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41ª multa: a da multa que não existe no mercado de energia e dos preços nos escaparates

Podcast do Poupar Melhor

Nesta edição falamos da multa que não existe no mercado de energia e de como a desinformação levou muitas pessoas a pensarem que existia.

Falamos também dos preços nos escaparates e de como fazemos as compras da semana.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes.

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Valores mais precisos na escolha de um novo tarifário de electricidade

Uma dúvida que pode surgir facilmente quando utilizamos o simulador da ERSE para verificar qual a melhor oferta de electricidade no mercado liberalizado, é a de que valores vamos introduzir para efectuar uma simulação adequada. Se não recolhe os dados periodicamente, pode ser difícil a utilização do simulador, e simultaneamente ter uma certa garantia de que os valores reflectem fielmente os seus padrões de consumo.

Apesar dos múltiplos valores que recolho, entendi que a forma mais simples era utilizar os valores existentes nas próprias facturas da EDP. Como podem ver pela imagem abaixo, algumas vezes as leituras são efectuadas com exactamente um ano de diferença. Assim sendo, é fácil calcular um consumo anual de 864 kWh em Vazio e 1424 kWh em Fora de Vazio.

A inserção destes valores no simulador da ERSE, na secção “Consumos relativos a um ano” permite averiguar rapidamente a melhor oferta no mercado liberalizado para os consumos de cada um…

Exemplo de elituras EDP com um ano de diferença

Exemplo de elituras EDP com um ano de diferença

Bi-horário justifica-se cada vez menos

As tarifas bi-horárias têm uma longa história em Portugal. Segundo pudemos determinar, remonta pelo menos à Portaria nº 31-A/77. Já nessa Portaria se refere que “promovendo um bom aproveitamento dos recursos em energia e equipamento, associam-se os consumidores nas economias que eventualmente proporcionam, quando transferem os seus consumos para as horas de vazio ou aceitam desligar certos receptores nas horas de ponta.”.

Mais recentemente, segundo a Quercus, “as tarifas bi-horária e tri-horária pretendem suavizar os picos de consumo e aumentar o consumo no período nocturno”. Estas tarifas visam incentivar os consumidores a deslocarem parte do seu consumo para os períodos de menor consumo, até porque, ainda segundo a Quercus, “é durante a noite que se verifica, de longe, uma maior fracção de produção renovável, nomeadamente de origem eólica, que seria importante aproveitar”.

Entretanto, nós os consumidores aprendemos a transferir os nossos consumos para as horas de vazio, ou até aceitamos a desligar equipamentos eléctricos nas horas de ponta, alinhando-nos com os objetivos há mais de três décadas definidos. Muitos de nós investimos em equipamentos que nos ajudam nessa tarefa, sejam programadores, bombas de calor, ou outros muitos equipamentos que já incorporam a possibilidade de programar o consumo de electricidade nos momentos de menor procura. Até na justificação da venda de carros eléctricos foi utilizada…

Acontece ainda que a Directiva 2009/72/CE estabelece que “os Estados-Membros devem assegurar a implementação de sistemas de contadores inteligentes, os quais devem permitir a participação activa dos consumidores no mercado de comercialização de electricidade”. A mesma Directiva estabelece ainda que “pelo menos 80 % dos consumidores devem ser equipados com sistemas de contadores inteligentes até 2020”.

Todavia, o que se constata pela evolução das tarifas, é uma estratégia distinta. Utilizando as fórmulas que evidenciam se o bi-horário compensa, fomos verificar como tem sido a evolução da percentagem de consumo em vazio, que justifique a tarifa bi-horária. Para simplificação, consideramos apenas as tarifas desde início de 2010, quando os valores cobrados pela potência dos contadores se tornou idêntica entre a tarifa simples e o bi-horário.

O que se constata na tabela e imagem abaixo é desolador! Em 2010, bastava que 15% do consumo se verificasse no horário de vazio, para que o bi-horário se justificasse. Em 2011, essa percentagem subiu para cerca de 18%, e no ano seguinte para 22%. As tarifas reguladas do início deste ano exigem que se verifique 30% do consumo em vazio, para que o bi-horário se justifique, conforme já havíamos calculado neste artigo.

Estes cálculos comprovam um enigma que me perseguia há uns tempos. Sempre que fazia contas aos benefícios aos custos do bi-horário, eles pareciam cada vez menores… E são!

Tarifário Tarifa Simples
(s)
Tarifa Fora Vazio
(f)
Tarifa Vazio
(v)
x/y=
(s-f)/(v-s)
% em Vazio a partir do qual compensa bi-horário
Mercado Regulado 2010 0.1285 € 0.1382 € 0.0742 € 0.1786 15.16
Mercado Regulado 2011 0.1326 € 0.1448 € 0.0778 € 0.2226 18.21
Mercado Regulado 2012 0.1393 € 0.1551 € 0.0833 € 0.2821 22.01
EDP Verde Mai2012 0.1393 € 0.1551 € 0.0833 € 0.2821 22.01
EDP Verde Jan2013 = 6.90 kVA 0.1393 € 0.1551 € 0.0833 € 0.2821 22.01
EDP Verde Jan2013 >= 6.90 kVA 0.1424 € 0.1582 € 0.0864 € 0.2821 22.01
EDP Casa Mai2012 0.1365 € 0.1551 € 0.0833 € 0.3496 25.91
EDP Negócios Mai2012 0.1365 € 0.1551 € 0.0833 € 0.3496 25.91
EDP Casa Jan2013 <= 6.90 kVA 0.1365 € 0.1551 € 0.0833 € 0.3496 25.91
EDP Casa Jan2013 > 6.90 kVA 0.1396 € 0.1582 € 0.0864 € 0.3496 25.91
Mercado Regulado Jan2013 <= 6.90 kVA 0.1405 € 0.1641 € 0.087 € 0.4411 30.61
GALP ON Plano Confort Jan2013 <= 6.90 kVA 0.1377 € 0.1608 € 0.0853 € 0.4408 30.60
Mercado Regulado Jan2013 > 6.90 kVA 0.1418 € 0.1674 € 0.0878 € 0.4741 32.16
GALP ON Plano Confort Jan2013 > 6.90 kVA 0.139 € 0.1641 € 0.086 € 0.4736 32.14
Bi-horário justifica-se cada vez menos

