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Emigração

Nestes anos de crise, o tema da emigração foi sempre recorrente. Também conheço pessoas que partiram, há busca de uma vida melhor. Todavia, sempre que ouço referências a esta matéria, tenho alguns mixed-feelings… Porque muita da informação que anda por aí é contaminada politicamente. E acabamos sem saber qual é a realidade exacta…

O artigo que vi ontem na Bloomberg, tem um título respeitante à Grécia, mas os gráficos que mostra, também nos dizem respeito. O primeiro visível abaixo diz respeito à diferença entre as pessoas que saem e aquelas que entram. Um valor negativo evidencia mais emigração que imigração. Do gráfico sobressai o enorme impacto da emigração na Grécia, mas o nosso é igualmente muito substancial, sobretudo se condierarmos a nossa dimensão. Surpreendentemente, na Alemanha o saldo entre emigração e imigração é praticamente nulo, enquanto no Reino Unido o valor é surpreendentemente muito elevado! Os valores são relativos aos anos 2009-2014:

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Diferença entre trabalhadores a sair e a entrar

No outro gráfico abaixo, vemos qual a diferença na emigração antes e depois da crise. Os valores elevados da Alemanha respeitam à sua dimensão. Uma vez mais a Grécia surge mal colocada, mas nós não estamos muito diferentes, especialmente no rácio entre os que agora saem, e os que saíam antes, um domínio em que ambos os países lideram claramente!

antes e depois da crise

Emigração antes e depois da crise

Taxas de fertilidade na União Europeia

Num artigo do início da semana, referenciavamos um estudo efectuado na União Europeia, sobre o envelhecimento que se verifica. Um dos gráficos que nos deve marcar mais no estudo é relativo à taxa de fertilidade, ou seja do número de nascimentos por mulher.

O gráfico, visível abaixo, e na página 35 do relatório acima referenciado, evidencia que somos o país com taxa de fertilidade mais baixa da União, e assim nos manteremos nas próximas décadas:

Taxas fertilidade na União Europeia

Taxas fertilidade na União Europeia

Quando ouvimos os nossos políticos preocupados com a sustentabilidade da Segurança Social, é bom que tenham em atenção este gráfico. Porque sem mais nascimentos, estamos igualmente condenados. E embora seja uma boa nova observar que essa taxa vai subir, é óbvio que é preciso fazer algo mais… Como se pode ver por estes dados retirados do Google, o problema existe há já cerca de três décadas em Portugal:

Evolução da taxa de fertilidade em Portugal

Evolução da taxa de fertilidade em Portugal

Evolução das reformas

Nos últimos dias, têm sido muitas as notícias envolvendo a Segurança Social, e como manter a sustentabilidade no futuro. Muitas dessas notícias têm uma conotação política, e por isso muitas vezes não nos contam todas as verdades…

Sendo difícil obter informação isenta sobre esta temática a nível nacional, foi com agrado que me deparei com um relatório muito completo sobre o envelhecimento na Europa. As principais linhas advertem para que que nas próximas décadas, viveremos em princípio até mais tarde e teremos menos crianças. A proporção de trabalhadores a suportar os que estão reformados diminuirá para metade do que é hoje, em 2060. Com base nestes dados, temos alguns elementos que nos permitam perspectivar o que aí vem…

O relatório é muito extenso, com mais de 400 páginas, e por isso tem muita informação. Alguns menos bons, e outros piores. Que abordaremos em vários artigos. Um dos primeiros gráficos não é infelizmente nada promissor. Visível abaixo, verifica-se nele que o rácio entre o valor médio das pensões e o valor médio dos salários irá diminuir em todos os estados membros, excepto no Luxemburgo. O pior é que a expectativa de queda em Portugal, de cerca de 20%, é a segunda maior da União!

Evolução do rácio pensões/salários até 2060

Evolução do rácio pensões/salários até 2060

Bancos serão obrigados a cobrar juros negativos

Euribor a 6 meses perto de valores negativos

Euribor a 6 meses perto de valores negativos

As taxas de referência para os empréstimos da maioria dos portugueses está perto de atingir valores negativos. No indicador a 1 mês os valores já atingiram mesmo valores negativos. Em abril esta taxa esteve nos -0,022%.

Esta nota serve para alertar-nos a todos que a taxa em causa também pode disparar, caso a economia melhore o seu desempenho. Aqueles que estão agora a festejar não terem feito um empréstimo de taxa fixa devem por isso tomar precauções e orientar as suas opções para acomodar uma variação desta taxa no sentido contrário.

