Já falamos aqui várias vezes das tarifas bi-horário na electricidade. Todavia, nunca explicamos como é possível fazer as contas para descobrir se o bi-horário compensa efectivamente ou não.
Para iniciarmos esta análise de um ponto de vista matemático, temos que convencionar várias variáveis:
- x: Consumo de kWh em vazio
- y: Consumo de kWh em fora de vazio
- v: Valor do kWh em vazio
- f: Valor do kWh em fora de vazio
- s: Valor do kWh em tarifário simples
Utilizando esta convenção, podemos calcular os custos de consumo de energia num tarifário bi-horário e simples, c1 e c2, respectivamente, com as seguintes fórmulas.
- vx + fy = c1
- s(x + y) = c2
Acontece que são muitas variáveis. Sabemos que quando o consumo é todo em vazio, o tarifário bi-horário seria naturalmente o de menor custo, enquanto que quando o consumo é todo fora de vazio, o tarifário simples é o mais baixo. Algures a meio desse consumo, o custo será idêntico. Nesses casos, c1 será igual a c2. Vamos determinar quando isso acontece:
- vx + fy = s(x + y)
- vx + fy = sx + sy
- vx – sx = sy – fy
- (v – s)x = (s – f)y
- x/y = (s – f) / (v – s)
Encontramos assim o rácio que nos permite calcular quando os dois tarifários são iguais! Olhando as tarifas do mercado regulado do início de 2013, para potências inferiores a 6.9 kVA, podemos encontrar os seguintes valores:
- s = 0.1405 €
- f = 0.1641 €
- v = 0.0870 €
Destes valores resulta que
- x/y = (0.1405 – 0.1641) / (0.0870 – 0.1405)
- x/y = 0.4411
- x = 0.4411y
Isto significa que o bi-horário compensará sempre que o consumo em vazio represente mais de 0.4411 da quantidade de kWh consumidos fora de vazio. Mas isto é um rácio, que não se deve confundir em termos de percentagem.
Para obter a percentagem, vamos redefinir x e y, convencionando que
do que resulta
- 1 – y = 0.4411y
- 1 = 0.4411y + y
- 1 = 1.4411y
- y = 1 / 1.4411
- y = 0.6939
- x = 1 – y
- x = 0.3061
Podemos confirmar o rácio inicial:
- x/y = 0.3061/0.6939 = 0.4411
Para o bi-horário compensar, nestas circunstâncias (mercado regulado, início de 2013, para potências inferiores a 6.9 kVA), terá de ter um consumo de kWh em vazio superior a 30.61%. No nosso caso, a percentagem é actualmente de cerca de 37%, pelo que continua a compensar!