O trabalho extraordinário é ou não fator de redução de produtividade? É ou não um fator do aumento de defeitos resultantes do nosso trabalho e da redução da nossa eficiência pessoal. Uns vão argumentar que não há valores quantitativos que permitam provar que exista um impacto direto nos trabalhadores e outros que isso reduz a capacidade de resposta do trabalhador logo nos dias a seguir.
Primeiro os conceitos a ter em conta, segundo a Wikipedia:
- A produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os factores de produção utilizados. A produção é definida como os bens produzidos(quantidade de produtos produzidos). Os factores de produção são definidos como sejam pessoas, máquinas, materiais e outros. Quanto maior for a relação entre a quantidade produzida por factores utilizados maior é a produtividade.
- Eficiência ou rendimento refere-se à relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados.
- A eficácia mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficaz é conseguir atingir um dado objectivo.
Neste video que estava destacado no Lifehacker o tema é apresentado em tom de brincadeira em modelo Ted Talk. O tom ajuda a manter o ambiente leve, mas se estiverem com atenção aos slides e seguirem o link que lá aparece podem ler o estudo que avaliou quantitativamente os impactos do trabalho extraordinário na construção civil. O estudo apresenta a conclusão retirada da análise ao resultado da recolha de dados durante 121 semanas de trabalho em vários projetos de construção.
A conclusão aponta para percas de eficiência com valores entre os 10% e os 15% para cada trabalhador que participou em horários de trabalho entre as 50 e 60 horas semanais. Estas conclusões foram consideradas válidas para projetos de construção em que a gestão determinou pelo aumento de horas para acelerar os resultados do projeto. Os efeitos desta decisão não são visiveis geralmente na primeira e segunda semana, mas posteriomente os resultados por trabalhador começam a variar com maior frequência sem que se possa apontar para outras variáveis como sendo causadoras dessa perda de produtividade.
A apresentação aponta também para uma questão económica a que chamaram a Lei dos rendimentos decrescentes. Isto não é nenhuma novidade para quem lida com os problemas da economia, mas aparentemente é ignorado por alguns agentes económicos, apontando-se outras razões como consequências dos problemas com a eficiência no local de trabalho.
A questão de chamarem “lei” a uma consequência fica para outra ocasião, mas a realidade é que o que se pretende explicar é a consequência de aumentar uma variável do trabalho. Se esta alteração não for acompanhada por outra variável como a técnica, então os resultados irão decrescer.
Pessoalmente defendo a cadência e previsibilidade dos horários de trabalho. Faço-o porque acredito que o meu corpo responde melhor aos horários de refeição e de sono estáveis, mas também porque gosto daquilo que faço depois do trabalho. O nosso dia só tem 24 horas e temos de os valorizar ao máximo. Trabalhar mais, dormir menos, comer fora de horas e puxar por nós ao máximo pode trazer-nos resultados espetaculares no imediato, mas como compensaremos os erros e defeitos que vamos provocar quando começarmos a fazê-lo por sistema?