagas, entre os funcionários públicos dos Estados Unidos?

Provavelmente vai ficar tão surpreendido como eu! É que na larga maioria dos Estados, foram os treinadores de desporto os mais bem pagos em 2013. O infográfico foi retirado deste artigo, onde se refere algumas razões para os valores tão elevados alcançados pelos treinadores. E para 2014, os valores actualizados estão disponíveis neste artigo.

Funcionários Públicos mais bem pagos dos EUA

Funcionários Públicos mais bem pagos dos EUA

Custo da Electricidade e Renováveis

Os custos da energia, e da electricidade em particular, são o que eu considero um dos factores determinantes para os problemas que temos tido na nossa Economia. Esta é uma visão empírica que tenho, e que se tem vindo a reforçar ao longo do tempo.

Enquanto a maioria das pessoas que eu conheço e que se queixam do preço da electricidade, tendem a culpar o Mexia, tendo a ter uma visão distinta. Da observação das facturas percebe-se que a maior fonte de geração de electricidade são as eólicas. Os especialistas apontam igualmente nesse sentido, e outros são ainda mais contundentes!

Há uma semana tropecei na Internet nuns gráficos muito interessantes, que observam uma correlação notável! Seguindo o fio da meada, há um artigo inicial sobre os custos da electricidade na Europa e a capacidade per-capita de renováveis instalada na Europa. Num artigo subsequente, correlacionam-se as duas variáveis num gráfico onde a correlação fica bastante evidente:

Correlação entre

Correlação entre preço da electricidade e capacidade de produção de renováveis

A análise já vai do outro lado do Atlântico, visando equacionar se a proposta recente do presidente Obama é exequível. Do lado de cá da Europa, há quem observe que a localização dos PIIGS no gráfico é curiosa:

Elec

Localização dos PIIGS na correlação

Estes gráficos reforçam o meu conhecimento empírico, mas não deixam de levantar algumas dúvidas. Nomeadamente, como os casos da Alemanha e Dinamarca não parecerem ser outliers. Por isso, e sabendo da importância que o custo da electricidade tem para as nossas famílias e empresas, seria realmente muito importante que os decisores meditassem sobre o impacto desta correlação, e como fazer diminuir o valor de x na equação da correlação…

Dívida Mundial

Nos últimos anos, temos todos ficado muito mais sensibilizados para a questão das dívidas dos países, nomeadamente do nosso. Infelizmente, como todos sabemos, temos uma das maiores dívidas mundiais, em função do PIB.

A dimensão das dívidas é todavia global! O site Visual Capitalist elaborou uma infografia interessante sobre o volume das dívidas mundiais, e que podemos ver na primeira imagem abaixo. Aí percebemos que a dívida portuguesa é 0.49% do total das dívidas nacionais do planeta. Para complementar, o mesmo site elaborou uma outra infografia, sobre a dimensão das Economias Globais, e visível mais abaixo. Aí Portugal já não aparece….

Dívida Mundial

Dívida Mundial

Economia Mundial

Economia Mundial

154º caramelo: o do trabalho na Alemanha e dos caramelos das crianças

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana comentamos um vídeo que o A.Sousa viu sobre o trabalho na Alemanha e como o cálculo da produtividade desse país é afetado pelo trabalho em horário parcial em que os trabalhadores em lugar de trabalharem 8 horas por dia, trabalham apenas metade desse tempo. Não confundir com trabalho temporário.

Terminamos a contar caramelos das crianças e como um pacote de 42 caramelos tem apenas 3 de morango.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do PouparMelhor está também no iTunes.

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