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ERSE engana-nos outra vez!

Sinceramente, já estava à espera. É como no ano passado, e anteriores. A ERSE diz que a electricidade vai aumentar 2.8% para 2014, quando devia ser ao contrário, mas se fizer as contas para o seu caso, então provavelmente vai chegar à conclusão que é bem mais!

Para ver quanto sobe realmente a electricidade, para o caso do Mercado Regulado, é só confirmar no site da ERSE os valores para 2013 e 2014. Já vem em folha de cálculo e tudo! Este ano, eles baralharam as contas, começando de forma inteligente, oferecendo um pequeno rebuçado nos preços de potência, mas não para os mais necessitados!

kVA 2013 2014 %
1.15 2.36 2.43 2.97
2.3 4.14 4.26 2.90
3.45 5.61 4.64 -17.29
4.6 7.32 6.03 -17.62
5.75 9.00 7.42 -17.56
6.9 10.68 8.81 -17.51
10.35 15.71 12.96 -17.50
13.8 20.75 17.12 -17.49
17.25 25.78 21.28 -17.46
20.7 30.81 25.44 -17.43

Se têm uma potência inferior a 3.45 kVA, então o custo de potência vai aumentar! Se é como a grande maioria dos consumidores portugueses, então nesta vertente poupa entre quase um euro e mais de cinco euros…

O real problema é o custo da electricidade, ie. do kWh! Como se pode ver na tabela abaixo, o aumento é consistentemente superior a 8%!!!

2013
(>6.9 kVA)
2013
(<=6.9 kVA)
2014
(>6.9 kVA)
2014
(<=6.9 kVA)
%
(>6.9 kVA)
%
(<=6.9 kVA)
Tarifa Simples (<3.45 kVA)  0.1210 0.1317 8.84
Tarifa Simples (>=3.45 kVA) 0.1418 0.1405 0.1543 0.1528 8.82 8.75
Bi-horário Fora de Vazio 0.1674 0.1641 0.1821 0.1785 8.78 8.78
Vazio  0.0878  0.0870  0.0955  0.0946  8.77  8.74
Tri-horário Ponta  0.1899  0.1865  0.2066  0.2029  8.79  8.79
Cheias  0.1515  0.1483  0.1642  0.1613  8.38  8.77
Vazio  0.0878  0.0870  0.0955  0.0946  8.77  8.74

Note-se que todos levam um aumento no preço do kWh da electricidade entre 8% e 9%! No meu caso, com um consumo anual de 864 kWh em Vazio e 1424 kWh em Fora de Vazio, e com uma potência de 3.45 kVA, a subida no preço da electricidade pode ser facilmente calculado:

  • Potência 2013: 12 x 5.61 = 67.32 €
  • Electricidade 2013: (864 x 0.0870) + (1424 x 0.1641) = 308.85 €
  • Potência 2014: 12 x 4.64 = 55.68 €
  • Electricidade 2014: (864 x 0.0946) + (1424 x 0.1785) = 335.92 €

Assim sendo, enquanto em 2013 paguei 376.17 € (67.32+308.85), este ano irei pagar 391.60 € (55.68+335.92), o que corresponde a uma subida percentual de 4.10%. Tal representa, para mim, uma subida menor que a do ano anterior, mas ainda assim bastante superior à que a ERSE anuncia!

Aliás, olhando para os valores da ERSE, é fácil perceber quem fica a ganhar e a perder:

  • Ganha mais, quem tiver contador em casa mas não gastar electricidade, eg. emigrantes
  • A subida é menor para quem tem consumos baixos, e se aplica na poupança dos kWh
  • A subida é muito expressiva para quem consumir muitos kWh
  • Para os consumidores de potências mais baixas, normalmente os mais desfavorecidos, a subida é duplamente penalizante!

