Há pouco mais de uma semana, soube-se que um conjunto de gestores e empresários havia escrito uma carta ao Primeiro-Ministro, há pouco mais de um mês, a pedirem ao governo que efectuasse mais cortes no sector da energia. Um dos argumentos é muito claro, e já aqui referenciado no Poupar Melhor, mesmo antes do envio da carta: em Espanha, o corte foi a sério!
A carta parece ter sido particularmente forte, pois alegadamente acusa Passos Coelho de estar “seguramente mal informado” a propósito de uma entrevista que deu ao Diário Económico. Acrescentam ainda que “As afirmações do senhor Primeiro-Ministro correspondem à posição de interesses privados para justificar um dos maiores prejuízos infligidos à economia nacional”. Os autores da missiva referem-se ainda ao engrossar do défice tarifário, que permite mascarar tarifas de electricidade que deveriam ser ainda maiores, para cobrir os custos existentes!
Num complemento da carta, Mira Amaral, o primeiro signatário da carta, no mesmo artigo do i, refere que é necessário combater as rendas excessivas, nomeadamente no sector eólico e nos CMEC.
De um ponto de vista exterior, como é o meu, o veredicto é simples: se a EDP se queixou da quebra de lucros em Espanha é porque eles aplicaram cortes! Se não se queixam de Portugal, é porque em Portugal não houve cortes! Argumento semelhante é o da jornalista Elisabete Tavares, que vemos no vídeo abaixo, que também equaciona porque não baixa o preço da electricidade, se se apregoam cortes?
Ora, se o Governo diz que já não há rendas e ainda se vangloriam de números que não tem correspondência na vida real, e nos lucros da EDP, não é preciso muito inteligência para perceber onde está a razão…