Bi-horário justifica-se cada vez menos

40ª comparação: a do mercado de energia liberalizado e da redução das vantagens do bi-horário

Podcast do Poupar Melhor

Nesta edição falamos do mercado de energia liberalizado e de como podem rapidamente decidir mudar ou não do vosso atual prestador de energia elétrica e também de como realmente houve uma redução das vantagens de contratar tarifas o bi-horário contrariando as vantagens para todos se as usarmos.

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Detalhe sobre as ofertas do mercado liberalizado da electricidade e gás

Tarifas vistas à lupa

Tarifas vistas à lupa

A saga da mudança para o mercado liberalizado da electricidade continua. Agora, para o caso cá de casa, e consultando o simulador da ERSE a oferta bi-horária da EDP em mercado liberalizado já é uma oferta mais competitiva que a do mercado regulado, em cerca de 20 euros por ano. Mas este é o nosso caso, e sabendo que cada caso é um caso, não deixe de simular o seu…

Mas este artigo serve para referenciar um documento que a ERSE produziu com as ofertas de electricidade e gás natural, no mercado liberalizado, disponíveis a 18 de Janeiro. Este documento parece estar a ser constantemente actualizado, e enumera os “preços de referência no mercado liberalizado de energia elétrica e gás natural em Portugal continental”.

Mas mais importante que os preços, o documento realça as condicionantes das ofertas, e apresenta umas quantas observações sobre essas condições. Particularmente relevante parece ser o facto de os contratos de electricidade terem, em todos os comercializadores, pelo menos 12 meses.

Para além da liberalização do mercado da electricidade, é preciso não esquecer o do gás natural, e que o documento também referencia. Bem como as ofertas conjuntas de electricidade e gás natural. É, pois, um documento relevante para nos apoiar nesta difícil tomada de decisão…

Quando é que o bi-horário compensa?

Já falamos aqui várias vezes das tarifas bi-horário na electricidade. Todavia, nunca explicamos como é possível fazer as contas para descobrir se o bi-horário compensa efectivamente ou não.

Para iniciarmos esta análise de um ponto de vista matemático, temos que convencionar várias variáveis:

  • x: Consumo de kWh em vazio
  • y: Consumo de kWh em fora de vazio
  • v: Valor do kWh em vazio
  • f: Valor do kWh em fora de vazio
  • s: Valor do kWh em tarifário simples

Utilizando esta convenção, podemos calcular os custos de consumo de energia num tarifário bi-horário e simples, c1 e c2, respectivamente, com as seguintes fórmulas.

  • vx + fy = c1
  • s(x + y) = c2

Acontece que são muitas variáveis. Sabemos que quando o consumo é todo em vazio, o tarifário bi-horário seria naturalmente o de menor custo, enquanto que quando o consumo é todo fora de vazio, o tarifário simples é o mais baixo. Algures a meio desse consumo, o custo será idêntico. Nesses casos, c1 será igual a c2. Vamos determinar quando isso acontece:

  • vx + fy = s(x + y)
  • vx + fy = sx + sy
  • vxsxsy – fy
  • (vs)x = (sf)y
  • x/y = (sf) / (vs)

Encontramos assim o rácio que nos permite calcular quando os dois tarifários são iguais! Olhando as tarifas do mercado regulado do início de 2013, para potências inferiores a 6.9 kVA, podemos encontrar os seguintes valores:

  • s = 0.1405 €
  • f = 0.1641 €
  • v = 0.0870 €

Destes valores resulta que

  • x/y = (0.14050.1641) / (0.08700.1405)
  • x/y = 0.4411
  • x = 0.4411y

Isto significa que o bi-horário compensará sempre que o consumo em vazio represente mais de 0.4411 da quantidade de kWh consumidos fora de vazio. Mas isto é um rácio, que não se deve confundir em termos de percentagem.

Para obter a percentagem, vamos redefinir x e y, convencionando que

  • x + y = 1
  • x = 1 – y

do que resulta

  • 1 – y = 0.4411y
  • 1 = 0.4411y + y
  • 1 = 1.4411y
  • y = 1 / 1.4411
  • y = 0.6939
  • x = 1 – y
  • x = 0.3061

Podemos confirmar o rácio inicial:

  • x/y = 0.3061/0.6939 = 0.4411

Para o bi-horário compensar, nestas circunstâncias (mercado regulado, início de 2013, para potências inferiores a 6.9 kVA), terá de ter um consumo de kWh em vazio superior a 30.61%. No nosso caso, a percentagem é actualmente de cerca de 37%, pelo que continua a compensar!