Consumo de energia e emprego

Energy consumed and number employed by Eugene Chudnovsky

Energy consumed and number employed by Eugene Chudnovsky

O A.Sousa enviou-me este artigo por causa da possível correlação entre o consumo de energia e o emprego. A ideia em si é interessante, embora fosse necessário mais uma investigação para perceber quem vinha primeiro: se o consumo de energia, se o emprego. O artigo é de um professor de física da Universidade de New York. A correlação indicada existirá, mas o racional é o do ovo e da galinha: cresce primeiro o investimento ou o custo da energia?

Fomos ver como se comportava o consumo de energia em Portugal através de uma análise rápida com os dados do Portada e o que saltava logo à vista era o comportamento deste consumo com a natalidade.

Consumo de energia e natalidade

Consumo de energia e natalidade

Poderá conjeturar-se que a natalidade ou o investimento poderão ter uma relação? Projetámos um gráfico com os dados da taxa de natalidade e do consumo da energia. Convenhamos que o frio que está afeta muito mais a natalidade que a televisão, ou por outro, a relação será inversa: mais frio e televisão será igual a menor natalidade. O investimento tem um comportamento que acompanha com alguma proximidade o mesmo movimento do consumo de energia e da natalidade, mas com uma tendência diferente no inicio do século XXI.

Energia, Natalidade e investimento

Energia, Natalidade e investimento

Portugal estava em crescimento no final do século XX, mas o gráfico mostra que entra no ano 2000 numa fase clara de redução do investimento enquanto o consumo de energia subia e a natalidade já demonstrava um fraco crescimento. Com conhecimentos de estatística mais aprofundados poderíamos confirmar se esta tendência expressa pelo gráfico poderia vir de uma relação direta entre o investimento e o consumo de energia.

Se tentarmos comparar estes dados com o custo de energia… e digo “tentarmos” por ser tarefa difícil a partir de algumas origens de dados… Então vamos ter um gráfico que torna ainda mais difícil a compreensão do funcionamento de certas decisões do ponto de vista da criação de investimento. Os dados são a tentativa possível de cruzamento dos dados do Pordata e da ERSE.

Energia, Natalidade, Investimento e custo de energia

Energia, Natalidade, Investimento e custo de energia

O gráfico, a partir dos dados possíveis, parece apontar para um custo da energia que se movimente no sentido oposto dos acontecimentos. Isto parece ilustrar como há coisas que não seguem lei nenhuma, muito menos a do mercado.

Electricidade vai descer???

Para onde vai, afinal?

Para onde vai, afinal?

Dentro dos próximos dias, como aconteceu no ano anterior, a ERSE vai confirmar a variação dos preços da electricidade para o próximo ano de 2014. A proposta que está em cima da mesa é aquela a que nos referimos neste artigo, e que indica que a descida do consumo é o segundo factor mais importante para que o preço aumente!

O problema desta argumentação da ERSE é que agora sabemos que o consumo tem vindo a aumentar nos últimos meses! A REN confirma isso preto no branco no último relatório mensal de Outubro:

“Em outubro o consumo de energia elétrica manteve a tendência de recuperação dos últimos meses, com um crescimento homólogo de 1.1%, 0.9% corrigindo os efeitos da temperatura e número de dias úteis. O consumo acumulado anual que no final do 1o semestre caía 1.7%, apresenta no final de outubro uma queda de apenas 0.4% ou 0.2% com correção dos efeitos de temperatura e dias úteis.”

Mas se olharmos para os dados mais recentes dos últimos dias, o incremento de consumo é brutal, sabendo-se do frio que grassa! Assim sendo, as próximas estatísticas mensais vão revelar uma recuperação ainda maior do consumo!

Como é fácil de perceber, a pergunta deste artigo é absolutamente retórica! A ERSE provavelmente ainda vai arranjar forma de nos dizer que os preços de 2014 vão subir, porque o consumo está a aumentar… É que para eles, o que interessa é o preço aumentar, mesmo sabendo que já pagamos a electricidade mais cara da Europa! Tudo o resto é apenas areia que nos atiram para os nossos olhos!