Classificação das Atividades Económicas

O CAE é a designação abreviada para a Classificação Portuguesa de Atividades Económicas. Já me tinha deparado com esta sigla várias vezes, quer em termos pessoais, quer profissionais. Foi no entanto quando me deparei com o problema das facturas no IRS que procurei um pouco mais sobre o tema.

O INE disponibiliza no seu site uma enumeração completa dos CAEs existentes. É possível consultá-los de várias formas, sendo mesmo possível pesquisar filtrando por código ou designação. É importante saber que esta categorização está harmonizada em termos estruturais e conceptuais com a Nomenclatura das Atividades Económicas da União Europeia (CAE-Rev.3) e com a Classificação das Atividades das Nações Unidas (CITA-Rev.4).

Outra ferramenta útil é o SICAE. É possível consultar os CAEs das empresas, procurando pela sua designação ou número de contribuinte. Podem-se tirar rapidamente dúvidas como aquelas que surgiram nas confusões do IRS, mas também no contexto da obtenção de informações sobre empresas… O SICAE, na zona das perguntas frequentes diz-nos ainda para que servem os CAEs. Ao nível da análise estatística, o código CAE permite:

  • Classificar e agrupar as unidades estatísticas produtores de bens e serviços (com ou sem fins lucrativos), segundo a atividade económica;
  • Organizar de forma coordenada e coerente, a informação estatística económico-social, por ramo de atividade económica, em diversos domínios (produção, emprego, energia, investimentos, etc.);
  • Comparar estatísticas a nível nacional, comunitário e mundial.

Ao nível das atividades económicas, o código CAE permite:

  • Registar as empresas e entidades equiparadas no ato de sua constituição;
  • Promover o licenciamento das atividades económicas;
  • Apoiar as políticas do Governo de incentivos às atividades económicas.

Imprimir notas

A impressão de notas é um tema que raramente é publicamente discutido. Por isso, não percebo muito do assunto. Mas, com o recente avanço do BCE na compra de dívida, em valores astronómicos, resolvi fazer alguma investigação por conta própria. Muita da leitura que vi por blogs, essencialmente políticos e económicos, vai no sentido de que isto corresponde basicamente à impressão de moeda, ie, de notas…

Essa ideia foi talvez sumarizada da forma mais surpreendente por Carvalho da Silva, no JN, que acha que descobri a solução com “Simples de mais para ser verdade?“. E a solução seria o BCE imprimir largas somas de dinheiro e distribuí-lo ao público“, e já agora depositá-lo directamente nas contas bancárias de todos os cidadãos!

Para termos ideia da dimensão do dinheiro que vai ser “criado”, partamos da noção que uma nota do euro terá aproximadamente 0.11 mm de espessura. Não consegui obter o valor exacto, pelo que vou utilizar esse valor. Nas notas usuais de 20€, 1 trilião de euros representa 5500 Kms de notas, sensivelmente a distância de Lisboa a Nova Iorque! Em notas de 500€, representa um conjunto destas notas alinhadas entre Lisboa e Aveiro…

A ideia de que isto resolve algum problema deixa-me siderado! Existem inúmeros exemplos históricos de como imprimir notas não resolve problema nenhum, sendo que me vem imediatamente à memória o exemplo do Zimbabwe. A espiral de impressão só parou quando se atingiu uma nota com 14 zeros. Reparem que se esta nota fosse expressa em euros, dava para fazer 100 planos como os do BCE, o que nos dá uma ideia de que ainda estamos muito longe do Zimbabwe:

nota triliao zimbabwe

Uma nota com muitos zeros…

O problema da impressão de notas tem uma expressão associada em inglês que dá pelo nome de seigniorage. Curiosamente, a expressão é explicada por um professor universitário americano, Jeffrey A. Frankel, com uma experiência vivida há muitos anos em Portugal:

  • It all started at the mid-point of my graduate studies at MIT. In 1976, Dick Eckaus and our other professors packed five of us — Krugman, three other classmates, and me — off to Portugal for a summer. I remember thinking, on the plane going over, “what do we know about advising a government?” The man we were to work for, Jose da Silva Lopes, Governor of the Central Bank, apparently thought the same thing, when we arrived in Lisbon and he saw how young we were. Eventually we proved, both to ourselves and to our host country, that we had something to offer after all.
    One story from that first experience at advising long ago stands me in good stead, every year when I need to explain to my students the concept of seignorage. We were living in hotels. At the end of the first month, we had to pay the bill. But for bureaucratic reasons, the wire transfers we were expecting had not yet come through. We apologetically explained our problem to the Governor. Responding “no problem,” he summoned an aide who took us to the basement where the printing presses were turning out the national currency. They counted out enough escudos to tide each of us over. I don’t know if the Bank of Portugal ran the printing presses for an extra few seconds that day; if so, it was truly seignorage.