Mais um leilão de energia que correu mal

Leilão em Espanha

Leilão em Espanha

Depois de termos acompanhado as peripécias do leilão da DECO em Portugal, descobri ontem que em Espanha a coisa foi mais ou menos a mesma coisa. Ou ainda pior.

Li a notícia no site da Nergiza. Lá a DECO chama-se OCU. A iniciativa designou-se quiero pagar menos luz. Todas as grandes eléctricas se baldaram, com excepção da pequena Holaluz.com. A poupança, tal como cá, é ridícula!

Pelos vistos, também não será assim que a electricidade se poderá tornar mais barata. A coisa tem que ir lá por outras vias, e felizmente, também ontem, a Autoridade da Concorrência resolveu enviar uma recomendação ao Governo sobre a revisão dos CMEC. É um pequeno passo, pois olhando para os CIEG, há muitas mais recomendações a produzir…

Avaliando um contador de electricidade

Seguindo a técnica descrita neste artigo, avaliamos o nosso contador de electricidade cá em casa. O objectivo era saber quão exacto ele contava…

Para isso, em dois momentos distintos, ligamos lâmpadas e verificamos quanto contava o contador. O resultado é o gráfico abaixo, em que o eixo dos xx representa a potência calculada das lâmpadas, em watts, enquanto o eixo dos yy representa o valor determinado no contador, em watts/hora. A linha a azul representa a curva y=x, e e aí que idealmente os pontos obtidos se deviam situar. Acima dessa linha azul significa que o contador está a contar a mais, e a EDP a ganhar, enquanto abaixo da linha significa que somos nós que estamos a ser beneficiados…

Quanto contam as lâmpadas incandescentes?

Quanto contam as lâmpadas incandescentes?

Pela amostra que coligi, em dois momentos distintos, verifica-se que o contador beneficia-nos quando o consumo é mais elevado, o mesmo não acontecendo quando o consumo é baixo. O padrão parece ser claro, pelo que elaborei outro gráfico com o rácio entre a potência das lâmpadas e o consumo observado no contador. O resultado é o gráfico abaixo:

Rácio entre contador e lâmpadas

Rácio entre contador e lâmpadas

Aqui verifica-se que o erro de medida para consumos pequenos torna-se realmente significativo. Não quer isso dizer que não valha a pena ser poupadinho, ou mesmo desligar todos equipamentos… E é aqui que começa uma dúvida interessante: como é possível o primeiro gráfico convergir para 0, ou o segundo gráfico convergir para 1? É um assunto que continuaremos a abordar!

Electricidade mais cara da Europa

Numa semana em que a ERSE divulgou a subida no preço da electricidade para 2014, foi igualmente divulgado um estudo comparativo dos preços da electricidade e do gás na Europa. O estudo foi elaborado pela VaasaETT, uma consultora finalandesa, e está disponível para download neste link. É preciso todavia dizer que este estudo, como outros que já analisamos, empregam valores duvidosos, como o exemplo da página 11 do PDF, onde se diz que o preço do kWh em Portugal é de 0.2158 €, o que sabemos ser errado.

O gráfico mais deprimente do estudo é certamente o da página 26 do PDF, visível abaixo. Aqui constatamos que somos o País da Europa que mais paga pela electricidade, considerando a paridade do poder de compra. E estamos à frente, com uma grande margem:

Electricidade PPS

Custo da electricidade, considerando a paridade do poder de compra

Somos igualmente o País da Europa que gasta a maior percentagem do rendimento disponível das famílias na conta da electricidade:

Electricidade PPS

Conta da electricidade em função do rendimento disponível das famílias

No mercado liberalizado da energia, somos igualmente dos países da Europa onde menos compensa mudar de fornecedor:

Electricidade

Potencial poupança na mudança de comercializador de electricidade

O estudo tem muitos mais gráficos deprimentes para nós, Portugueses. Também analisa a vertente do gás natural, onde não estamos muito melhores. Enfim, mais uma prova provada de que o sector da energia em Portugal precisa de uma grande reviravolta…